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02-Minha companheira

Fico extremamente triste e indignado ver que, pessoas que antes seguiam a Cristo, deixam de segui-lo sem motivo algum. Suas vidas estão bem, seus relacionamentos bem, suas famílias bem... Simplesmente foram saindo e saíram. Sem mais nem menos. Não passaram por nenhuma situação traumática ou algo parecido. No máximo, terminaram um namoro.

E, o pior, é que não ficou nada do temor que antes tinham. Enchem a boca (e os dedos) de palavrões, vivem vidas promíscuas, não tem mais preocupação nenhuma em dar bom testemunho... Suas vidas agora são apenas para si mesmos.

Não sou perfeito e tenho lutas tremendas em minha vida, mas, em meio ao caos que estou vivendo atualmente, pelo menos o temor eu ainda tenho.

Porém, isso só me dá mais raiva. Raiva de saber que, por toda minha vida, tentei fazer o que era certo e dar bom testemunho, buscar a vontade de Deus e tudo o que recebi foi uma dor maior que minha alma; raiva de saber que, pessoas que não estão nem aí com nada, conseguem ter uma família, conseguem viajar, conseguem sorrir, conseguem ser felizes; de saber que todo meu esforço em servir, não valeu de nada; que a busca da minha vida foi em vão; que tudo a que me abneguei, todas as minhas escolhas, tanto as certas como as erradas, só me trouxeram a um momento de tristeza, solidão e raiva; raiva de saber que meu pai me abandonou, quando eu mais precisei. Que me ignorou. Que não ouviu a minha oração, que não satisfez o desejo do meu coração, que não atendeu ao meu clamor. De saber que o pai não responde ao filho. Que o rei não está disponível para seu povo. Que o médico dos médicos decidiu não tratar o doente. Que o único que podia salvá-la, resolveu não fazê-lo. Raiva de saber que, além de tudo isso, permitiu o sofrimento além das forças. Sofrimento que moeu o corpo e o espírito. Sofrimento que fez morrer muito mais do que um corpo. Fez morrer sentimentos de amor. Raiva de saber que, tudo isso que aconteceu e que está acontecendo agora, Ele já sabia, mas não fez nada para impedir. E continua sem fazer. Continua sentado em seu trono de majestade e glória, apenas olhando, enquanto sofremos, agonizando. Esperando que clamemos por Ele, mesmo já tendo clamado imensamente antes, sem ter tido resposta alguma além do silêncio, que dói mais do que um não. Não. Não clamarei. O fiz com toda a fé que podia ter, com toda a sinceridade do meu coração. Quanto tempo perdido...

A dor não passa, ela apenas é esquecida por alguns momentos de distração. A raiva também não se vai. Só aumenta a cada dia. Vou sendo corroído, moído, despedaçado, esmagado a cada dia por elas. Até quando aguentarei...?

“A vida continua” dizem alguns. “Que vida?”, pergunto eu. Eu tinha uma vida. Minha vida mudou. No dia em que conheci aquela que se tornou um comigo, já não era mais o mesmo de antes. Minha vida acabou. Eu era um, e este um não mais existe.

Me dá muito mais raiva saber que não consigo viver como aquelas a quem me referi no começo deste texto. De saber que, mesmo com toda a raiva, com todo o sentimento de abandono, com o relacionamento rompido, eu não consigo viver pra mim mesmo e fazer o que quero sem me preocupar com mais nada.

Ah raiva, minha companheira...


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