Escrito em Setembro/2016.
Muito já se falou sobre a situação
de estar sozinho na multidão e não pretendo discorrer sobre o assunto, nem
discutir conceitos. Porém, isso tem acontecido comigo neste momento. Forçado
pelos acontecimentos recentes, precisei mudar-me de casa, onde passei os
melhores 17 meses da minha vida. Vivendo agora os piores 7 meses da minha vida,
estou há 5 morando com outras duas pessoas, que se tornaram 3 há dois meses, quando
mais um se mudou para cá.
Apesar de serem pessoas que eu já
conhecia e já havia tido algum contato prévio, por menor que tenha sido,
sinto-me estranho neste ambiente, que não é meu. Mesmo sendo, o último a se
mudar para cá, um amigo que frequentava “nossa” – que nem minha é mais – casa e
nós frequentávamos a dele. Estou sozinho em um apartamento de 2 quartos com 4
pessoas residindo nele.
Passo meus dias e noites sem
companhia, sem ter alguém para conversar, compartilhar, rir, chorar, abraçar.
Não tenho ninguém para contar sobre o dia ou para ouvir sobre o dia. Somos 4
indivíduos que compartilham o mesmo espaço. Ou, pior, sinto que eu sou o
solitário. Frequentemente os outros estão saindo juntos, compartilhando
refeições, vivendo...
Não sei dizer se isso é uma
defesa deles, para não precisarem lidar com alguém que sofre e, assim, não
sofrerem junto; não sei se acham que já fizeram o suficiente quando me chamaram
para morar com eles; não sei se a culpa é minha por passar a impressão de que
não quero fazer parte.
A verdade é que me dói. Me dói
pois reafirma, a cada dia que passo em casa com outra pessoa presente, mas
ausente, fechada em seu quarto, a cada saída entre eles, a cada coisa que fazem
juntos, que eu estou sozinho. Que não tenho ninguém para ser. Que eu tinha e já
não tenho. Que eu tinha e me foi arrancada violenta e cruelmente.
Minha vida agora é passado. Já
não sou mais eu quem vivo. Ninguém vive.
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