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quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

A volta à cidade que "não tem o que fazer"

Começo o post de hoje com algumas fotos de Bonito e região que não tinha colocado ainda aqui no blog. Na sequência vem a história.




Arara vermelha em seu ninho no Buraco das Araras, em Jardim-MS





Por quase todo o tempo em que morei em Bonito, meu "plano" era ir a Corumbá e seguir para a Bolívia. Inclusive, era isso que eu dizia para todos que iria fazer. Porém, como aprendi e como já falei aqui no blog, planos mudam!

No meu último dia em Bonito, eu procurava uma carona para ir a Campo Grande de maneira mais barata e rápida do que de ônibus ou van. O problema é que eu tinha uma bicicleta que tinha comprado para me deslocar em Bonito (a usei para trabalhar e até para ir a alguns passeios. Ela era bem simples, servia só para deslocamento na cidade mesmo. O uso para passeios foi exigência demais de minha parte, me deixando na mão inclusive em um destes passeios. Era um sábado de manhã que eu tinha livre pois iria trabalhar apenas tarde e noite, e resolvi fazer um passeio próximo e curto. O que eu não contava, era que uma peça de dentro do guidão iria quebrar, fazendo com que o guidão ficasse "solto" e eu não conseguisse controlar mais. Tive de empurrar a bike por aproximadamente 10km e cheguei 1:30 atrasado. Por causa disso, deixei ela encostada algum tempo pois imaginei que ficaria muito caro o conserto, e não estava disposto a gastar em uma bike comum que iria me desfazer logo. Algum tempo depois resolvi ir atrás do conserto, e descobri que ficaria R$6,00 para trocar uma pecinha de nada que prendia o guidão), e nenhum motorista tinha como levar a bike. O jeito foi ir de ônibus, pois a van também não tinha como levar. Do mesmo jeito que cheguei em Bonito, fui embora.

Meu destino era Campo Grande, pois os planos haviam mudado, e conto agora como mudaram. Quando saí da agência, no dia 31/07/18, no dia seguinte comecei a trabalhar como intérprete ainda morando em Bonito. Fiquei até o dia 10/08/18 lá. Este primeiro trabalho como intérprete se deu em Campo Grande. Eu deveria receber uma família no aeroporto, levá-los ao hotel e voltar com eles a Bonito no dia seguinte para fazermos os passeios e voltar a Campo Grande após o término dos passeios para levá-los novamente ao hotel e ao aeroporto. Nesta segunda vez em Campo Grande (já havia passado por lá antes de ir a Bonito), quando fui para receber a família, dormi no mesmo hostel que havia ficado antes, o Hostel Orla Morena. Ao chegar no hostel, a dona do local se lembrou de mim, e eu achei isso surpreendente, pois havia passado por lá 5 meses antes. Fiquei apenas uma noite, pois na manhã seguinte voltaria a Bonito.

Após a realização dos passeios, voltamos à capital para levá-los ao hotel e ao aeroporto em seguida. O vôo estava marcado para 2h da manhã e chegamos no hotel às 16h. Como não havia almoçado, fiquei no shopping para comer alguma coisa. Lá, comecei a procurar uma alternativa de hospedagem nos aplicativos variados, ou apenas um passatempo até dar a hora de ir ao aeroporto. Não consegui nenhum dos dois, mas fiquei sabendo de um show de stand-up comedy com humoristas locais que aconteceria num bar próximo e resolvi ir até lá dar umas risadas e tomar uma cerveja. Mas só uma mesmo, pois iria trabalhar em algumas horas. Foram 3 humoristas que se apresentaram: o primeiro era um radialista que tinha idealizado o negócio. Foi razoavelmente engraçado, mas não foi stand-up. Contou anedotas e piadas fechadas, no estilo Ary Toledo; o segundo foi HORRÍVEL!!!! Contou histórias "engraçadas" (que não tiveram graça nenhuma), e ainda descobri depois que ele havia copiado TODO o texto de um comediante da televisão. HORROROSO; o terceiro foi o melhor de todos, tanto em ser engraçado, quanto em fazer stand-up comedy de verdade.

Eu estava sentado sozinho em uma mesa com 6 lugares, porém eram 3 de costas ao palco e 3 olhando para o palco. Eu estava encostado na parede. Enquanto o segundo "comediante" se apresentava, um homem sentou-se na cadeira da ponta, no corredor do bar. Este homem era o terceiro a se apresentar e se levantou quando chegou sua vez, deixando desocupada novamente a cadeira. Foi aí que uma mulher se sentou. Eu vou tomar a liberdade de dizer qual foi o primeiro pensamento que me veio à mente, pois eu já disse isso a ela: ela era uma ruiva, com cabelo bem curtinho, tipo channel, com blusa verde e um cachecol ou echarpe ou sei lá o que ao redor do pescoço; me lembrou muito a minha avó, que se vestia mais ou menos assim e também era ruiva de cabelo curto. É verdade que eu olhei de relance, não havia prestado muita atenção, mas foi o que pensei. Porém, este pensamento logo passou, assim que eu me levantei para ir ao banheiro e a olhei melhor. Ao voltar do banheiro, começamos a conversar. Terminou o show, fomos para uma "boate" onde uma banda local tocava. Acabei conseguindo uma hospedagem, por alguns dias inclusive. Dada a hora de buscar a família no hotel e levá-los ao aeroporto, fomos e voltei para lá em seguida.

