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terça-feira, 29 de junho de 2021

Minha vida em Primavera do Leste

Antes do post de hoje, seguem mais fotos da minha ida a Barra do Garças, acompanhado do meu irmão e da minha cunhada. Após as fotos, seguimos com a programação normal. Lembrando que as partes entre parênteses são comentários de hoje sobre o que escrevi no caderninho lá atrás.

Caminhando pela cidade, na praça central


É NATAL (mas era Novembro ainda)


Ainda testando o zoom, fotografando o Cristo da praça

Curicaca (Theristicus caudatus. Obrigado wikiaves.com.br pelo nome científico. O nome comum eu já sabia)

Visita ao Parque municipal das Águas quentes


Além dos toboáguas, possui 5 piscinas e um "rio", com água das piscinas, chamado de "Córrego da preguiça", que passa por todo o parque, sendo tudo isso usando águas termais (com temperaturas variando entre 31 e 43ºC)


Na volta (andando) de nossa visita ao Parque das Águas Quentes


Xexéu (Cacicus cela. Conhecido no MT como Japuíra. Obrigado wikiaves.com.br)


Porto do Baé, em Barra do Garças, às margens do Rio Araguaia


Uma amiga, moradora da cidade, me falou que tem Botos neste trecho do rio, mas não vimos nenhum.

Cachoeira ao lado da Pé da Serra, que vem direto de dentro da rocha

Cachoeira Pé da Serra

23/02/2020: Domingo. Mais de 4 meses sem relatar nada da viagem, pois a viagem está em pausa, apesar de estar cansado daqui (Primavera do Leste) faz tempo. Fui para São Paulo em dezembro e voltei no começo de janeiro para voltar a trabalhar. Hoje, vejo que poderia ter ficado mais tempo em São Paulo, pois quase não estou dando aula e estou recebendo apenas o suficiente para não morrer de fome. Isto porque "completei a renda" entregando panfletos de divulgação da escola (se não fossem os panfletos entregues, eu não sei como teria conseguido me manter. Os meses de janeiro e fevereiro foram bem difíceis pela renda baixa e eu precisei pegar adiantamento de salário em ambos os meses para poder me manter). Esta semana, fui a Rondonópolis pela primeira vez, para um treinamento da franquia da escola (onde eu aprendi, enfim, qual o método de ensino da escola). Pareceu uma cidade comum, mas é uma das maiores do estado, com pouco mais de 200 mil habitantes (de acordo com o wikipedia, 236 mil. 

Tenho passado meus dias assistindo séries, filmes, esportes e vídeos no youtube, agora com uma tela maior e áudio mais alto, pois minha mãe me emprestou seu tablet antigo, que estava parado. Também estou jogando basquete, treinando inclusive, apesar de ter diminuído a quantidade nas últimas semanas, pois não estava conseguindo descansar direito (eu costumava jogar apenas no final de semana, sábado e domingo. Quando comecei a treinar, passou para segunda, quarta, sábado e domingo. Algo em torno de duas semanas depois eu parei de jogar aos domingos para descansar. Estou ficando velho. Eu treinava apenas para me manter ativo fisicamente, fazendo algo que gosto, e para me entrosar mais com o pessoal da cidade, mas não deu muito certo a segunda parte. Até conheci algumas outras pessoas e conversei um pouco mais, mas nada mais profundo a ponto de virar uma amizade).

Porém, o motivo de escrever hoje, é pela data. Eu estava tranquilo, até ver que dia era. Ignorância é uma benção. Minha mente viajou e logo questionamentos surgiram. Me lembrei de coisas que me doeram.

(Primavera do Leste é uma cidade com muito dinheiro, apesar do dinheiro estar concentrado em uma pequena parte da população. Por ser prioritariamente agrícola, a economia gira em torno de lavouras. A maioria dos meus alunos era de pessoas que trabalhavam com agricultura, sejam técnicos em agronomia, mecânicos, empresários de indústrias ligadas ao setor ou, até mesmo, fazendeiros. Porém, existe uma enorme disparidade social na cidade. Duas rodovias separam a cidade entre a parte rica e a pobre. Também existem aqueles que acham que são ricos, que possuem algum status, mas estão inseridos na classe média. Por ter muito dinheiro, a cidade é bem organizada, bem arrumada, limpa, bem cuidada, mas somente no centro e nos bairros ricos. Nos bairros "além-rodovia", as ruas são esburacadas, as praças abandonadas, os equipamentos enferrujados, as calçadas quebradas e cheias de mato e assim por diante. Também existe muito preconceito por parte dos ricos e daqueles que acham que são ricos - afinal, existem fazendeiros bilionários; qualquer coisa abaixo de milionário, não é rico naquela cidade.)

