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quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Série atrativos de Bonito e região, parte 08

Depois de algum tempo sem postar por dificuldades técnicas, estou de volta e volto a falar sobre o tempo que passei em Bonito. Como prometido no Instagram (@pedalador_de_historias) e no Facebook (Pedalador de histórias), vou falar sobre outro passeio de cachoeira que visitei, mas que tem muito mais do que só as cachoeiras. Hoje vou falar sobre a Ceita Corê.

Em Tupi-Guarani, Ceita Corê significa "terra de meus filhos". Como a quase totalidade dos passeios, é uma propriedade particular que abriu suas portas para a atividade do turismo. A chegada acontece ao lado de um lago maravilhoso de águas cristalinas que é ligado a uma piscina lateral construída para uso dos visitantes que podem nadar numa piscina com peixes que vem pra piscina junto da água do lago. Este lago é alimentado pela principal atração do passeio, que falarei mais tarde. De frente para o lago está a casa onde fica a recepção e o restaurante onde é servido o almoço (incluso no preço do passeio). Foi construída uma plataforma acima do lago para tirar fotos e pode contemplar o lago mais "a fundo" (tum tum tss).

Lago e plataforma

Após fazer o cadastro e passear um pouco para apreciar o receptivo "mais charmoso", o que é verdade, chegou a hora de juntar o grupo pra iniciarmos a trilha. O guia passou as instruções e informações e partimos. A trilha é bem fácil, sem muitas subidas e descidas.  Passamos por uma ponte suspensa e chegamos até o outro lado do "mini cânion" por onde o rio Chapena passa para seguirmos o caminho até as cachoeiras. Em nossa primeira parada tem uma cachoeira muito gostosa. As cachoeiras deste passeio não são tão altas, mas isto não tira a beleza e "gostosura" do lugar. Logo ao chegarmos, fomos recebidos por uma moradora local que nos deixou receosos para seguir. Alguns - eu incluso - aguardaram um pouco ela decidir o que fazer, se iria ou se ficaria bloqueando a passagem. Por fim, ela se foi e pudemos desfrutar da água que cai sem parar.

A moradora local

Primeira cachoeira

Gruta atrás da cachoeira

Massagem relaxante. Deliciosa!!!

São 6 cachoeiras no total, mas dois pontos do passeio me chamaram mais a atenção: o primeiro é uma cachoeira baixa, mais baixa que eu, mas que está numa parte bem larga e um tanto funda do rio, que é perfeita para nadar e apreciar a queda no meio do rio. A segunda é a cachoeira mais alta do passeio, que esconde uma reentrancia na rocha, por onde é possível ficar atrás da queda, porém dentro da água. Não tem gruta, apenas um recuo rochoso

Chegando na "Cachoeira da reentrancia" (batizada por mim, não lembro o nome real)

Descansando após atravessar o rio a nado e aproveitando pra contemplar aquela maravilha diante de mim enquanto a guia não me chamava para voltar e podermos seguir

Chegada na reentrancia atrás da cortina de água que visão especial

Agua verde esmeralda, um tom lindo. Só não é cristalina pela movimentação constante da água pelas quedas

Vista frontal da "cachoeira da reentrancia"

Seguem aqui outras fotos de outros pontos do passeio




Depois de tantos lugares espetaculares com paisagens de tirar o fôlego, de nadar e tomar banho em todos os pontos, atravessar rio e voltar, caminhar na trilha indo e voltando, a fome apertava e muito. Chegou a hora então de voltarmos. Bem na hora de voltarmos, na última parada ainda, eu senti um cheiro muito forte, como se fosse carniça misturada com "força". Fiquei aguardando aparecer um lobo-guará ou uma onça-parda na minha frente ou no meio do mato, mas não apareceu nada; ou meus olhos destreinados não tenham percebido. Uma pena. Mas tenho certeza de que havia algum animal grande por perto.

