Pesquisar este blog

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Série atrativos de Bonito e região, parte 10

Hoje eu vou falar sobre os 2 penúltimos atrativos que eu visitei e ainda não falei. Eu infelizmente não tenho fotos, e explico o motivo . São 2 passeios totalmente diferentes um do outro. Falarei sobre a Trilha Boiadeira de quadriciclo e a Gruta do Lago Azul. O último passeio ficará para o próximo post.

TRILHA BOIADEIRA

Tive a oportunidade de visitar este atrativo em mais uma daquelas ações chamadas "fã tour", onde o atrativo convida a agência a fazer o passeio, pois o passeio havia mudado o percurso da trilha e nos convidou a conhecer o novo trajeto. Desta vez, fomos todos no mesmo dia, após o expediente. 

Separados em duplas, recebemos as instruções de pilotagem e segurança e iniciamos o treinamento. Alguns quiseram tentar, outros preferiram não se arriscar. Eu, por sorte, fiquei com uma pessoa que não quis se arriscar, e pilotei o trajeto todo de ida e volta. Algumas duplas trocaram de piloto na volta. Eu já havia pilotado um quadriciclo em 2015, quando estava em Monte Verde-MG comemorando 1 ano de casamento, e lá nós andamos 3h (ida e volta) até chegarmos na Cachoeira dos Pretos. O caminho foi através de montanhas, beirando penhascos, então foi uma aventura, pincipalmente porque era a primeira vez que pilotava um quadriciclo. Por este motivo, o passeio de 40min em Bonito não me empolgou tanto, porém o fato de ter sido à noite deu uma emoção maior. Fora que a mata é mais fechada do que eu havia experimentado em Monte Verde. Passávamos perto de árvores, com algumas subidas e descidas que faziam o quadriciclo pular um pouco, curvas...

Pra quem gosta de adrenalina e quer ocupar uma parte da noite, aconselho fazer a trilha. Também há a opção de fazer durante o dia, para quem não se sente totalmente seguro de ir à noite. Seja como for, vale a pena. Não tenho fotos pois estava pilotando, de noite. Então realmente não deu pra tirar foto alguma.

GRUTA DO LAGO AZUL

Para resumir este passeio, digo o seguinte: cartão postal de Bonito. Mesmo assim, não procurei visitá-lo nenhuma vez enquanto lá morei. É um passeio apenas de contemplação e você fica distante do lago. Eu, pessoalmente, não gosto de apenas "contemplar". Eu gosto de andar, pular, nadar, fazer, pegar... Todos me diziam que era lindo, que eu deveria conhecer, que era o cartão postal e que eu não conheceria Bonito se não fosse lá ao menos uma vez, mas a vontade de ir era nula. 

Eu só fiz o passeio após sair da agência e começar a fazer trabalhos de intérprete de inglês para turistas estrangeiros. E logo no meu primeiro trampo já apareceu a oportunidade de ir à Gruta. Era uma família de japoneses que moram no México. Um casal adulto e um casal de crianças (ela com uns 8 ou 9 anos, ele com uns 4 ou 5). 

A gruta não é exatamente como eu imaginava que fosse; ela possui uma entrada enorme em descida vertiginosa. Quase como se a terra abrisse uma boca para engolir tudo e todos no imenso escuro que é ao fundo da caverna.Você chega no portão de entrada da gruta, e só o que consegue ver é uma parede de pedra com árvores no topo que parece afundar descendo. Logo você vê a escada por onde é feita a descida até próximo ao lago, mas ainda distante. À medida que vai-se descendo, uma descida bem íngreme, mas facilitada pela escada, vai-se tendo mais noção do quão grande é a caverna e do quão bonita ela é também. O lago, no começo, não parece ser azul (o que, de fato, não é. A cor azul é apenas ilusão de ótica provocada pela refração da luz solar), parecendo ser mais verde escuro, mas vai "azulando" cada vez mais enquanto nos aproximamos. Não é possível ter acesso ao lago, nem chegar perto, pois foram encontrados fósseis humanos e de animais pré-históricos, como a preguiça gigante e o tigre dente-de-sabre, bem como uma espécie de camarão minúsculo (possui 3mm aproximadamente), mas a principal característica dele é que ele não possui olhos e é albino. Por habitar nas profundidades das cavernas, onde não existe luz, não possui olhos e nem cor. Por estes motivos, o acesso ao lago é restrito para expedições científicas. Existe um grupo de pessoas que visa reabrir o lago para banho (os habitantes de Bonito viviam nadando na gruta antes de ser proibido o acesso), mas eu não acredito que isto vá acontecer.

A caverna possui várias e belas formações rochosas e também é possível ver as raízes das árvores que estão no topo do paredão. Foi uma agradável surpresa, pois realmente é muito bonita. Ainda voltei uma outra vez, com outro grupo de turistas, mas só confirmou o que eu havia pensado: é um passeio para se fazer uma vez só. Mas, pelo menos uma vez, deve-se fazer.

sábado, 7 de dezembro de 2019

Ultimo quarto de pausa

Hoje vou falar sobre aqueles restaurantes/lanchonetes que não são pra turista, com preço acessível que dá pros mortais (como eu) comerem e fazerem passeios.

                          RESTAURANTES

ESPAÇO DA JACK

Este, dos "comuns", é o meu favorito. Eu fiz um pacote mensal lá que deu algo em torno de R$14,00/dia pra comer em buffet livre com sobremesa inclusa. A Jack é irmã da Juanita, que eu falei no posto anterior. Pode-se comer no self service por quilo ou num valor fixo do prato. Comida deliciosa com aquele gostinho de caseira, muita variedade e um ambiente externo com ar rústico aconchegante, que te faz sentir em uma fazenda dentro da cidade. Fica localizado na rua da igreja da praça, quase na esquina de baixo da praça na contra-mão da rua (na esquina de cima da agência Bonito Way).

ARCO-IRIS

Localizado quase de frente para a praça (ao lado do La Bonita), também possui esquema de comida por quilo e preço fixo do prato, também com sobremesa inclusa. Eu, particularmente, acho a comida um pouco inferior a da Jack, mas não deixa de ser gostosa. Ganha na localização.

NÃO SEI O NOME DO RESTAURANTE

Fui neste restaurante pela primeira vez na última vez em que estive em Bonito, em julho deste ano. Fica localizado na Rua das Flores (paralela à Av. Pilad Rebua, a principal), porém bem pra cima. PF por R$13,00 bem servido. Restaurante pequeno, com uma plaquinha em frente convidando pelo preço da comida, mas não se engane: comida boa. Comemos lá dois dias seguidos, junto dos caminhoneiros cheios de histórias, fome e com vontade de pagar barato. Próximo à Pousada Primavera.

                           LANCHONETE

CRAVO E CANELA

Como sempre, começando pela minha favorita. Hambúrguer artesanal de qualidade, nada daqueles fake de supermercado que acompanha batata frita deliciosa. Fica localizado na rua da universal (de frente para a praça), quase de frente ao posto de gasolina na esquina.

