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quinta-feira, 15 de abril de 2021

Primavera do Leste

12/09/2019: Quinta. Fiz marmita no café da manhã, que serviu para as outras duas refeições do dia, mais lanche, mais uma maçã que sobrou. Fiz valer a pena a estadia, mas saí à caça de outra hospedagem. Na igreja, o padre não estava, só à tarde estaria. Fui na prefeitura, mas as secretarias também funcionavam só à tarde. Fui, então, a outra igreja e, adivinha? Só à tarde. Voltei pro hotel, juntei minhas coisas e saí. Fui ao corpo de bombeiros e não recebi autorização para ficar lá. Fui a vários postos de gasolina e nada. Voltei à igreja, mas, nada do padre. Só estava o seminarista. Ele me falou que tinha albergue na cidade e me indicou onde ir para ver a possibilidade de ficar lá. Fui ao local indicado e descobri que o albergue fica 12km longe da cidade. Com as regras de horário de chegada e proibição de saída aos fins de semana, achei melhor não usar esta carta ainda. Voltei em outra igreja e, finalmente, achei um padre. Tudo bem que a ajuda dele foi apenas fazer uma carta para um dono de hotel pedindo desconto, mas pelo menos tentou. Aí, comecei a procurar outro hotel mais barato. Achei um que era R$10,00 mais barato e resolvi mudar, mas parecia que o café da manhã seria simples e não daria para fazer marmita. Só vou saber amanhã.

13/09/2019: Sexta. Eu estava certo sobre o café. Pão, margarina e bolachas. Só consegui pegar algumas bolachas para mais tarde. A única coisa que fiz no dia foi lavar roupa e, de noite, fui para o festival de comida de rua. Tirando os hambúrgueres, os preços eram absurdos. R$10,00 por um churro, R$10,00 por um pastel, R$15,00 por um churrasco grego (algo que em São Paulo é 2 reais e ainda vem um refresco incluso)!!!!! Cedi à tentação e paguei R$15,00 num hambúrguer (que estava até barato, por ser artesanal em um festival) e R$5,00 em um chope de 300ml, que nem puro malte era. O puro malte era R$10,00.

Abertura do festival. Música, parquinho para crianças e um visual incrível com a lagoa municipal ao fundo.

14/09/2019: Sábado. Finalmente me convenci a comprar uma barraca. O principal fator para a escolha seria caber na bagagem. Encontrei uma por um preço bom, que consegui encaixar e comprei. O problema foi que não comprei colchonete ou saco de dormir, nem nada do tipo. Rodei pela cidade à procura de um lugar gramado que tivesse segurança para a bike. Até achei, mas a pessoa não me deu certeza se eu poderia ficar. Então, vim para um posto de gasolina muito grande, na saída da cidade, cercado por grades, cheio de caminhões e com vigia. Estendi minhas roupas no chão da barraca depois de apanhar para conseguir montá-la (era a primeira vez que eu montava uma, em toda a minha vida). Joguei as toalhas por cima e dormi do melhor jeito que pude. Eu até joguei a lona por cima da barraca, mas não aguentei o calor e deixei a porta da lona aberta, para ventilar. Minhas coisas todas dentro da barraca comigo e, do lado de fora, a Frankenstina presa com cadeado e com todas as cordas que tenho. Dormi razoavelmente bem, considerando o "colchão" no asfalto duro e a preocupação com a Frankenstina.

Consegui montar. A toalha por cima das roupas no asfalto duro. Tão duro quanto a minha noite de sono

15/09/2019: Passei o dia todo no posto (eu não tinha onde guardar minhas coisas e não ia procurar emprego com a bicicleta montada). Não sabia, mas tem uma sala com tv, tomada e wi-fi para os caminhoneiros. Só na hora do almoço que notei. Fui para lá carregar o celular e tirar um cochilo no sofá. Ainda assisti a um jogo à noite. Na hora de dormir, armei a barraca em um gramado para ver se melhoraria, se ficaria mais fofo.

16/09/2019: Não ficou mais fofo!! Não muda nada, ou quase nada. Porém, consegui um couchsurfing e vou pra lá no final da tarde. Um descanso para minhas costas e tranquilidade com a Frankenstina. Enquanto isso, fui imprimir currículos para entregar por aí. Hoje foi o dia das escolas de inglês. Só achei 3 e fui em todas. De tarde, fiquei juntando minhas coisas para a mudança.