O almoço estava delicioso (comida eu não esqueço). Comida de fazenda num buffet com bastante variedade para repor as energias pois ainda havia a "parte principal" do passeio. Entre aspas porque é o diferencial, mas nada bate as cachoeiras. Após um tempo de siesta, a guia nos reuniu novamente para nos levar até a nascente Chapeninha. Ela nada mais é do que um buraco com aproximadamente 1,5m de diâmetro por onde brota água de dentro da terra em uma caverna subterrânea que possui, pelo menos, 155m de profundidade. Esta foi a profundidade máxima alcançada por um mergulhador na nascente. Aliás, a prática de mergulho com cilindro era uma das opções de atividades turísticas no local, mas foi interrompida após a morte de um mergulhador. Esta nascente alimenta o lago no receptivo e continua seu curso formando o rio Chapena. Apesar de não haver mais mergulho com cilindro, é possível fazer apneia (mergulhar apenas com o ar preso no pulmão) até onde conseguir. A guia levou alguns óculos de snorkel para emprestar a quem quisesse descer. O dia após o almoço ficou fechado, parecendo que iria chover e um pouco frio, então poucos se arriscaram a entrar na água. Eu, lógico, que entrei. E fui o único que arriscou descer. Após o "túnel" redondo que é visível de fora pela cristalinidade da água, tem um salão com aproximadamente 3m de altura e de largura, quase quadrado com alguns peixes pequenos e uma abertura ao fundo por onde a caverna continua descendo terra adentro. Eu desci umas 8 vezes, sempre tentando ir um pouco mais longe ou, no mínimo, ficar mais tempo memorizando o salão abaixo da superfície. Eu só parei de descer, pois na última vez me acabou o fôlego ainda na descida e, como o espaço é bem estreito, foi difícil girar para subir. Foi aí que a guia sugeriu que já estava bom. Hehehe. Neste salão a visibilidade é baixa pois entra pouca luz vindo de fora. Eu tentei filmar o salão mas a camera não captou o que os meus olhos captaram. Deixo-vos, então, apenas com a "vista aérea" da nascente. Valeu pessoal. Até a próxima.

Vista de cima da nascente

Uma das minhas descidas, filmada por um colega do grupo

domingo, 20 de outubro de 2019

Série atrativos de Bonito e região, parte 07

Começo o post de hoje falando sobre uma coisa que eu imaginava que faria falta pra quem lê o blog e que algumas pessoas me perguntaram sobre, que são os valores dos passeios que relato aqui. Eu não coloco os valores por um simples motivo: eles já mudaram duas ou três vezes desde quando eu saí de lá e não saberia dizer quanto custam hoje. Eu saí de Bonito em Agosto de 2018, mas antes de haver o reajuste para o segundo semestre. Ainda acredito que teve reajuste em janeiro deste ano e em agosto novamente. Então gente, não digo o que não sei. Porém, procurem a agência que trabalhei, a Bonito Way, que eles podem te ajudar com tudo: passeios, hospedagem, transporte hotel-atrativo-hotel e também aeroporto-hotel-aeroporto, seja do aeroporto de Bonito, seja do de Campo Grande. Também podem ajudar com passagem aérea se precisarem. Serviço completo oferecido.

Sobre o passeio que vou dizer hoje, já adianto que as fotos são de baixa qualidade, por dois motivos: é uma caverna com muito pouca iluminação (só tem uma lâmpada e ela está posicionada apenas no local de troca de roupa) e o meu celular não tinha uma câmera tão boa. Portanto, as fotos não fazem jus ao MELHOR PASSEIO DE BONITO E REGIÃO!!! Estou falando do Abismo Anhumas.

O Abismo Anhumas é uma caverna subterrânea, encontrada por acaso após um incêndio que revelou duas aberturas no solo que pareciam não ter fundo. O único meio de entrada e saída da caverna é por um rapel de 72m, salvo engano. O rapel é realizado pela menor das aberturas. É um buraco de mais ou menos 4 ou 5m de diâmetro "ovalado", não redondo. A abertura maior tem um mirante no nível do solo e é por onde entra a pouca iluminação externa, que ilumina uns 30% do total da caverna, apenas.