QUIOSQUES/CARROS NA PRAÇA

Uma ótima opção é andar pela praça vendo as várias opções de lanches, porções, tapiocas, caldos dentre outras coisas nos vários quiosques e carros de comida na praça.

BONITO BEER

Esta talvez não seja uma opção tão barata, mas com certeza é uma que merece ser visitada. Cerveja artesanal no esquema self-service. Você carrega um chaveiro com crédito e escolhe uma das 5 opções de cervejas (as vezes tem alguma outra bebida disponível) para encher o copo. É cobrado um valor por 100ml. Minha dica é: coloca uns 60, 70ml para provar antes de encher o copo. Mesmo tendo a descrição da cerveja num painel, nunca se sabe...

CERVEJA BARATA

Tem duas conveniências que eu recomendo: a primeira é na esquina da praça, mas não a que fica ao lado da igreja, mas sim a de frente para esta, na esquina oposta (diagonal da praça) e a do Paraguai na principal, porém bem pra cima, perto da escola estadual (uma verde de esquina).

Bom apetite.

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

1/4 de pausa na série

Eu ia fazer apenas um post, mas acabei dividindo em dois, porém, enquanto escrevia este post, percebi que ficaria muito grande, então dividi novamente e esta é a metade da meia pausa, ou, 1/4 de pausa. Hoje eu vou falar sobre algo que é muito importante sobre Bonito: onde comer!!!

(Eu vou passar alguns "bisus"/dicas/manhas que podem parecer malandragem, mas não são. Explicarei no devido tempo)

Após a minha visita à cidade este ano, em julho, eu vi que algumas coisas mudaram. Novos restaurantes/lanchonetes abriram e alguns fecharam. Eu vou separar os locais para comer, em dois grupos, para facilitar: comida pra rico e comida pra mortais, que vai ficar para o próximo post.

                  COMIDA PARA RICO

Primeiramente, você não precisa ser milionário para comer nestes lugares que vou citar, mas a comida é mais cara e você precisará optar entre comer ou fazer passeio caso seja um mortal, como eu.

Começo pelo meu restaurante favorito: JUANITA (se fala "juanita" mesmo, não é espanhol "ruanita"). Eu fui lá umas 5 ou 6 vezes. A primeira vez, fui com o bandido que morei junto (a história, para quem quiser ler, está contada aqui https://pedaladordehistorias.blogspot.com/2019/11/pausa-na-serie-nem-tudo-sao-flores.html?m=0). Foi na época que a família dele estava lá, e ele me convidou a ir junto. Pedimos o carro chefe do restaurante que é o Pacu na brasa. Um peixe espetacular acompanhado de arroz, pirão, batata, farofa crocante e mais uma coisa que não lembro o que era. Comida maravilhosa!!!!

A segunda vez que fui, eu não paguei. Não sei se é algo de todas as agências, porém eu descobri que onde eu trabalhava, tinha algum tipo de parceria em que o agente poderia almoçar de graça durante a semana. Tudo com autorização da gerência e sem exageros, obviamente. Fui novamente com o ladrão e, desta vez, pedimos o "Costelão Rubinéia". Depois de algum tempo, o garçom trouxe uma peça enorme em que a carne desmanchava ao ser cortada. Novamente, acompanhada de arroz, farofa crocante e outras coisas menos importantes para mim. A ideia era levar um pouco para comer em casa, pois era realmente grande, mas estava tão deliciosa que matamos ali mesmo. E não me arrependo!!!

A terceira vez eu fui sozinho e pedi um prato individual. Um peixe que não me lembro qual, mas que estava igualmente maravilhoso.

A quarta vez que fui, foi a convite de um cliente que acabou se tornando amigo. Saí da agencia e fui ate la jantar com ele e com a sua namorada.

As vezes posteriores eu me limitei a pedir o Pacu ou a costela. A última vez foi este ano, com meus pais que vieram me visitar e os levei a Bonito e ao Juanita. Pedimos a costela, que, apesar de deliciosa, não veio da mesma maneira que vinha da primeira vez que pedi. Ao invés da peça que desmanchava, trouxeram vários "bifes" no osso da costela. Novamente, estava uma delícia (inclusive, minha mãe que geralmente não gosta de costela aprovou e gostou), mas fiquei um pouco decepcionado. Uma forma de economizar mantendo o mesmo preço, talvez. Seja como for, vale a pena ir. E ainda tem um senhorzinho tocando harpa (isso mesmo que você leu, HARPA) para agraciar o jantar ainda mais (apenas no jantar).

CASA DO JOÃO

Este seja, talvez, o restaurante mais badalado da cidade. Tanto por não ser apenas um restaurante (tem lojinha, decoração rústica, um tipo de "museu" e uma outra loja de frente para a praça), quanto por ser próximo ao centro (uma quadra da praça) e por ser gostoso também.

Minha ida (singular mesmo, só fui uma vez) à casa do João, se deu por minha conta, mas isso não quer dizer que eu tenha pagado para ir. Meu trabalho como agente não se resumia a vender passeios; eu também indicava hotéis, restaurantes e o que fazer pela cidade em momentos livres. Comecei, então, a ver a necessidade de conhecer os restaurantes, bem como estava conhecendo os passeios, para poder indicar mais apropriadamente. Foi assim que eu fui até a Casa do João.

Chegando lá, pedi ao garçom que me informasse qual era o carro chefe da casa, ao que ele me disse ser a "Traíra sem espinha". Como estava lá para conhecer o restaurante, foi exatamente este que pedi. Ele me indicou também qual cerveja melhor "harmonizaria" com o prato (não que eu me importe com isso, eu quero é comer e beber, e é bom deixar claro que eu estava de folga neste dia). Novamente, não me recordo o que acompanhava (sei que tinha arroz), mas me lembro que estava muito gostoso, com exceção do fato de que havia ainda espinhas na "traíra sem espinhas" (traíra é traíra até depois de morta e frita). Outro restaurante que vale a pena visitar, tanto pela comida quanto pelo derredor.

PANTANAL GRILL

Este restaurante tem uma vantagem sobre os outros dois: a localização. Fica na avenida principal, no caminho de praticamente todas as pessoas que andam por Bonito, seja de carro, a pé ou por outro meio de locomoção. Se você está indo para lojinhas, para sua hospedagem, para alguma agência ou para a praça, provavelmente você vai passar em frente ao Pantanal Grill.  Localização não é garantia de qualidade, mas qualidade é o que não falta por lá.

Tive a sorte de ir duas vezes, ambas sem pagar. A primeira no mesmo esquema da ida a Casa do João, peguei uma cortesia para conhecer o restaurante, e a segunda em uma confraternização da agência após o final da alta temporada de julho.