Graças à possibilidade de continuar indo a Bonito e Pantanal como intérprete de inglês e por ter conhecido uma mulher interessante, decidi passar algum tempo em Campo Grande, mudando completamente os planos. Porém, esta volta a Campo Grande foi determinante para a sequência dos acontecimentos em minha vida.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Série atrativos de Bonito e região, parte 11 e final.

Hoje vou falar sobre o último passeio que visitei enquanto ainda estava trabalhando na agência e, consequentemente, encerro o capítulo "Bonito-MS" da minha vida. O passeio é o Rio do Peixe. Eu tive a sorte de fazer novamente o passeio este ano, acompanhando um casal de estadunidenses. Na verdade, eu os convenci a fazer o passeio. Valeu a pena para eles e valeu muito a pena para mim, pois eu pude tomar banho de cachoeira e eles me mandaram as fotos que eles tiraram com câmera de qualidade, pois meu celular já estava nas últimas quando visitei pela primeira vez. Portanto, as fotos que vocês verão neste post são todas deste casal, porém eu estava junto.

Este passeio é um que ocupa o dia inteiro; ele é dividido em duas partes, pois possui cachoeiras em duas direções opostas na fazenda. Antes do passeio começar, ainda no receptivo, o visitante tem a oportunidade de brincar e tirar fotos/fazer vídeos com as amigáveis araras-azuis que lá residem. Também é possível encontrar as araras-vermelhas e as araras-canindé, mas estas são menos amigáveis e mais desconfiadas, não permitindo ser tocadas ou muita proximidade. Aconselho a todos segurarem as araras, porém é preciso tomar cuidado com óculos, brincos, botões, colares, binóculos e qualquer outro acessório que possa estar usando, pois elas são curiosas e destrutivas com poderosos bicos mordedores. Não há perigo de lesão, contanto que não coloque a mão/dedo em suas bocas.

Arara-vermelha comendo sementes e frutas pelo chão


Uma das araras-azul que moram lá. A distância era para preservar meu óculos, que quebraram uma semana depois.


3 araras-azul na foto.

Já sem o óculos, pude deixá-la chegar mais perto.

Arara-canindé que também aparece por lá ocasionalmente.

O passeio começa atravessando o pasto que tem de frente para a casa onde fica o receptivo. Logo chegamos ao início da trilha que vai nos levar às tão esperadas cachoeiras existentes no Rio Olaria, porém o guia nos "engana", e passamos direto por elas sem parar para banho, apenas alguns minutos para fotos, até chegarmos na "Elefante" (ou cabeça-de-elefante, um dos dois). Nela fizemos nossa primeira parada para banho. Uma cachoeira deliciosa, com uma mini gruta atrás da queda, com lugar para se apoiar e até sentar nas pedras. Ela possui um poço bem legal para banho, com uma parte um pouco mais funda. Para os que não possuem muita habilidade na água, existe uma corda de apoio para se puxar até a gruta. Como estava meio frio, as pessoas estavam meio tímidas de entrarem. Um cara lá, que também fazia o passeio, entrou logo atrás de mim e me disse que, se eu não entrasse, ele também não entraria. Não consigo entender esta timidez/medo social... Se quer entrar, entre!!!

É possível ver (com um pouco de esforço e imaginação) uma cabeça de elefante formada nas rochas atrás da água que cai sem parar.

Continuando a trilha, chegamos - após passar por uma bela corredeira ao lado esquerdo da ponte e por dois trechos de banho no rio, mas apenas passando, pois o banho seria apenas na volta - à última cachoeira do passeio pela manhã. Esta cachoeira é o encontro dos rios Olaria e do Peixe. A plataforma de caminhada leva até a cara da cachoeira, a aproximadamente 5m acima do nível da água. Nesta plataforma, os corajosos têm oportunidade de saltar em direção à cachoeira e cair em um poço mais ou menos circular, quase isolado do resto do rio, não fosse por uma pequena abertura entre as rochas que conectasse esta água ao leito do rio. Apesar de já ter pulado da primeira vez que fui, fiquei com receio e frio na barriga novamente. E, admito, com medo de pular. Até demorei algum tempo para cair na água. Precisei da "ajuda" de um menininho estadunidense que também estava no passeio (com outra família, não junto do casal que eu estava trabalhando de intérprete) que fez uma contagem regressiva para mim.