Minha ida ao Abismo Anhumas foi devido a outro "fã tour". (Eu explico o que é fã tour neste post https://pedaladordehistorias.blogspot.com/2019/09/serie-atrativos-de-bonito-e-regiao_24.html?m=1). Foram 3 datas liberadas e eu fui "escalado" para a última. No meu "grupo", não foi ninguém de carro, e eu precisei fazer os 27km (25km do centro até lá + 2km até onde eu morava) com a minha bicicleta simplezinha. Eu, nesta época, não estava acostumado a andar distâncias maiores do que 8km, quando chegava a tudo isso, então eu separei duas horas para ir. Eu precisava ir por três motivos: 1- era pra isso que estava lá, fazer passeios; 2- é o passeio mais caro de todos e o que possui o menor número de vagas diárias, então seria muito difícil conseguir fazê-lo em outro momento; 3- minha gerente fez um puta terrorismo em todos, dizendo que quem desse o nome e não fosse ficaria 6 meses sem fazer passeio (bjo Grazi).

Saí de casa às 4:50 da manhã. A ida até que foi tranquila para quem não estava acostumado com esta distância, principalmente quando 23 dos 27km eram em estrada de terra. Não tive nenhum problema para ir, não cansei tanto quanto achei que iria, mas eu cometi alguns erros por falta de experiência. Não levei nada pra comer e, o principal, nem água. Cheguei lá às 7 em ponto, horário marcado para chegada, e deitei no banco para recuperar as forças. Os guias me deram um pouco de água e tereré e isso ajudou.

Preparado para descer de rapel

Eu fui o primeiro a descer, o que eu recomendo a todos, pois você tem tempo para desfrutar da imensidão e "surrealidade" do local enquanto aguarda os outros membros do grupo descerem. A descida começa, como falei, pelo buraco menor. Você olha pra baixo e, igual ao outro rapel que fiz que descrevi no post anterior a este, você olha pra baixo e só vê abismo, com a diferença de que, neste passeio, não tem portinhola, é só buraco no solo rochoso com um abismo literal. No "chão" da caverna, não tem chão, mas sim um lago onde o passeio é realizado. Da entrada do rapel, é possível ver a água do lago devido ao segundo buraco por onde entra um pouco de luz. O lago se estende por toda a extensão da caverna, que é do tamanho de um campo de futebol, exceto por um pequeno pedaço ao fundo, onde existe uma parte seca que é de acesso proibido pela fragilidade rochosa. O lago possui mais de 80m de profundidade e está registrado no livro dos recordes por comportar os maiores "cones rochosos" (formações rochosas similares a estalagmites, ou propriamente estalagmites, sou leigo no assunto. Pode até ser que sejam estalactites e eu esteja falando besteira) do mundo.

O início da descida se dá cercado por parede de pedra em todo o redor por volta de 5 ou 6m. Depois destes metros iniciais, a parede se afasta gradativamente dos lados direito e atrás (olhando para o fundo da caverna), repentinamente do lado esquerdo e acaba na sua frente, se juntando ao teto da caverna, abrindo a visão para o enorme salão que se abre a sua frente, te fazendo acreditar haver entrado em outro planeta, outra realidade ou qualquer outra coisa, menos a terra em si. Um dos pontos altos do passeio, inclusive, que recomendo a todos desfrutar o máximo possível, para quem tiver condições de fazer. A descida termina em uma plataforma flutuante onde o guia já nos aguarda. Apenas duas pessoas descem por vez e a descida leva em torno de 12 minutos, contando o tempo de colocar e tirar o equipamento. A descida em si leva mais ou menos 6 min. Eu filmei a minha descida com uma Gopro presa ao capacete, mas infelizmente não pegou nada por pouca iluminação. Após todas as pessoas do grupo haverem descido, o guia passa as informações sobre o passeio e a roupa de neoprene para a flutuação ou para mergulho com cilindro, mas esta modalidade lá é só para quem possui credencial de mergulhador. E não saberia dizer qual a categoria necessária para tal.

O passeio se inicia com uma volta de bote pela caverna, onde o guia conta sobre a formação rochosa da caverna, como surgiu, como o lago nasceu e como se mantém até hoje etc. Este é o momento em que é possível tirar fotos, mas quem não possui câmeras profissionais ou semi profissionais fica em desvantagem. As lanternas entregues a nós serviam para poder enxergar as formações e também de flash.