Além da localização, tem um chamativo: uma plaquinha que convida a provar carne de jacaré. Como eu estava indo para conhecer o restaurante, eles faziam propaganda da carne de jacaré e eu nunca havia comido jacaré em nenhuma de minhas vidas, resolvi então pedir um prato de jacaré grelhado para experimentar. Algumas pessoas haviam me falado que parece frango, algo que eu prontamente provei estar errado. Nenhuma relação a frango, seja em aparência, gosto ou textura. Se lembra alguma coisa, esta coisa é peixe, porém mais "borrachudo", mais fibroso.

A segunda vez, se não me engano, eu comi piraputanga. Simplesmente o peixe mais delicioso que comi em todas as minhas vidas!!!!!!!!

Teve uma terceira vez, com meus pais este ano, porém comemos apenas uma pequena porção de jacaré pra eles experimentarem, aquela da plaquinha.

No próximo post falarei sobre os restaurantes para mortais, terminando o 1/4 de pausa que resta para poder voltar a série e terminá-la, pois resta apenas um atrativo a ser mencionado.

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Meia pausa na série

Meu tempo de Bonito-MS aqui no blog está acabando. Eu tenho apenas mais um atrativo para relatar, mas vai ficar para o próximo post. Hoje eu vou apenas contar casos e causos que aconteceram comigo por "aqueles lados".

Muita gente passou por Bonito no tempo que lá estive. Muitas também passaram pela agência e "por mim". Conto aqui algumas histórias inusitadas, engraçadas, interessantes e por aí vai...

Ca(u)so 1:
Recebi o contato de uma mulher de Campo Grande interessada em ir a Bonito e comecei a conversar com ela a fim de a conhecer e saber que tipos de passeios poderia indicar para montar o melhor roteiro. Ela me falou que gostaria de comemorar o aniversário de 15 anos da filha. Perguntei então qual seria a data que ela iria, ao que ela respondeu "Não sei ainda. Julho ou Agosto". Eu quase perguntei pra ela se ela não sabia qual a data do aniversário da filha... Conversa vai, conversa vem, (durando vários dias, inclusive), toda vez que eu fazia alguma pergunta, a resposta era sempre a mesma: "Não sei!" Se eu perguntasse quantas pessoas iriam, ela não sabia dizer; perguntei se iria de carro ou se pegaria transporte, não havia decidido; quais passeios ou tipos de passeios gostaria de fazer, não tinha ideia; a data então, a mesma coisa... Até que chegou um dia em que ela enfim me deu uma resposta; numa conversa que tivemos, ela me falou que tinha apenas um pedido: que não estivesse frio nem chovendo. Sem saber o que responder (quer dizer, sem poder responder o que eu queria, que era mais ou menos "então você me avisa quando decidir a data que eu ligo pra São Pedro pra deixar o sol reservado pra você nestes dias"), eu simplesmente disse ok e não falei mais nada.

Ca(u)so 2:
O número de estrangeiros é muito alto, principalmente nos meses de julho e agosto, período de férias na Europa. Estava eu, em um belo dia, atendendo a um grupo de franceses (dois homens e uma mulher), porém em inglês (meu francês serve apenas para fingir que falo alguma coisa para quem não fala nada). A reserva estava no nome da mulher. Pedi então que me falasse o nome para que eu encontrasse a reserva no sistema. Como estávamos conversando em inglês, meu ouvido estava acostumado a ouvir o inglês; porém, ao falar o nome, ela falou com sotaque francês e não consegui compreender. Pedi então que repetisse, principalmente o sobrenome. Ela, então, começou a soletrar o sobrenome, em inglês. H-O-R-N-Y, e disse logo em seguida uma frase que me fez soltar um grito que chamou a atenção de todos e deixou a mim e a ela bastante envergonhados: "it's just like 'horny' in English" (é igual 'horny' em inglês). Pra quem não fala inglês, "horny" é uma palavra usada para definir alguém que está "com tesão sexual". Após este momento de vergonha própria, segui com os procedimentos sem olhar para a moça.

Ca(u)so 3:
Em algum dia do mês de junho, atendi a um pai que viajava com seu filho de uns 10-12 anos de idade. O moleque era a típica criança curiosa, hiperativa e com déficit de atenção. Olhava para tudo, falava sobre coisas aleatórias, não parava quieto na cadeira, e o pai, muito paciente, dizia coisas do tipo "filho, senta aqui. Papai tá terminando". Conversávamos sobre quais passeios iriam fazer, onde iriam se hospedar (tinha chegado na cidade sem nada reservado)... Comecei então a montar o pacote dele. Ele, vendo que o filho não parava quieto, começou a ficar inquieto e queria terminar logo. Eu falava um passeio, e ele "legal, põe aí". Falava outro, ele "pode ser, adiciona". Eu nem falava sobre preços, e ele não perguntava. No final, na hora de fazer o pagamento, o total do pacote ficou em mais de 5000 reais, ele nem perguntou nada, nem falou nada e eu nem tive chance de dizer quanto ficou, ele simplesmente tirou um cartão de crédito preto da carteira e me entregou. Eu olhei para aquilo inacreditável, pensando comigo mesmo: "então as histórias são verdadeiras. O cartão preto existe de verdade... Existe gente rica o bastante para isso!!!" Eu me recolhi à minha insignificância e passei o cartão na máquina sem maiores questionamentos ou comentários.

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Série atrativos de Bonito e região, parte 09

Depois de uma breve pausa na série, volto a falar sobre passeios. Hoje vou falar sobre um passeio que já falei aqui no blog, que é o passeio que eu mais visitei, mas com um adicional. O passeio é a flutuação no Rio da Prata (que eu relatei aqui https://pedaladordehistorias.blogspot.com/2019/09/nada-e-definitivo.html?m=0) que eu fiz para "preencher espaço ocioso", pois o passeio que eu me desloquei para fazer foi o mergulho com cilindro na Lagoa Misteriosa. Portanto, vou falar mais sobre a Lagoa Misteriosa do que da flutuação, que vou falar um pouco.

Como de costume, fui de carona para o atrativo. Desta vez, como iria fazer o mergulho na Lagoa antes de flutuação, não paramos no buraco das Araras. Fomos direto para a fazenda Rio da Prata e, logo em seguida, fomos até o receptivo da Lagoa Misteriosa, que fica dentro da área da fazenda Rio da Prata, mas um pouco afastada do "receptivo principal". No receptivo da Lagoa, trocamos de roupa para o material de neoprene usado na flutuação e no mergulho e recebemos as primeiras instruções e informações sobre o passeio. A Lagoa Misteriosa é, na verdade, um imenso abismo inundado que se estende por dois "túneis" verticais, separados por uma parede rochosa, que se encontram após aproximadamente 75m de profundidade. A profundidade total da lagoa é o motivo de seu nome: "Misteriosa". No ano de 1998, um mergulhador profissional desceu até uma profundidade de 236m e não encontrou o fundo. Portanto, não se sabe qual é a profundidade total da lagoa.