Após passar algum tempo na plataforma de saltos, chegou a hora de voltar e passar por uma das cachoeiras mais bonitas; ela não é uma queda, é uma corredeira, mas é toda enfeitada de belas flores ao redor e com muito verde. Não tem um poço de banho, mas é possível chegar até ela pelas pedras.

Por ser muito raso, é ótimo para crianças brincarem

Próxima parada era banho no leito do rio. Águas calmas, cristalinas e cheias de Piraputangas esperando comida que os turistas costumeiramente jogam (apenas ração que pode ser adquirida no receptivo do passeio). Tem uma pequena queda d'água um pouco afastada da plataforma construída até o leito do rio, mas é possível chegar nela com apenas um pouco de esforço, pois a água é realmente bem tranquila. Este é um momento para apenas relaxar na água, brincar com os peixes e nadar mais livremente, com bastante espaço para ir e voltar. Uma delícia.

Todo este espaço de rio para curtir livremente (até que o guia chame para ir embora)

Corredeira da parada anterior ao fundo

Piraputangas se juntando para comer a ração jogada pelos turistas

Água cristaliníssima e um peixe lindo (e delicioso também)

Após algum tempo nadando por lá, chegou a hora de voltar. Nossa caminhada nos leva de volta aos dois primeiros pontos de parada para foto que não tomamos banho: uma pequena cachoeira e um espaço grande de rio onde tem uma tirolesa para se jogar na água. Lógico que eu fui um dos primeiros, senão o primeiro, a cair na água. Os outros foram seguindo após mim. Não tenho fotos deste trecho, porém tenho algumas fotos de belezas encontradas pelo caminho.


Se não me engano, este é o pássaro conhecido como "Alma-de-gato"


Como este passeio é dividido em duas partes, que ocupam o dia inteiro, o almoço está incluso no valor do passeio. Ao voltarmos para o receptivo, fomos recebidos pelos ariscos e malandros macaquinhos que aparecem na hora do rango, prontos para tentar roubar alguma coisa para beliscar. O restaurante precisa ficar o tempo todo com a porta fechada, pois, qualquer descuido, um dos bichinhos entra e sai correndo carregando alguma coisa para comer. O almoço no Rio do Peixe é conhecido como "o melhor almoço de todos os passeios", e não é sem motivo; um buffet enorme com várias opções de salada e várias opções de comidas quentes que te fazem ficar em dúvida do que pegar para comer, pois ninguém consegue comer tudo! Sem contar com as também várias opções de sobremesa disponíveis. É para se acabar de comer e deitar no redário até a hora de sair para a segunda parte do passeio.

Os ladrõezinhos safados!!!

Só na espreita...

Após um belo almoço, com várias sobremesas e o descanso no redário, chega a hora de partir para a segunda parte do passeio. Essa parte é mais curta, são apenas 3 paradas para banho, sendo duas cachoeiras pequenas e mais uma tirolesa, um pouco mais alta que a primeira. Eu, infelizmente, não tenho fotos desta segunda parte, pois, como falei no início do post, meu celular já não prestava mais para fotos e na segunda vez que fui, como intérprete, o casal que eu acompanhei decidiu ir embora após o almoço. Para eles já estava suficiente. Porém eu aconselho irem no passeio todo. Tanto porque é agradável e divertido, como porque você tem mais chances de ver animais passeando por ali.

Como o casal decidiu ir embora, fomos. Eles estavam hospedados em um hotel afastado da cidade, "no mato", na margem do Rio Formoso, o principal rio da cidade. Eles deram muita sorte de encontrar pelo caminho um tamanduá-bandeira e uma anta. Conseguimos chegar razoavelmente próximos a eles e foi muito agradável.


Conseguimos chegar próximos ao tamanduá-bandeira



A anta é um animal muito estranho...

Mutum-preto, pássaro que convive com os humanos na área aberta do hotel onde estava hospedado o casal estadunidense

Chega ao fim meu tempo e minhas experiências em Bonito. Teve muita coisa que aconteceu em 5 meses. Coisas boas e ruins, conheci pessoas que estão comigo até hoje e conheci pessoas que passaram e não ficaram. Conheci pessoas que foram importantes por algum tempo e logo perderam a importância que tinham. Mas a vida é assim: cheia de altos e baixos, "vais-e-vem", idas e vindas... Tudo passa, menos uva passa. É tudo passageiro, menos cobrador e motorista. "No caminho, apesar dos buracos", como diz um amigo meu. Obrigado a todos que conheci em Bonito, obrigado Bonito Way pela oportunidade que me deram, obrigado aos amigos que ficaram e aos que foram, obrigado também aos que deixaram de ser amigos. Melhor sem vocês do que com. 

Fiquem atentos para a próxima série, que será uma "mini-série", comparada a esta. Menos capítulos, mas não menos intensos.