Uma das formações da caverna. Se não me engano, é o elefante

O "guardião" do abismo. Sempre observando, sempre postado

Uma "torre" formado pelo gotejamento e acúmulo de matéria orgânica, calcário e outros minérios

Após a volta de bote, hora de se trocar para a roupa de neoprene e entrar na água. A temperatura se mantém constante em 18°C o ano todo. Dá um leve choque no começo, mas logo o corpo se acostuma. O que facilita se acostumar, é que esta flutuação é diferente das outras, pois você não é obrigado a se manter na superfície sem nadar. É possível fazer apneia (mergulhar prendendo o ar), ir e voltar, bater braços e pernas, parar, ficar em pé na água, subir e descer... Enfim, é livre, contanto que se siga o percurso feito pelo guia. O percurso é praticamente o mesmo feito de bote, só que dentro da água. Desta maneira, você tem uma visão melhor dos cones gigantescos, do fundo do lago, onde é possível vê-lo e de esqueletos de animais que caíram pelo buraco maior e morreram na queda ou por outro motivo, como fome por exemplo.

Ao finalizar a volta dentro da água, chegou a hora de se trocar e encarar a subida. Me parece que hoje já está operando (ou há planos para entrar em operação) um "elevador" - uma máquina que puxa a corda na subida - para acelerar o processo. Não vou mentir de que uma das coisas mais legais do passeio foi escalar 72m de rapel livre, mas eu imagino que foi legal para mim, que fui o primeiro. Quem ficou lá em baixo esperando quase 40min pra poder subir não deve ter achado tão legal assim. Sem contar as pessoas que começam a subir e desistem no meio da subida. Aí o guia precisa ir até a pessoa e reorganizar o material para que ela possa ser puxada pelos monitores da superfície. Até subir todo mundo do grupo, o último pode levar 4h. O passeio não perde, aliás, ganha em agilidade, mas eu amei subir de rapel por mim mesmo.  É uma conquista pessoal sensacional.

Já na subida ao final do passeio

Me faltava agora encarar os 27km de volta. Com fome, cansado, com sede e com o sol das 13h na cabeça, eu pedalei por volta de 4km até jogar a toalha e começar a pedir carona. Teve uma alma caridosa, em um Palio antigo (os mais simples são os mais generosos), que ofereceu me puxar subida acima. Eu nunca tinha feito isso, nunca gostei. Sempre gostei de fazer as coisas por mim mesmo, mas aceitei porque estava cansado, só que o que eu queria mesmo era jogar a bike num porta malas/caçamba qualquer e ir embora. Fomos assim por volta de 5min. A minha falta de experiência e o terreno acidentado não permitiram mais do que isso. Nenhum acidente aconteceu, mas eu agradeci e falei que não dava pra continuar. Ele sugeriu então o que eu queria: colocar a bike no porta malas. Como esperado, ele não fechou, e eu fui o caminho todo segurando a bike pra não cair, mas não foi trabalho nenhum fazer isso. Me deixou próximo à agência, a apenas 2,5km de onde morava, quando eu pude, enfim, comer e dormir após O MELHOR PASSEIO DE BONITO E REGIÃO.

Ps: em dezembro e janeiro, a posição terrestre faz com que a luz solar entre diretamente pelo buraco maior, iluminando o lago como se vê na imagem abaixo, tirada da internet.

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Série atrativos de Bonito e região, parte 06

Hoje vou falar sobre uma de minhas paixões, que são cachoeiras. E o atrativo escolhido é o que, em minha opinião, é o melhor passeio de cachoeira de Bonito, mesmo não ficando em Bonito, está localizado na cidade de Bodoquena, a aproximadamente 70km de Bonito. Estou falando da fazenda Boca da Onça. Este passeio é um daqueles que a descrição escrita do passeio não faz jus ao que você encontra ao chegar lá e fazer a trilha. Eu precisei fazer o passeio para realmente entender e poder mensurar o quão maravilhoso ele é.

Saída marcada para 7:30 da manhã, lá estava eu, com câmera subaquática emprestada e empolgação. Não só porque iria tomar banho de cachoeira, mas também porque haviam me falado e mostrado coisas sobre uma das cachoeiras, o Buraco do Macaco - vou falar mais pra frente - e também porque seria a primeira vez em minha vida que faria rapel (consegui cortesia pro rapel também, yay!!!).