Após as informações, saímos acompanhados do guia para iniciarmos a trilha que nos levaria à lagoa. Uma trilha bem gostosa em mata fechada mas com um clima e sensação agradáveis. Em um ponto da trilha, é possível contemplar a lagoa de cima, uma visão especial que aumenta a expectativa de chegarmos logo na água. Trilha fácil até chegarmos a escada que leva até o nível da água. A lagoa fica num nível bem abaixo do resto do terreno, uma depressão, quase como se fosse um funil, descendo em todo o entorno da lagoa. A escada é meio grande; não me lembro a quantidade de degraus, mas é algo em torno de 150. Ao lado da escada, existe um cabo de aço estendido até o nível da água que possui duas utilidades: descer/subir material de mergulho e resgatar acidentados. A escada termina alguns degraus abaixo do nível da água; isto serve para colocar o material de mergulho já em contato com a água e, para casos como o meu que não tem/tinham experiência com mergulho (não que eu seja expert agora, só fiz daquela vez), fazer um mini treinamento na plataforma submersa. O treinamento nada mais é do que ficar submerso segurando na beirada da plataforma respirando o oxigênio do cilindro.

Vista da lagoa da trilha

Ambientação com o material no mini treinamento

Eu fui fazer o mergulho no final de abril/começo de maio, que é quando se inicia a temporada de flutuação e mergulho "batismo" (a modalidade que eu fiz, que é até 8m de profundidade máxima, para quem não tem credencial de mergulhador). Infelizmente estas modalidades não funcionam o ano todo. Como eu falei, a lagoa está numa depressão em "funil". Décadas atrás, quando não havia turismo nem consciência ambiental (talvez até nem se sabia sobre a existência da lagoa), a pecuária era forte na propriedade, e não havia controle quanto a limites. Sendo assim, o gado "invadia" a área necessária para preservação da lagoa, bem como o solo ficava frágil pela constante passagem de animais grandes e pesados, e em grande quantidade, fazendo com que provocasse enxurradas em época de chuvas. As enxurradas levavam diversos materiais para a lagoa: grama, fezes, terra, vermes etc. Isto fez com que, na época de calor, houvesse a proliferação de algas que, além de "tirarem a beleza" do local, tiram a visibilidade. Após a conscientização ambiental por parte dos donos, o gado foi afastado da lagoa e trabalhos de recuperação vem sendo feitos para que as algas recuem ou desapareçam. Contenção de enxurradas, recuperação do solo acima da lagoa dentre outras atividades estão em ação para que a natureza se recupere com o mínimo de interferência humana e uso de químicos. A profundidade atingida pelas algas vem diminuindo ano a ano e a temporada vem aumentando sua duração. A única modalidade que opera durante todo o ano é a do mergulho avançado, que vai a 18 ou 25m. Existe também o mergulho técnico que, se não me engano, atinge a profundidade de 75m. Mas aí, para cada profundidade, há uma exigência de treinamento e credencial.

O fato de a flutuação e o mergulho "batismo" operarem apenas na época mais fria do ano não atrapalha muito no passeio. A temperatura da água se mantém nos 18-20°C durante o ano todo. As vezes está mais quente dentro da água do que fora. Após a ambientação com o material, que é mais fácil de usar do que a máscara de snorkel, começamos o passeio. Como o mergulho era com "não-credenciados", o guia nos acompanhou durante todo o trajeto. Aliás, não só acompanhou, como guiou literalmente. Eu e o outro "turista" demos o braço pro guia que fez tudo: subiu, desceu, foi pra frente, pra esquerda, pra direita... Nós só tivemos o trabalho de curtir. Como estava bem no comecinho da temporada, a água ainda não estava 100% livre das algas, o que mudou a cor da água, que normalmente é azul, para um verde amarelado. Começamos a "explorar" a lagoa descendo gradativamente para acostumar com a pressão. À medida que avançávamos, o barranco ia descendo, até quando chegamos à boca do primeiro túnel. Quando próximos do solo, tudo era muito verde, mas ao chegarmos no abismo alagado, estava muito azul e cristalino. Tão cristalino, que a sensação que eu tive foi de que eu iria cair no buraco enorme que se abria abaixo de mim.

Visão que se tem da plataforma já submersa

O fotógrafo do passeio com o solo esverdeado pelas algas ao fundo

Já mais para o meio da lagoa, com tom bem azul, acima do buraco sem fundo

Eu e meu companheiro de passeio em foto tirada por nosso guia

Na lagoa não tem muito peixe. Apenas alguns pequenos, tipo lambari, e um outro chamado Mussum, que parece uma cobra mas é um peixe. Conversando com uma amiga, mergulhadora experiente, pude perceber a diferença de sensações gritante entre nós. Para ela, o passeio foi maçante, pois é apenas "uma volta" ao redor da lagoa pelos dois túneis; para mim que nunca havia mergulhado, foi espetacular!! Em um dado momento, já aos 8m (se bem que eu vi no relógio do guia que chegamos a 9.6m), eu olhei para cima e puder ver a copa das árvores, de tão cristalina que é a água.

Copa do árvores vistas a 9m de profundidade

Pessoas fazendo flutuação enquanto eu mergulhava

Tom esverdeado da encosta

Descida do barranco

Vídeo do Mussum

Olá pessoal!!!

Foi uma experiência marcante e surreal; estar debaixo d'água e ter a impressão de que vai cair num buraco submerso pela mesma água em que você está. Passamos pelo segundo túnel e voltamos. O passeio todo, contando trilha e troca de roupa, dura 1:30-2h. Após o mergulho, fomos para a flutuação no rio da prata. Não vou entrar em muitos detalhes pois já falei sobre este passeio e inclusive deixei o link lá em cima do relato que fiz. A única coisa que preciso falar é que, desta vez, eu estava com uma camera subaquática e pude tirar fotos e fazer vídeos e tive a presença do sol, que mudou completamente o cenário. Fazer o passeio em dia nublado é bonito, mas fazer com sol é completamente diferente. Muito mais bonito, muito mais cores, muito mais vida. Deixo então as fotos e vídeos desta minha segunda (de 5) ida ao rio da prata.

A primeira nascente, desta vez peguei bem ela


Cores vivas iluminadas pelo sol

Início do passeio com peixes e luz dando ainda mais vida ao rio





Até a próxima.

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Pausa na série. Nem tudo são flores.

Hoje vou dar uma pausa na série falando sobre Bonito e região, para falar sobre alguns momentos e acontecimentos extra-passeios de quando morei em Bonito. Estava dando uma lida no meu diário de viagens, e achei um relato do dia 18/05/18. Após este relato do dia 18, contarei sobre outros acontecimentos.

"Dois meses que consegui um emprego. Estou morando com um colega da agência, fiz vários passeios, não tenho pressa, preocupações, entreguei a casa que morava em SP e não pago mais aluguel. Tô mais leve... Mas continuo sozinho. Dois dias atrás enviei mensagens para várias pessoas do meu passado (amigos e amigas). De alguns não tive resposta; de outros, a conversa morreu em minutos; algumas duraram mais tempo, algumas horas; apenas com uma pessoa a conversa continuou no dia seguinte, mas já morreu também. E a solidão volta a dar as caras. Isso tudo me mostrou que eu não tinha futuro e agora nem passado tenho mais. Sou um vácuo atemporal. Só me resta tentar aproveitar ao máximo o presente. 'Felicidade só é real quando compartilhada."

