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segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Primeiro perrengue

Pessoal, dando um salto no tempo, porque eu fiquei um bom tempo sem escrever no meu caderninho, vamos para mais um relato. Terão várias partes entre parênteses, que, como vocês já sabem, são comentários de hoje sobre o que eu escrevi lá atrás.

(Relato escrito em 05/08/2019): Lá se vão 5 meses que escrevi pela última vez. Neste tempo, eu dei aulas particulares de inglês, que duraram cerca de 2 meses e meio. Também dei treinos de futsal numa escola particular, que também não foram para a frente (mas que foi, capengando, até o final do semestre. O lugar onde morei foi um quarto dentro da casa da Rita Maria, uma jovem senhora, maluquinha, que morava sozinha. Ela, primeiro, estava alugando uma edícula nos fundos da casa, mas eu falei pra ela que procurava um lugar mobiliado e ela aceitou que eu ficasse dentro de sua casa. E não só isso, ela também mudou para um quarto menor e eu fiquei na suíte da casa, ao lado da cozinha e da sala de jantar. Na sala de estar, ela tinha um pequeno ateliê, onde passava praticamente todas as noites, quando chegava do serviço de assistente social, bem como os finais de semana. Ela simplesmente não parava de trabalhar. O aluguel deveria ser pago antes de entrar, então eu pagava o mês e ficava na casa).

No mês de Maio, passei por uma dificuldade financeira pesada com a falta de alunos de inglês (eu tinha começado o mês de março com 5 alunas, sendo que, uma delas, uma professora universitária do curso de Letras, fazia 4 aulas por semana; uma aluna universitária do curso de enfermagem, que fazia 4 aulas por mês, sendo 2 a cada 15 dias por conta do estágio da faculdade que ocupava suas tardes semana sim, semana não; a Eliene, que me hospedou e deu a ideia das aulas e que, por coincidência era a diretora do campus de Coxim da Universidade e mais uma garota universitária, que fazia 2 aulas por semana; além de uma amiga de São Paulo que fazia por vídeo-chamada. Logo no primeiro mês, em Abril, a Eliene e as duas garotas universitárias pararam com as aulas, me deixando apenas com a minha amiga de São Paulo e a professora do curso de Letras. 


Felizmente, no mês de Abril, eu consegui começar os treinos de futsal com as crianças da escola - aquela que eu fiquei parado no portão errado e fiquei conversando com a diretora, que relatei alguns posts atrás - onde tínhamos acertado que eu receberia por aluno. Quanto mais alunos treinando, mais eu receberia. A princípio, eram 2 treinos por semana, apenas dos menores, até 10 anos. Comecei com uma quantidade grande, com quase 25 meninos. Foi uma briga para conseguir trazer meninas para os treinos, tanto com pais como com a diretora. Escola com método de ensino moderno, mas com cabeça antiga. Duas semanas depois que os treinos começaram, começaram os treinos dos maiores, até 15 anos, mas a quantidade foi baixa. O máximo que consegui foram 7 garotos. Porém, juntando as aulas de inglês e os treinos de futsal, eu estava conseguindo me manter. Não sobrava, mas também não faltava. Até que chegou o mês de Maio, quando eu estava apenas com duas alunas de inglês e somente a turma dos pequenos no futsal, que diminuiu muito a quantidade, chegando a ter uma média de 9 por treino. Os grandes desanimaram pela baixa quantidade e não foram mais treinar. Por conta de todas estas baixas nos treinos e nas aulas de inglês, eu só consegui terminar de pagar o meu aluguel faltando dois dias para precisar pagar o mês de Junho. Praticamente, todo o dinheiro que entrava das aulas de inglês, que eu recebia por aula, servia para pagar uma parte do aluguel. A minha sorte, foi que a Rita não costumava comer arroz e tinha ganhado - ou comprado - para algum evento, um pacote de 5kg de arroz que estava praticamente inteiro. Por todo o mês de maio eu comi arroz com ovo, variando apenas a forma que o ovo era feito - mexido, frito, cozido, omelete sem recheio, etc - acompanhado de tomate cereja, tirado do pé que ela tinha no quintal de casa. Também tinha um pé de acerola e eu vivia fazendo suco. Aliás, pelo grande tempo livre que eu tinha, eu me incumbia de regar os pés todos os dias, sem pressa. Tanto para passar o tempo, como para continuar tendo tomate e acerola. Na janta, eu inventava ou copiava receitas baratas que via na internet e/ou no youtube). 


Quando eu já estava desanimado ao extremo, surgiu uma equipe feminina no futsal, o que me animou, por ser uma nova experiência (eu já havia treinado algumas meninas no meu tempo de trabalho com futebol, mas nunca uma equipe inteira feminina). Esta equipe durou exatamente 1 treino. No que era pra ser o segundo, das 10 meninas que tinham aparecido no primeiro, apenas 3 voltaram. (Neste mês de Maio, minha mãe começou a ter aulas por vídeo-chamada comigo, mas era apenas um pretexto para me mandar dinheiro. Não que eu não estivesse precisando... Me ajudou bastante. Em Junho, minha aluna de São Paulo também parou e acabei ficando só com uma aluna e 8 alunos no futsal. Porém, esta aluna era a professora de Letras, que fazia 4 aulas por semana, e eu não podia perdê-la de jeito nenhum. Mas, mesmo assim, o mês foi mais tranquilo, pois eu trabalhei na festa junina da escola e deu uma estabilizada nas finanças).

Eu ficava o dia todo mofando em casa, esperando dar a hora de ir pro treino ou ir jogar bola (segunda, quarta e sexta, na escola, tinha um pessoal que jogava lá. O dono da escola não cobrava de mim para jogar lá, então eu marcava presença todos os dias que tinha jogo. Quando não tinha, procurava outro lugar para poder jogar). Sem dinheiro, sem amigos, estava sem vontade de fazer qualquer coisa (o que me salvava, era o fato de ter muitas árvores frutíferas ao redor e por ter um rio próximo, o que fazia com que muitos pássaros visitassem a região. Tucanos, araras, sabiás, periquitos, papagaios, etc). Um dia, meus pais me disseram que viriam me visitar nas férias de Julho. Eu não ficava tão ansioso assim fazia muito tempo. Nem sabia que eu ainda conseguia ficar ansioso por alguma coisa. (Comecei a fazer vários planos, fazer um roteiro de tour pelos lugares onde já havia passado que achei que valia a pena eles conhecerem. Pela Rita ter mudado de quarto e ido para o quarto menor, havia espaço no meu para receber meus pais).

Nesta foto tem um tucano, mas foi tirada com meu celular barato e tá ruim. É só pra vocês verem porque eu não tenho tantas fotos nos posts, principalmente boas.

Continua no próximo post.

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