A viagem foi tranquila, estrada boa mesmo após sairmos do asfalto. Chegamos no receptivo do atrativo e recebi uma plaquinha indicando o grupo que eu iria fazer parte junto da orientação para o local de treinamento do rapel. Uma plataforma de uns 8 ou 10m de altura onde foram passados os procedimentos para chegar na hora já sabendo o que fazer e poder apreciar melhor a descida.

Entrada do atrativo

Após o treinamento, pude aproveitar o tempo restante para a saída comendo o delicioso café da manhã servido no restaurante. Mini chipas, queijo, manteiga e requeijão feitos na fazenda com leite tirado do gado próprio, leite (óbvio), bolo, pão caseiro, pão de queijo... Tudo feito lá e tudo maravilhoso.

Depois de abastecer o bucho, fomos chamados pelo guia. Nos dirigimos ao início da trilha de camionete onde o guia passou as instruções e informações, como de costume.  Iniciamos indo todos até a plataforma do rapel, onde tínhamos uma vista espetacular do vale do Rio Salobra, onde os rios das nascentes que formam as cachoeiras deságuam. Como só eu e mais uma pessoa do grupo iríamos fazer o rapel, o restante do grupo se dirigiu até a escada para iniciar a descida dos 886 degraus, se não me engano. São quase 900, sei que é degrau pra caramba!!!

Visão do vale da plataforma de rapel

Enquanto eles desciam pela escada, eu e o meu companheiro descíamos pela corda do maior rapel de plataforma do Brasil. São 90m de descida livre. Quando estávamos prontos para descer, com todo o equipamento posto em pé sobre a portinhola por onde iríamos descer, que estava fechada até então, estava tudo tranquilo. Quando o guia abriu a portinhola que eu olhei pra baixo e vi o abismo, senti um frio na barriga súbito, com um misto de empolgação e medo (mais medo do que empolgação). Porém, quando "sentei" na cadeirinha (as cordas formam meio que um apoio para sentar), que a minha visão se dava pra frente e eu via todo o vale e o derredor, o medo foi embora e eu simplesmente apreciei a descida que durou cerca de 8 minutos.

Eu e meu companheiro de descida

Quando chegamos ao final da descida, ainda havia metade da escada para descer. O grupo já havia passado por ali, então fomos ao seu encontro. Paramos em um dos vários pontos de descanso/mirante onde o grupo estava. A escada pode tanto ser subida quanto descida. Quando tem gente agendada para fazer o rapel, o grupo desce a escada. Quando não tem ninguém agendado pro rapel, apenas pra trilha, depende da sorte de começar o passeio descendo ou subindo quase 900 degraus, sendo que a subida é após 5h de caminhada... As duas vezes que fiz o passeio eu dei sorte e desci a escada. Porém, na segunda, não teve rapel, foi a escada toda mesmo. Neste ponto de descanso, o guia tirou a foto "clichê", mas divertida, e eu entrei na brincadeira.

Vista de baixo da plataforma de rapel com a cachoeira à esquerda

Foto clichê do passeio

Quando o grupo começa o passeio descendo a escada, a primeira cachoeira é logo a que dá nome ao passeio e à fazenda: a Boca da onça. Maior cachoeira do estado do Mato Grosso do Sul com 152m de queda, se não estiver enganado. Mas acho que é isso mesmo. Apesar de parecer ser artificial, é bonita e tem um poço, que também parece artificial, bem gostoso pra banho.

A cachoeira Boca da Onça. Em tempo de seca da pra ver melhor a formação que lembra uma cara de onça atrás da cachoeira

Tomando banho no poço


Dali, voltamos pra trilha e seguimos para mais uma parada para banho, desta vez numa prainha no rio Salobra. Água bem verde, quase esmeralda, geladinha para refrescar da caminhada e com uma profundidade razoável para aproveitar e nadar mais solto, com uma visão da cachoeira Boca da Onça de outro ângulo.