Nas primeiras semanas dividindo a casa, até o segundo mês talvez, a convivência era boa. Dormíamos no mesmo quarto (em camas separadas), as nossas coisas ficavam ali e havia respeito, até uma série de eventos acontecerem que mudaram as coisas. No mês de abril, ambos estávamos de atestado por conjuntivite e eu corri para ir a SP entregar a casa. Ele me ligou dizendo que "achou" um dinheiro meu e pediu R$50 emprestado. Eu disse que tudo bem. Um dia, após eu já ter voltado, recebemos a visita da família dele. Irmão, cunhada, mãe e sobrinhos vieram. Fizemos churrasco, conversamos, nos divertimos. Para receber os visitantes, o quarto "da bagunça" foi arrumado. Dois dias após eles terem ido embora, notei que havia R$70 meus faltando. Conversei com ele e ele disse que não sabia de nada. A partir daí, ele "se mudou" para o outro quarto. O problema foi que ele trancava o quarto dele, mas eu não podia trancar o meu pois o guarda roupas ficava lá e as coisas dele estavam lá. Meu problema é que eu confio demais nas pessoas e aceitei esta situação, até o dia em que "sumiram" R$350. Fui conversar com ele "de homem pra homem", e ele atuou muito bem demonstrando chateação, preocupação e dizendo que não sabia de nada, novamente. Eu sabia que ele estava com dificuldades financeiras pois havia batido o carro dirigindo bêbado (e depois fiquei sabendo que até cocaína ele havia cheirado). Exatamente no dia seguinte que meu dinheiro sumiu, ele chegou com várias sacolas de mercado e lojas de eletrônicos, dizendo que pegou dinheiro emprestado com sua mãe. A partir daí, comecei a trancar meu quarto. Não passou nem um dia que tranquei o quarto, ele veio reclamar que as coisas dele ficaram trancadas. Eu falei, então, que deveríamos trocar de quarto e ele concordou. Demorou uma semana pra isso acontecer. Quando finalmente trocamos, foi como se nada tivesse mudado, pois eu notei, por várias vezes, que ele estava entrando no meu quarto. Havia feito chave reserva. Ele estava bebendo e usando drogas constantemente e alucinadamente. Inclusive na agência. Em finais de semana, quando não havia ninguém da gerência presente, ele ia no bar da frente tomar cachaça durante o expediente. Em um destes domingos que estávamos no mesmo horário, ele já estava bêbado e tomando cachaça dentro da agência na caneca de agência inclusive. Foi aí que ele veio me mostrar que estava bebendo e derrubou cachaça na minha camiseta, me deixando com cheiro de pinga o resto do dia. Soma-se a isso o fato de que eu descobri que ele mentiu pra mim o valor do aluguel, e eu estava pagando praticamente sozinho. Minha raiva por ele só aumentava a cada dia. Ele foi um dos maiores motivos de eu ter ido embora de Bonito.

Hoje eu não tenho mais contato com ele. A última notícia que tive, foi que ele fugiu de Bonito após ter roubado o cofre de uma agência.

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Série atrativos de Bonito e região, parte 08

Depois de algum tempo sem postar por dificuldades técnicas, estou de volta e volto a falar sobre o tempo que passei em Bonito. Como prometido no Instagram (@pedalador_de_historias) e no Facebook (Pedalador de histórias), vou falar sobre outro passeio de cachoeira que visitei, mas que tem muito mais do que só as cachoeiras. Hoje vou falar sobre a Ceita Corê.

Em Tupi-Guarani, Ceita Corê significa "terra de meus filhos". Como a quase totalidade dos passeios, é uma propriedade particular que abriu suas portas para a atividade do turismo. A chegada acontece ao lado de um lago maravilhoso de águas cristalinas que é ligado a uma piscina lateral construída para uso dos visitantes que podem nadar numa piscina com peixes que vem pra piscina junto da água do lago. Este lago é alimentado pela principal atração do passeio, que falarei mais tarde. De frente para o lago está a casa onde fica a recepção e o restaurante onde é servido o almoço (incluso no preço do passeio). Foi construída uma plataforma acima do lago para tirar fotos e pode contemplar o lago mais "a fundo" (tum tum tss).

Lago e plataforma

Após fazer o cadastro e passear um pouco para apreciar o receptivo "mais charmoso", o que é verdade, chegou a hora de juntar o grupo pra iniciarmos a trilha. O guia passou as instruções e informações e partimos. A trilha é bem fácil, sem muitas subidas e descidas.  Passamos por uma ponte suspensa e chegamos até o outro lado do "mini cânion" por onde o rio Chapena passa para seguirmos o caminho até as cachoeiras. Em nossa primeira parada tem uma cachoeira muito gostosa. As cachoeiras deste passeio não são tão altas, mas isto não tira a beleza e "gostosura" do lugar. Logo ao chegarmos, fomos recebidos por uma moradora local que nos deixou receosos para seguir. Alguns - eu incluso - aguardaram um pouco ela decidir o que fazer, se iria ou se ficaria bloqueando a passagem. Por fim, ela se foi e pudemos desfrutar da água que cai sem parar.

A moradora local

Primeira cachoeira

Gruta atrás da cachoeira

Massagem relaxante. Deliciosa!!!

São 6 cachoeiras no total, mas dois pontos do passeio me chamaram mais a atenção: o primeiro é uma cachoeira baixa, mais baixa que eu, mas que está numa parte bem larga e um tanto funda do rio, que é perfeita para nadar e apreciar a queda no meio do rio. A segunda é a cachoeira mais alta do passeio, que esconde uma reentrancia na rocha, por onde é possível ficar atrás da queda, porém dentro da água. Não tem gruta, apenas um recuo rochoso

Chegando na "Cachoeira da reentrancia" (batizada por mim, não lembro o nome real)

Descansando após atravessar o rio a nado e aproveitando pra contemplar aquela maravilha diante de mim enquanto a guia não me chamava para voltar e podermos seguir

Chegada na reentrancia atrás da cortina de água que visão especial

Agua verde esmeralda, um tom lindo. Só não é cristalina pela movimentação constante da água pelas quedas

Vista frontal da "cachoeira da reentrancia"

Seguem aqui outras fotos de outros pontos do passeio




Depois de tantos lugares espetaculares com paisagens de tirar o fôlego, de nadar e tomar banho em todos os pontos, atravessar rio e voltar, caminhar na trilha indo e voltando, a fome apertava e muito. Chegou a hora então de voltarmos. Bem na hora de voltarmos, na última parada ainda, eu senti um cheiro muito forte, como se fosse carniça misturada com "força". Fiquei aguardando aparecer um lobo-guará ou uma onça-parda na minha frente ou no meio do mato, mas não apareceu nada; ou meus olhos destreinados não tenham percebido. Uma pena. Mas tenho certeza de que havia algum animal grande por perto.