(Por ser uma cidade que possui muito dinheiro, é uma cidade que vive de aparências. Muito status, muita máscara. Todos os alunos sabiam que eu estava viajando de bicicleta. Era até um assunto em algumas aulas. Porém, eles não podiam "ver". No primeiro dia que fui trabalhar - em setembro/2019 -, eu havia prendido minha bicicleta ao corrimão da rampa de acesso à escola, como todos os alunos fazem. Nisso, uma pessoa da escola veio me pedir para prender em outro lugar. Afinal, minha bicicleta não custou milhares de reais e, para piorar, tinha uma caixa de feira no bagageiro traseiro. O que as pessoas iriam pensar se vissem uma bicicleta dessas na frente da escola??? Procurei outro lugar e prendi no canteiro central da avenida, embaixo de uma árvore. O que até foi bom, pois protegia do sol fortíssimo do MT e das chuvas que já caíam a partir de Setembro.)

(Em março/2020, finalmente começaram as aulas regulares. Estava tudo ótimo, escola cheia, trabalhando 25h/semana, bons prognósticos de salário para comprar as coisas que queria/precisava e guardar dinheiro para ir embora. Até que, no meio do mês - após duas semanas de aula -, a escola fecha por causa da pandemia de Covid-19. Bom, seriam só duas semanas, daria pra aguentar. Aí, as duas semanas viraram um mês e, depois, tempo indeterminado. No mês de abril, pensei seriamente em ir embora da cidade, seguir minha viagem, mas não adiantava nada ir embora, pois todas as cidades vizinhas estavam na mesma situação de isolamento social e quarentena. Não daria nem para trabalhar, nem fazer muitos passeios/turistar. Resolvi ficar e esperar.)

Continua no próximo post.

terça-feira, 1 de junho de 2021

Ficando em Primavera do Leste e... mais Barra do Garças

Como eu já falei alguns posts atrás, de tempos em tempos eu faço uma pausa nas minhas viagens para trabalhar em alguma cidade, a fim de guardar dinheiro e seguir viajando. Neste post, vou falar sobre mais um exemplo de tempos assim. Lembrando que as partes entre parênteses são comentários de hoje sobre o que escrevi no meu caderninho lá atrás.
 
17/09/2019: Terça. Que delícia dormir em um colchão, sem me preocupar com as coisas e com a Frankenstina!!! Tão bom que até fiquei na preguiça de manhã. Lavei um pouco de roupa e saí no final da tarde, para ir nas escolinhas de futebol, que funcionam a partir das 16h. Talvez pelo calor e estão certas. Só achei duas, mas só consegui entregar em uma. Na outra, o responsável não estava. Uma escola de inglês me chamou para uma entrevista amanhã.

18/09/2019: Quarta. A entrevista foi muito boa. Bem descontraída e promissora. Depois, consegui encontrar o responsável pela outra escolinha, mas não foi nada promissor, desta vez. Também fui duas vezes numa academia por indicação do Pedro, o dono da casa onde eu estou hospedado, mas não encontrei a pessoa que deveria.

19/09/2019: Quinta. Hoje foi dia de procurar nas agências de viagem e nos hotéis. Em uma das agências, me passaram dois contatos de agências que estavam contratando. A pessoa da primeira agencia disse que estava no hospital, com o irmão, e retornaria segunda-feira. A outra, passou meu contato para a pessoa responsável pelas contratações (que, na verdade, era uma empresa de RH contratada para fazer as admissões). Possibilidades são várias. A escola de inglês que fiz a entrevista, me chamou para voltar amanhã para apresentar uma proposta. Depois, remarcou para depois de amanhã, pois já tinha outro compromisso amanhã.