O ponto do rio para banho

Visitantes enfeitaram minha mochila na parada da prainha

Seguimos então a trilha a caminho das cachoeiras seguintes. Não lembro o nome de todas, até porque apenas 3 cachoeiras possuem paradas para banho, as outras 4 são apenas para contemplação, mas a seguinte só não é a melhor porque tinha a Buraco do Macaco ainda mais pra frente. A Poço da Lontra é uma cachoeira pequena, com aproximadamente 3m de queda, se é que chega a tudo isso, mas tem um poço sensacional para tomar banho. Começa bem rasinho até que chega a ter uns 4m de profundidade e o poço se estende até uma reentrancia após a queda. Lugar bom para mergulhar, saltar das pedras e tomar uma massagem. Só não é 100% graças aos peixes pequenos, tipo lambari, que ficam beliscando nossa pele. Principalmente a mim, que tenho muitas pintas e eles acham que é comida.

Poço da lontra

Não seguindo a ordem exata das cachoeiras, deixarei a Buraco do Macaco pro final. As seguintes cachoeiras são apenas para contemplação. Seja por preservação das trufas calcarias (que eu explico o que são aqui: https://pedaladordehistorias.blogspot.com/2019/09/serie-atrativos-de-bonito-e-regiao.html?m=0 ), seja por medidas de segurança dos visitantes.


Duas das cachoeiras para contemplação que não me lembro os nomes.

Para chegar, enfim, à Buraco do Macaco, é preciso encarar outra escada, porém desta vez com aproximadamente 200 degraus "apenas". Chegando na Buraco do Macaco, a cereja do bolo, primeiro nos dirigimos a uma visão de cima da cachoeira. Podemos ver o rio descendo até chegar ao buraco. Mas afinal, o que é a Buraco do Macaco??? Ela é uma cachoeira que cai dentro de uma gruta, com uma abertura circular no topo. De cima, onde estávamos, podíamos ver tanto o rio, quanto dentro da caverna. Uma visão linda que só iria melhorar.

Vista de cima da cachoeira

Depois de ficarmos ali algum tempo, aguçando a expectativa e esperando o grupo anterior sair, nos dirigimos até a entrada da caverna, que se dá pelo leito do rio. Foi colocada uma corda guia presa dentro da caverna e esticada até o deck para auxiliar a entrada de quem não tem tanta destreza na água. A abertura é um vão de mais ou menos 1m de altura até o nível da água (lembrando que nesta época havia chovido bastante e os rios estavam bem cheios) com um teto rochoso que se estende por uns 2m até chegarmos ao "salão redondo" da caverna, com o buraco circunférico no teto e a água caindo sem parar ali dentro. É, definitivamente, o ponto alto do passeio e, graças a este lugar exclusivamente, que é, na minha opinião, o melhor passeio de cachoeiras da região de Bonito. A sensação é de estar em outro mundo. Dentro da caverna a profundidade é de uns 3 ou 4m. Apenas nas paredes que é possível se apoiar nas pedras e somente em um ponto que dá pra sentar nas pedras e em outro que dá para ficar em pé. Fora isso, não dá pé em lugar nenhum. Mas isso não impede que seja espetacular e nem de tomar uma massagem da cachoeira, que cai no meio da gruta.

Entrada da caverna

Que lugar!!!

Infelizmente, o guia pediu que saíssemos dali e fossemos embora. Eu poderia morar ali naquela caverna facilmente. O consolo foi que um almoço de fazenda nos esperava e, após 5h de caminhada e muita braçada e mergulho (tem um ponto de apoio com uma lanchonete com coisas pra comer e/ou beber) a fome era grande, e o almoço é incluso no passeio, bem como o café da manhã que mencionei no começo. Devorei aquela comida maravilhosa e parti pra sobremesa. Depois disso, relaxei nas cadeiras esperando a hora de partir. Não aproveitei a piscina com água (canalizada) de nascente nem o redario que tem no receptivo, mas não fizeram falta nenhuma. Já estava bom demais para um dia só. Agora eu só queria dormir.

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Série atrativos de Bonito e região, parte 05

Hoje vou falar sobre o passeio no rio que já foi considerado terceiro lugar no ranking de água doce mais cristalina do mundo (não sei se ainda é nem como está o ranking): a flutuação no Rio Sucuri.