O almoço estava delicioso (comida eu não esqueço). Comida de fazenda num buffet com bastante variedade para repor as energias pois ainda havia a "parte principal" do passeio. Entre aspas porque é o diferencial, mas nada bate as cachoeiras. Após um tempo de siesta, a guia nos reuniu novamente para nos levar até a nascente Chapeninha. Ela nada mais é do que um buraco com aproximadamente 1,5m de diâmetro por onde brota água de dentro da terra em uma caverna subterrânea que possui, pelo menos, 155m de profundidade. Esta foi a profundidade máxima alcançada por um mergulhador na nascente. Aliás, a prática de mergulho com cilindro era uma das opções de atividades turísticas no local, mas foi interrompida após a morte de um mergulhador. Esta nascente alimenta o lago no receptivo e continua seu curso formando o rio Chapena. Apesar de não haver mais mergulho com cilindro, é possível fazer apneia (mergulhar apenas com o ar preso no pulmão) até onde conseguir. A guia levou alguns óculos de snorkel para emprestar a quem quisesse descer. O dia após o almoço ficou fechado, parecendo que iria chover e um pouco frio, então poucos se arriscaram a entrar na água. Eu, lógico, que entrei. E fui o único que arriscou descer. Após o "túnel" redondo que é visível de fora pela cristalinidade da água, tem um salão com aproximadamente 3m de altura e de largura, quase quadrado com alguns peixes pequenos e uma abertura ao fundo por onde a caverna continua descendo terra adentro. Eu desci umas 8 vezes, sempre tentando ir um pouco mais longe ou, no mínimo, ficar mais tempo memorizando o salão abaixo da superfície. Eu só parei de descer, pois na última vez me acabou o fôlego ainda na descida e, como o espaço é bem estreito, foi difícil girar para subir. Foi aí que a guia sugeriu que já estava bom. Hehehe. Neste salão a visibilidade é baixa pois entra pouca luz vindo de fora. Eu tentei filmar o salão mas a camera não captou o que os meus olhos captaram. Deixo-vos, então, apenas com a "vista aérea" da nascente. Valeu pessoal. Até a próxima.

Vista de cima da nascente

Uma das minhas descidas, filmada por um colega do grupo

domingo, 20 de outubro de 2019

Série atrativos de Bonito e região, parte 07

Começo o post de hoje falando sobre uma coisa que eu imaginava que faria falta pra quem lê o blog e que algumas pessoas me perguntaram sobre, que são os valores dos passeios que relato aqui. Eu não coloco os valores por um simples motivo: eles já mudaram duas ou três vezes desde quando eu saí de lá e não saberia dizer quanto custam hoje. Eu saí de Bonito em Agosto de 2018, mas antes de haver o reajuste para o segundo semestre. Ainda acredito que teve reajuste em janeiro deste ano e em agosto novamente. Então gente, não digo o que não sei. Porém, procurem a agência que trabalhei, a Bonito Way, que eles podem te ajudar com tudo: passeios, hospedagem, transporte hotel-atrativo-hotel e também aeroporto-hotel-aeroporto, seja do aeroporto de Bonito, seja do de Campo Grande. Também podem ajudar com passagem aérea se precisarem. Serviço completo oferecido.

Sobre o passeio que vou dizer hoje, já adianto que as fotos são de baixa qualidade, por dois motivos: é uma caverna com muito pouca iluminação (só tem uma lâmpada e ela está posicionada apenas no local de troca de roupa) e o meu celular não tinha uma câmera tão boa. Portanto, as fotos não fazem jus ao MELHOR PASSEIO DE BONITO E REGIÃO!!! Estou falando do Abismo Anhumas.

O Abismo Anhumas é uma caverna subterrânea, encontrada por acaso após um incêndio que revelou duas aberturas no solo que pareciam não ter fundo. O único meio de entrada e saída da caverna é por um rapel de 72m, salvo engano. O rapel é realizado pela menor das aberturas. É um buraco de mais ou menos 4 ou 5m de diâmetro "ovalado", não redondo. A abertura maior tem um mirante no nível do solo e é por onde entra a pouca iluminação externa, que ilumina uns 30% do total da caverna, apenas.

Minha ida ao Abismo Anhumas foi devido a outro "fã tour". (Eu explico o que é fã tour neste post https://pedaladordehistorias.blogspot.com/2019/09/serie-atrativos-de-bonito-e-regiao_24.html?m=1). Foram 3 datas liberadas e eu fui "escalado" para a última. No meu "grupo", não foi ninguém de carro, e eu precisei fazer os 27km (25km do centro até lá + 2km até onde eu morava) com a minha bicicleta simplezinha. Eu, nesta época, não estava acostumado a andar distâncias maiores do que 8km, quando chegava a tudo isso, então eu separei duas horas para ir. Eu precisava ir por três motivos: 1- era pra isso que estava lá, fazer passeios; 2- é o passeio mais caro de todos e o que possui o menor número de vagas diárias, então seria muito difícil conseguir fazê-lo em outro momento; 3- minha gerente fez um puta terrorismo em todos, dizendo que quem desse o nome e não fosse ficaria 6 meses sem fazer passeio (bjo Grazi).

Saí de casa às 4:50 da manhã. A ida até que foi tranquila para quem não estava acostumado com esta distância, principalmente quando 23 dos 27km eram em estrada de terra. Não tive nenhum problema para ir, não cansei tanto quanto achei que iria, mas eu cometi alguns erros por falta de experiência. Não levei nada pra comer e, o principal, nem água. Cheguei lá às 7 em ponto, horário marcado para chegada, e deitei no banco para recuperar as forças. Os guias me deram um pouco de água e tereré e isso ajudou.

Preparado para descer de rapel

Eu fui o primeiro a descer, o que eu recomendo a todos, pois você tem tempo para desfrutar da imensidão e "surrealidade" do local enquanto aguarda os outros membros do grupo descerem. A descida começa, como falei, pelo buraco menor. Você olha pra baixo e, igual ao outro rapel que fiz que descrevi no post anterior a este, você olha pra baixo e só vê abismo, com a diferença de que, neste passeio, não tem portinhola, é só buraco no solo rochoso com um abismo literal. No "chão" da caverna, não tem chão, mas sim um lago onde o passeio é realizado. Da entrada do rapel, é possível ver a água do lago devido ao segundo buraco por onde entra um pouco de luz. O lago se estende por toda a extensão da caverna, que é do tamanho de um campo de futebol, exceto por um pequeno pedaço ao fundo, onde existe uma parte seca que é de acesso proibido pela fragilidade rochosa. O lago possui mais de 80m de profundidade e está registrado no livro dos recordes por comportar os maiores "cones rochosos" (formações rochosas similares a estalagmites, ou propriamente estalagmites, sou leigo no assunto. Pode até ser que sejam estalactites e eu esteja falando besteira) do mundo.