(Dando um salto no tempo, porque não escrevi nada neste intervalo e nada de interessante, que vale a pena ser relatado, aconteceu)

12/10/2019: Quase um mês sem escrever, mas, também, sem nada de relevante para contar, exceto que consegui o emprego na escola de inglês, no dia do meu aniversário. Pelo menos algo para comemorar, apesar de sozinho e sem dinheiro. O trabalho é tranquilo e paga bem. Falei que ficaria, a princípio, até o fim do ano, apesar do pessoal já querer que eu fique mais tempo. Talvez eu acabe ficando mesmo. Estou querendo/precisando comprar algumas coisas, como outro celular, câmera digital, de preferência GoPro ou similar, lanterna pra bike, fazer check-up (revisão) nela antes de ir e gostaria também de voltar à Barra do Garças para fazer os passeios pagos que não fiz quando lá estava (porque não tinha dinheiro pra isso. Também queria comprar um notebook, mas não consegui).

(Os primeiros meses em Primavera do Leste foram bem difíceis. O pouco dinheiro que eu tinha, eu gastei para comprar a barraca e comer. Após sair da casa do Pedro, aonde fiquei quase uma semana - graças a uma viagem que ele fez, permitindo que eu ficasse em sua casa enquanto ele estava fora -, eu voltei para o posto de gasolina na saída da cidade, mesmo após já ter começado a trabalhar. Eu deixava as minhas coisas num depósito da escola e só levava comigo uma muda de roupas e coisas de higiene pessoal para tomar banho, além da barraca, colchonete - que eu havia comprado - e minhas duas toalhas, uma para me enxugar após o banho e a outra para fazer de travesseiro ou para forrar o colchonete - tanto para aumentar a "grossura", o que não resolvia nada, como para preservar um pouco mais. Foi assim por duas semanas, até que o dono da escola me adiantou uma parte do meu salário, para que eu pudesse alugar uma kitnet mobiliada e me mudar para lá, fora outros adiantamentos que peguei para comprar comida. Aliás, salário que eu só passei a receber, porque uma das professoras pediu demissão após eu entrar e eles ficaram desfalcados. Até então, eu estava em treinamento, dando apenas algumas aulas "bônus", que são extras, de sexta-feira, que eram só de meia hora, apenas para tirar dúvidas e afins. Como eu precisei começar logo, não deu pra fazer o treinamento apropriadamente, então eu meio que dava as aulas do melhor jeito que eu achava que deveria ser, sem saber exatamente como era o método da escola. Até novembro, meu salário tinha servido apenas para cobrir o rombo dos vários adiantamentos que peguei e cobrir as despesas. Além do que, também em novembro, eu comprei uma câmera semi-profissional do dono da escola. Ele a estava vendendo por R$600,00, em duas vezes - a primeira sendo descontada apenas em dezembro -, após ter usado duas ou três vezes e não ter se agradado dela. No final do mês 11, meu irmão e minha cunhada vieram me visitar e os levei à Barra do Garças, fazendo com que eu gastasse um pouco mais. A minha situação financeira só foi estabilizar em dezembro, quando recebi o primeiro salário completo, Mas, dezembro também foi quando tive a brilhante ideia de ir a São Paulo, visitar minha família e passar o fim de ano, voltando no começo de Janeiro para voltar as aulas, além de ter feito mais uma tatuagem. Resultado: voltei para o Mato Grosso pobre novamente. A seguir, as fotos do primeiro dia de minha segunda visita a Barra do Garças, as primeiras com uma câmera de alto nível. Aliás, aproveitei esta viagem para ir testando e conhecendo a câmera).

Cruzando a ponte sobre o Rio Garças

Cruzando a ponte sobre o Rio Araguaia. O encontro das águas abaixo do morro e o começo da praia à direita

Meu irmão e minha cunhada. As pontes são altas assim, tanto pela possibilidade de navegação do rio, quanto pelo aumento do nível de água, na época das chuvas

Fim de dia tomando banho em rio de água morna

Pescador à beira do rio, garantindo seu jantar. Esta foto foi, na verdade, para testar o zoom da câmera

Casal feliz


Praia só pra nós




Mais um teste do zoom da câmera. Foto do Cristo de Barra do Garças, tirada da praia do Rio Araguaia