Localizada a aproximadamente 22km do centro de Bonito, a recepção do atrativo já é um passeio a parte. Com um "pequeno museu" - apenas artigos antigos - e fotos de quando foi cenário de uma novela global (que eu não saberia dizer qual), tem também uma sucuri gigante que permite tirar fotos com ela, porque ela é de madeira. Após o check-in, você pode dar uma volta pela recepção, pelo pomar aos fundos do restaurante (almoço opcional) ou relaxar na piscina enquanto aguarda o horário do passeio.

Dado o horário marcado, o guia chama o grupo e reúne todos numa casa lateral onde é entregue a roupa de neoprene e o calçado, bem como o colete salva-vidas, que é de uso obrigatório. Após todos estarem trocados e prontos, nos dirigimos de camionete até o início da trilha que nos levará ao nosso destino, o rio. Pelo caminho, passamos por várias nascentes que, infelizmente, são apenas para contemplação. Claro que isso é feito para preservar as nascentes, mas que dá vontade de entrar, dá!!

Vista de uma das nascentes. Na verdade neste local tem mais de uma. 

Outra nascente pelo caminho, com este tom de azul maravilhoso. Dá muita vontade de dar um pulo.

Ao chegar no rio, o guia passa rápidas instruções de como fazer para respirar com o equipamento e de como seguir o fluxo do rio flutuando, sem nadar. Também fala como fazer para não embaçar a máscara: é preciso molhar o rosto para diminuir a temperatura e cuspir nas duas lentes, esfregando a saliva por toda a lente, pois a saliva tem algum produto que não deixa embaçar. Depois disso, molhar a máscara para tirar o excesso de saliva.

Prontos para começar o passeio após uma leve ambientação com o equipamento, partimos. O Rio Sucuri tem uma correnteza razoavelmente forte, então a única coisa que precisamos fazer é deixar a água nos levar apreciando a vista e, ocasionalmente, voltar para o meio do rio, pois ela nos empurra pras margens. O guia, neste passeio, vai dentro do barco, que também pode ser usado por mamães e/ou papais com bebês, idosos e/ou qualquer pessoa que queira fazer o passeio mas não quer entrar na água por qualquer motivo que seja.

O guia do barco também serve como fotógrafo

Água maravilhosa de cristalina

Em termos de cristalinidade da água, este é o melhor passeio, porém não possui muita quantidade nem variedade de peixes e o entorno do rio é praticamente o mesmo durante todo o percurso, apenas em alguns momentos mudando a paisagem rapidamente. O passeio dura em torno de 1:30h no total. Sobre o nome... Eu fiz o passeio duas vezes (uma passeando e uma trabalhando como intérprete, falarei mais pra frente sobre esta etapa da minha vida) e não vi sucuri alguma. Pero que las hay, las hay.

Se você tiver disposição ou for acostumado com água e snorkel, aconselho fazer a flutuação do rio da prata, que relatei aqui (https://pedaladordehistorias.blogspot.com/2019/09/nada-e-definitivo.html?m=0). Se quiser algo mais rápido, seja para juntar a outro passeio, seja para descansar depois, aproveite o rio Sucuri que vale a pena.

Valeus!

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Série atrativos de Bonito e região, parte 04

Hoje vou falar sobre dois atrativos bem diferentes, visitados em meses diferentes.

O primeiro que vou falar, é um passeio que muitas vezes é esquecido ou deixado de lado pela maioria das pessoas, mas é bem legal e interessante. Quando as pessoas pensam em Bonito, acham que só existe água cristalina e cachoeiras (como se isso fosse "só" ou até algo ruim), mas não é só isso. É uma região que já catalogou mais de 100 cavernas, e o passeio é justamente em uma delas, a primeira que visitei: a Gruta de São Matheus.

Acordei cedo num dos meus dias de trabalho de final de semana em que iria trabalhar pela tarde e combinei de ir conhecer a gruta. Ela está localizada a aproximadamente 6km do centro, e a 4km de onde eu morava.