O início da descida se dá cercado por parede de pedra em todo o redor por volta de 5 ou 6m. Depois destes metros iniciais, a parede se afasta gradativamente dos lados direito e atrás (olhando para o fundo da caverna), repentinamente do lado esquerdo e acaba na sua frente, se juntando ao teto da caverna, abrindo a visão para o enorme salão que se abre a sua frente, te fazendo acreditar haver entrado em outro planeta, outra realidade ou qualquer outra coisa, menos a terra em si. Um dos pontos altos do passeio, inclusive, que recomendo a todos desfrutar o máximo possível, para quem tiver condições de fazer. A descida termina em uma plataforma flutuante onde o guia já nos aguarda. Apenas duas pessoas descem por vez e a descida leva em torno de 12 minutos, contando o tempo de colocar e tirar o equipamento. A descida em si leva mais ou menos 6 min. Eu filmei a minha descida com uma Gopro presa ao capacete, mas infelizmente não pegou nada por pouca iluminação. Após todas as pessoas do grupo haverem descido, o guia passa as informações sobre o passeio e a roupa de neoprene para a flutuação ou para mergulho com cilindro, mas esta modalidade lá é só para quem possui credencial de mergulhador. E não saberia dizer qual a categoria necessária para tal.

O passeio se inicia com uma volta de bote pela caverna, onde o guia conta sobre a formação rochosa da caverna, como surgiu, como o lago nasceu e como se mantém até hoje etc. Este é o momento em que é possível tirar fotos, mas quem não possui câmeras profissionais ou semi profissionais fica em desvantagem. As lanternas entregues a nós serviam para poder enxergar as formações e também de flash.

Uma das formações da caverna. Se não me engano, é o elefante

O "guardião" do abismo. Sempre observando, sempre postado

Uma "torre" formado pelo gotejamento e acúmulo de matéria orgânica, calcário e outros minérios

Após a volta de bote, hora de se trocar para a roupa de neoprene e entrar na água. A temperatura se mantém constante em 18°C o ano todo. Dá um leve choque no começo, mas logo o corpo se acostuma. O que facilita se acostumar, é que esta flutuação é diferente das outras, pois você não é obrigado a se manter na superfície sem nadar. É possível fazer apneia (mergulhar prendendo o ar), ir e voltar, bater braços e pernas, parar, ficar em pé na água, subir e descer... Enfim, é livre, contanto que se siga o percurso feito pelo guia. O percurso é praticamente o mesmo feito de bote, só que dentro da água. Desta maneira, você tem uma visão melhor dos cones gigantescos, do fundo do lago, onde é possível vê-lo e de esqueletos de animais que caíram pelo buraco maior e morreram na queda ou por outro motivo, como fome por exemplo.

Ao finalizar a volta dentro da água, chegou a hora de se trocar e encarar a subida. Me parece que hoje já está operando (ou há planos para entrar em operação) um "elevador" - uma máquina que puxa a corda na subida - para acelerar o processo. Não vou mentir de que uma das coisas mais legais do passeio foi escalar 72m de rapel livre, mas eu imagino que foi legal para mim, que fui o primeiro. Quem ficou lá em baixo esperando quase 40min pra poder subir não deve ter achado tão legal assim. Sem contar as pessoas que começam a subir e desistem no meio da subida. Aí o guia precisa ir até a pessoa e reorganizar o material para que ela possa ser puxada pelos monitores da superfície. Até subir todo mundo do grupo, o último pode levar 4h. O passeio não perde, aliás, ganha em agilidade, mas eu amei subir de rapel por mim mesmo.  É uma conquista pessoal sensacional.

Já na subida ao final do passeio

Me faltava agora encarar os 27km de volta. Com fome, cansado, com sede e com o sol das 13h na cabeça, eu pedalei por volta de 4km até jogar a toalha e começar a pedir carona. Teve uma alma caridosa, em um Palio antigo (os mais simples são os mais generosos), que ofereceu me puxar subida acima. Eu nunca tinha feito isso, nunca gostei. Sempre gostei de fazer as coisas por mim mesmo, mas aceitei porque estava cansado, só que o que eu queria mesmo era jogar a bike num porta malas/caçamba qualquer e ir embora. Fomos assim por volta de 5min. A minha falta de experiência e o terreno acidentado não permitiram mais do que isso. Nenhum acidente aconteceu, mas eu agradeci e falei que não dava pra continuar. Ele sugeriu então o que eu queria: colocar a bike no porta malas. Como esperado, ele não fechou, e eu fui o caminho todo segurando a bike pra não cair, mas não foi trabalho nenhum fazer isso. Me deixou próximo à agência, a apenas 2,5km de onde morava, quando eu pude, enfim, comer e dormir após O MELHOR PASSEIO DE BONITO E REGIÃO.

Ps: em dezembro e janeiro, a posição terrestre faz com que a luz solar entre diretamente pelo buraco maior, iluminando o lago como se vê na imagem abaixo, tirada da internet.

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Série atrativos de Bonito e região, parte 06

Hoje vou falar sobre uma de minhas paixões, que são cachoeiras. E o atrativo escolhido é o que, em minha opinião, é o melhor passeio de cachoeira de Bonito, mesmo não ficando em Bonito, está localizado na cidade de Bodoquena, a aproximadamente 70km de Bonito. Estou falando da fazenda Boca da Onça. Este passeio é um daqueles que a descrição escrita do passeio não faz jus ao que você encontra ao chegar lá e fazer a trilha. Eu precisei fazer o passeio para realmente entender e poder mensurar o quão maravilhoso ele é.

Saída marcada para 7:30 da manhã, lá estava eu, com câmera subaquática emprestada e empolgação. Não só porque iria tomar banho de cachoeira, mas também porque haviam me falado e mostrado coisas sobre uma das cachoeiras, o Buraco do Macaco - vou falar mais pra frente - e também porque seria a primeira vez em minha vida que faria rapel (consegui cortesia pro rapel também, yay!!!).

A viagem foi tranquila, estrada boa mesmo após sairmos do asfalto. Chegamos no receptivo do atrativo e recebi uma plaquinha indicando o grupo que eu iria fazer parte junto da orientação para o local de treinamento do rapel. Uma plataforma de uns 8 ou 10m de altura onde foram passados os procedimentos para chegar na hora já sabendo o que fazer e poder apreciar melhor a descida.

Entrada do atrativo

Após o treinamento, pude aproveitar o tempo restante para a saída comendo o delicioso café da manhã servido no restaurante. Mini chipas, queijo, manteiga e requeijão feitos na fazenda com leite tirado do gado próprio, leite (óbvio), bolo, pão caseiro, pão de queijo... Tudo feito lá e tudo maravilhoso.