Continua no próximo post.

domingo, 4 de abril de 2021

"Serra Verde" e até logo Barra do Garças

10/09/2019: Terça. Haviam me falado de algumas cachoeiras localizadas a 35 ou 40km da cidade. Duas delas são separadas, entre si, por 1km e, uma outra, uns 17km para a frente. Acordei disposto a conhecer as três e já aproveitar para ver como era a estrada que me levaria ao próximo destino (muitas pessoas haviam me recomendado não ir embora de bicicleta, pois a estrada que eu iria pegar, não tinha acostamento, era recheada de curvas e passavam muitos caminhões, o que aumentaria consideravelmente o perigo e o risco de acidentes). Levantei, tomei café e, 7h30, estava pronto para sair. Quando peguei a Frankenstina, vi que meu pneu novo, dianteiro, estava furado. Lá vai eu, então, trocar a câmara. E era só isso que eu iria fazer, para não perder tempo. Porém, a câmara reserva que peguei também estava furada. Acho que furou dentro da mochila. Aí, eu fiquei com raiva e decidi remendar as duas. 1h30 depois, eu saí. 

A estrada é boa até o aeroporto, uns 12km de onde eu estava. Depois, não tem mais asfalto no acostamento. Em vários momentos, inclusive, o terreno é em declive lateral (inclinado em descida, da estrada para o mato, o que dificulta, e muito, pedalar). Constatei que, realmente, não seria bom eu ir pedalando. Porém, apesar das dificuldades, cheguei lá. A primeira cachoeira, Paraíso, não era, de fato, cachoeira. Era composto por 3 corredeiras, que formavam alguns poços para banho. A beleza fica por conta das formações rochosas esburacadas, onde você podia descer ao rio e passar por túneis de pedra. Depois do pedal, foi uma delícia mergulhar lá. 

Morro pelo caminho

Trilha pelo cerrado

Primeiro ponto para banho

Vista de cima do local da foto anterior





Na segunda, Água Limpa, eu me apaixonei. Cachoeira linda, com água bem clara e parede rochosa em todo o redor, formando um "U". Infelizmente, a terceira, Cristal, estava fechada. Mas, pelo menos, eu descobri antes de ir até lá e não perdi tempo indo até lá.

No caminho para a segunda parada


Quando cheguei, estava esta mulher tirando um cochilo com este periquito pousado em sua mão. E ela nem aí

Cachoeira maravilhosa


Na volta, o fim do dia. Cheguei na cidade já de noite

11/09/2019: Quarta. Dia de mudança novamente. Saí do corpo de bombeiros e fui até o albergue, tentar ficar lá mais alguns dias. Cheguei lá e o coordenador me falou que estava lotado. Mentiu na minha cara, mas tudo bem. Perguntei se poderia conseguir uma passagem de ônibus (que é um dos serviços dos assistentes sociais de albergues), mas nem isso ele quis fazer (deu a desculpa que eu precisaria estar alojado). Fiquei matutando sobre o que fazer até a hora do almoço, quando decidi que iria embora. Fui me despedir da Telma e ganhei um pedaço de bolo, torta de chocolate e uma rosquinha. Fui, então, para a rodoviária. Só tinha ônibus às 18h e ainda era 14h. Resolvi esperar ali mesmo e mudei meu destino: eu iria direto para Chapada dos Guimarães, mas decidi ir até Primavera do Leste (nesta época, o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães estava com um dos piores incêndios da história. Tanto a cidade de Chapada dos Guimarães, como, principalmente, Cuiabá, estavam tomadas pelas cinzas e por fumaça. O Parque fica entre as duas cidades e afetou a ambas. Além disso, já haviam me indicado ir a Primavera do Leste, para conhecer a Lagoa Encantada, que fica em uma fazenda da cidade). 

Quando o ônibus chegou, com uma hora de atraso, o bagageiro estava lotado, e não deixaram eu colocar a Frankenstina. Depois de um pouco de briga, tive meu dinheiro devolvido e fiquei esperando o próximo ônibus, de outra companhia. A passagem era mais cara e o ônibus chegava só às 22h e ainda tinha a possibilidade de a bike não caber novamente. Porém, às 20h30 mais ou menos, um ônibus, que tinha como destino Primavera do Leste, encostou na rodoviária com apenas 3 passageiros e o bagageiro vazio. Conversei com o motorista e ele aceitou embarcar a bicicleta. O agente da companhia, me disse para fazer rápido o embarque, pois aquele ônibus não tinha autorização para embarcar ali, apenas para desembarcar. Minha passagem saiu com origem de uma cidade de Goiás e ainda saiu mais barato do que as duas que tinha comprado antes. 