Raiar do dia espetacular

Peguei a bicicleta e fui. Cheguei lá em uns 15min. Apesar de ser estrada de terra, o caminho foi bem tranquilo. A chegada se dá em um jardim bem cuidado com um casarão de madeira. Neste casarão, o dono do atrativo montou um pequeno museu no térreo com alguns artigos encontrados na região e outros trazidos de outros locais. No primeiro andar foi feito uma exposição de animais típicos da região empalhados. Estes animais foram recolhidos mortos e taxidermizados, em sua maioria em beira de estrada por atropelamento. No segundo andar ficam armazenados os equipamentos de segurança do passeio, e onde o guia passa as instruções e informações sobre o atrativo. De lá, iniciamos a trilha que começa em uma ponte suspensa que liga o casarão ao morro onde está a caverna. A trilha é bem curta e fácil, mesmo com a ponte suspensa.

Chegamos na entrada da gruta depois de uns 10min caminhando tranquilamente e paramos para descansar e tirar fotos. Tem também uma visão boa da cidade dali. A entrada é bem estreita e um pouco baixa, e tem uma escada logo depois para descer ao nível do piso da caverna.

Entrada da caverna

Dentro da gruta, o espaço se alterna entre amplo e alto e estreito e baixo. Durante o percurso, outras escadas existem para alcançar os desníveis do terreno.

Um dos salões

Foi colocada uma estrutura de iluminação artificial, pois a caverna é bem isolada e não entra nenhum tipo de iluminação externa após apenas alguns passos da entrada. Não é recomendado para claustrofóbicos. Também possui alguns trechos bem estreitos, então existe uma restrição para pessoas que estão bastante acima do peso e para quem tem dificuldade em se locomover. Para o resto das pessoas, é um passeio que vale bastante a pena. Tem alguns fósseis inclusive, mas eu devo admitir que não consegui localizar, mesmo após o guia ter apontado onde estava.


Formação rochosa "curiosa"

A "torre"

Passeio curto (dura cerca de 1:30h todo o passeio), barato e perto da cidade. Ótima opção para juntar com algum outro passeio e fazer ambos no mesmo dia. Recomendo, inclusive, fazer a gruta pela manhã cedo e aproveitar algum passeio aquático depois para relaxar da caminhada.

O segundo atrativo que vou falar é o Balneário Recanto da Barra. Visitei este balneário poucas semanas após sua inauguração. Ele fica no mesmo lugar do primeiro passeio que iria fazer e acabei não fazendo por conta da chuva, que relatei neste post: https://pedaladordehistorias.blogspot.com/2019/09/sinais-devem-ser-seguidos.html?m=0

Eu sei exatamente o dia que fui lá, dia 17/06/18, porque foi o dia das estreias de Brasil e Alemanha na copa do mundo da Rússia, e a Alemanha perdeu para o México por 1-0, sendo que poderia ter sido por mais. Eu estava de folga neste dia, e procurei por algum atrativo que fosse transmitir os jogos da copa, e este foi o escolhido.

O balneário foi montado no início do Rio Formoso (que é o principal rio de Bonito, cortando todo o município), após o encontro com o rio Sucuri. Possui dois decks: um que fica um pouco afastado do restaurante em uma área mais funda do rio, o que agrada quem gosta de nadar, brincar, pular e ficar mais isolado também, e o outro que fica próximo da área do restaurante em uma parte bem rasinha do rio, que é bom para crianças. Construíram até uma piscina dentro do rio para crianças pequenas (eu ainda tenho minhas dúvidas se isso é permitido por lei, não conheço as leis ambientais).

Visão do deck mais afastado, na parte mais funda

O rio, neste trecho do balneário, tem uma correnteza relativamente forte, então dificulta ficar somente "parado" boiando/relaxando, o que pode ser um pouco cansativo, mas é pra isso que tem o deck e o restaurante. A visão é linda, a água cristalina, a vegetação preservada (como deve ser em beira de rio) e o ambiente é tranquilo e de paz. Fica localizado a aproximadamente 18km do centro e é um dos passeios com melhor custo-benefício. Na minha lista de balneários de Bonito, dos que eu conheci, o colocaria em terceiro, após o municipal e o do Sol, que já falei sobre neste post: https://pedaladordehistorias.blogspot.com/2019/09/serie-atrativos-de-bonito-e-regiao_24.html?m=0

Água cristalina com tom esverdeado característico do rio Formoso

Oi. Tchau!!!