Depois de abastecer o bucho, fomos chamados pelo guia. Nos dirigimos ao início da trilha de camionete onde o guia passou as instruções e informações, como de costume.  Iniciamos indo todos até a plataforma do rapel, onde tínhamos uma vista espetacular do vale do Rio Salobra, onde os rios das nascentes que formam as cachoeiras deságuam. Como só eu e mais uma pessoa do grupo iríamos fazer o rapel, o restante do grupo se dirigiu até a escada para iniciar a descida dos 886 degraus, se não me engano. São quase 900, sei que é degrau pra caramba!!!

Visão do vale da plataforma de rapel

Enquanto eles desciam pela escada, eu e o meu companheiro descíamos pela corda do maior rapel de plataforma do Brasil. São 90m de descida livre. Quando estávamos prontos para descer, com todo o equipamento posto em pé sobre a portinhola por onde iríamos descer, que estava fechada até então, estava tudo tranquilo. Quando o guia abriu a portinhola que eu olhei pra baixo e vi o abismo, senti um frio na barriga súbito, com um misto de empolgação e medo (mais medo do que empolgação). Porém, quando "sentei" na cadeirinha (as cordas formam meio que um apoio para sentar), que a minha visão se dava pra frente e eu via todo o vale e o derredor, o medo foi embora e eu simplesmente apreciei a descida que durou cerca de 8 minutos.

Eu e meu companheiro de descida

Quando chegamos ao final da descida, ainda havia metade da escada para descer. O grupo já havia passado por ali, então fomos ao seu encontro. Paramos em um dos vários pontos de descanso/mirante onde o grupo estava. A escada pode tanto ser subida quanto descida. Quando tem gente agendada para fazer o rapel, o grupo desce a escada. Quando não tem ninguém agendado pro rapel, apenas pra trilha, depende da sorte de começar o passeio descendo ou subindo quase 900 degraus, sendo que a subida é após 5h de caminhada... As duas vezes que fiz o passeio eu dei sorte e desci a escada. Porém, na segunda, não teve rapel, foi a escada toda mesmo. Neste ponto de descanso, o guia tirou a foto "clichê", mas divertida, e eu entrei na brincadeira.

Vista de baixo da plataforma de rapel com a cachoeira à esquerda

Foto clichê do passeio

Quando o grupo começa o passeio descendo a escada, a primeira cachoeira é logo a que dá nome ao passeio e à fazenda: a Boca da onça. Maior cachoeira do estado do Mato Grosso do Sul com 152m de queda, se não estiver enganado. Mas acho que é isso mesmo. Apesar de parecer ser artificial, é bonita e tem um poço, que também parece artificial, bem gostoso pra banho.

A cachoeira Boca da Onça. Em tempo de seca da pra ver melhor a formação que lembra uma cara de onça atrás da cachoeira

Tomando banho no poço


Dali, voltamos pra trilha e seguimos para mais uma parada para banho, desta vez numa prainha no rio Salobra. Água bem verde, quase esmeralda, geladinha para refrescar da caminhada e com uma profundidade razoável para aproveitar e nadar mais solto, com uma visão da cachoeira Boca da Onça de outro ângulo.

O ponto do rio para banho

Visitantes enfeitaram minha mochila na parada da prainha

Seguimos então a trilha a caminho das cachoeiras seguintes. Não lembro o nome de todas, até porque apenas 3 cachoeiras possuem paradas para banho, as outras 4 são apenas para contemplação, mas a seguinte só não é a melhor porque tinha a Buraco do Macaco ainda mais pra frente. A Poço da Lontra é uma cachoeira pequena, com aproximadamente 3m de queda, se é que chega a tudo isso, mas tem um poço sensacional para tomar banho. Começa bem rasinho até que chega a ter uns 4m de profundidade e o poço se estende até uma reentrancia após a queda. Lugar bom para mergulhar, saltar das pedras e tomar uma massagem. Só não é 100% graças aos peixes pequenos, tipo lambari, que ficam beliscando nossa pele. Principalmente a mim, que tenho muitas pintas e eles acham que é comida.

Poço da lontra

Não seguindo a ordem exata das cachoeiras, deixarei a Buraco do Macaco pro final. As seguintes cachoeiras são apenas para contemplação. Seja por preservação das trufas calcarias (que eu explico o que são aqui: https://pedaladordehistorias.blogspot.com/2019/09/serie-atrativos-de-bonito-e-regiao.html?m=0 ), seja por medidas de segurança dos visitantes.


Duas das cachoeiras para contemplação que não me lembro os nomes.

Para chegar, enfim, à Buraco do Macaco, é preciso encarar outra escada, porém desta vez com aproximadamente 200 degraus "apenas". Chegando na Buraco do Macaco, a cereja do bolo, primeiro nos dirigimos a uma visão de cima da cachoeira. Podemos ver o rio descendo até chegar ao buraco. Mas afinal, o que é a Buraco do Macaco??? Ela é uma cachoeira que cai dentro de uma gruta, com uma abertura circular no topo. De cima, onde estávamos, podíamos ver tanto o rio, quanto dentro da caverna. Uma visão linda que só iria melhorar.

Vista de cima da cachoeira

Depois de ficarmos ali algum tempo, aguçando a expectativa e esperando o grupo anterior sair, nos dirigimos até a entrada da caverna, que se dá pelo leito do rio. Foi colocada uma corda guia presa dentro da caverna e esticada até o deck para auxiliar a entrada de quem não tem tanta destreza na água. A abertura é um vão de mais ou menos 1m de altura até o nível da água (lembrando que nesta época havia chovido bastante e os rios estavam bem cheios) com um teto rochoso que se estende por uns 2m até chegarmos ao "salão redondo" da caverna, com o buraco circunférico no teto e a água caindo sem parar ali dentro. É, definitivamente, o ponto alto do passeio e, graças a este lugar exclusivamente, que é, na minha opinião, o melhor passeio de cachoeiras da região de Bonito. A sensação é de estar em outro mundo. Dentro da caverna a profundidade é de uns 3 ou 4m. Apenas nas paredes que é possível se apoiar nas pedras e somente em um ponto que dá pra sentar nas pedras e em outro que dá para ficar em pé. Fora isso, não dá pé em lugar nenhum. Mas isso não impede que seja espetacular e nem de tomar uma massagem da cachoeira, que cai no meio da gruta.

Entrada da caverna

Que lugar!!!

Infelizmente, o guia pediu que saíssemos dali e fossemos embora. Eu poderia morar ali naquela caverna facilmente. O consolo foi que um almoço de fazenda nos esperava e, após 5h de caminhada e muita braçada e mergulho (tem um ponto de apoio com uma lanchonete com coisas pra comer e/ou beber) a fome era grande, e o almoço é incluso no passeio, bem como o café da manhã que mencionei no começo. Devorei aquela comida maravilhosa e parti pra sobremesa. Depois disso, relaxei nas cadeiras esperando a hora de partir. Não aproveitei a piscina com água (canalizada) de nascente nem o redario que tem no receptivo, mas não fizeram falta nenhuma. Já estava bom demais para um dia só. Agora eu só queria dormir.