Neste momento do embarque, meu celular estava descarregado e não tinha nenhuma tomada na rodoviária, apenas nas salas vips das companhias, na lanchonete (que não deixava usar) e no guarda-volumes, que cobrava R$2,00 para carregar o celular, o que me recusei a pagar. No ônibus, tinha tomada USB, mas não funcionava. Numa parada no meio do caminho, desci apenas para carregar um pouco. Menos de 5min carregando e acabou a luz do lugar. Ai, ai... Ainda fiquei lá, enquanto o motorista jantava, esperando ver se voltava a luz para carregar mais um pouco. Não voltou. Cheguei às 23h40 em Primavera do Leste e comecei a ir atrás de hotel. Passei por 5, próximos à rodoviária, que estavam todos lotados, até que encontrei um com vaga, onde pude carregar o celular e dormir.

sexta-feira, 2 de abril de 2021

Parque estadual da Serra Azul

Post de hoje vai ter mais fotos do que texto. Pra quem não gosta muito de ler, é perfeito. Lembrando que as partes entre parênteses são comentários de hoje sobre o que eu escrevi no caderninho lá atrás.

07/09/2019: Sábado. A manhã foi de faxina. Depois do almoço, fui à Cachoeira da Usina com a Telma. Subimos um pouco da trilha (desta vez, para o lado certo), mas logo paramos e voltamos (fomos somente até uma pequena queda, acima da tal Cachoeira da Usina). Voltei, então, para assistir ao jogo do Brasil.

Início da trilha das cachoeiras


Vista da cidade no começo da trilha

Cerrado sobrevivendo à época seca sem incêndios


Pela época do ano, as cachoeiras com muito pouca água, por ser próximo do auge da seca

Banhistas na Cachoeira da Usina. Água geladérrima, do jeito que deve ser!!!


08/09/2019: Domingo. Dia foi puxado. Dei um descanso para a Frankenstina, muito por causa dos pneus que estavam bem carecas, e fui andar. Fiz toda a trilha das cachoeiras e segui andando até descer pela escadaria do "Cristo". Foram 11 cachoeiras e 3 corredeiras. O caminho todo, com as paradas para banho, durou umas 4h. Encontrei o chileno em uma das cachoeiras. (Em alguns pontos da trilha, existem "estações". Eu tirei foto das placas de informação sobre o tema principal da estação. A placa virá imediatamente antes da cachoeira a que se refere, mas, não necessariamente, a curiosidade será sobre a queda).

Primeira parada da trilha, logo acima da cachoeira da Usina.


A única cachoeira que sei o nome. Vista de cima da Cachoeira do Playmobil. Só não me pergunte o motivo de ser este o nome. De todas, é a que mais tinha água para nadar. Foi a mais gostosa

Cachoeira do Playmobil




Informações sobre o ponto da cachoeira abaixo

Vista de cima da cachoeira da foto seguinte


Vista pela trilha


Informações sobre a cachoeira da foto abaixo






Buriti, ao qual a placa informativa acima se refere




Poço onde são encontrados os peixes descritos acima


Chegando ao final da trilha, no mirante do Cristo, com esta visão espetacular. Infelizmente, não consegui chegar antes do sol baixar completamente

À esquerda, após o Rio Araguaia: cidade de Aragarças-GO. No centro, entre os rios Araguaia e Garças, a cidade de Pontal do Araguaia-MT. Abaixo, a cidade de Barra do Garças-MT

O "Cristo Redentor" de Barra do Garças

Barra do Garças, após o pôr-do-sol

09/09/2019: Segunda. Saí da casa onde estava hospedado. Fui até o corpo de bombeiros do centro tentar hospedagem, mas me mandaram para outro, na saída da cidade. Cheguei lá e recebi a notícia de que o tenente responsável só chegaria às 13h. Fui, então, almoçar e dar um tempo. Voltei ao quartel e conversei com o tenente, que autorizou minha estadia até dia 11 pela manhã. Eu poderia ter tentado encontrar o presidente do clube, mas seria quase impossível (segunda-feira normalmente é a folga dos clubes profissionais) e deixei para lá. Estava começando a me convencer a ir embora.

(Em algum dia destes que relatei aqui, que não lembro exatamente qual, eu ganhei um par de pneus novos, zerados, do dono da casa onde eu comi a peixada, que relatei alguns posts atrás. Estava precisando mesmo. Muito obrigado, Tairone).