Pesquisar este blog

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Série atrativos de Bonito e região, parte 03

Hoje vou falar sobre o segundo passeio de cachoeira, mas não necessariamente o segundo que eu visitei, porque não lembro a ordem, já falei isso no post anterior. Falarei hoje sobre a Estância Mimosa.

Quem vem acompanhando o blog, sabe que teve grandes enchentes e muita chuva na região de Bonito até uma semana antes de eu chegar na cidade, e isto ocasionou em vários danos aos atrativos. Decks e escadas foram levados pelos rios, árvores foram derrubadas e arrastadas pelas águas, ficando em posições que interferiam no curso do passeio (pra quem não sabe, não se pode mexer em árvore sem autorização de órgão responsável, nem mesmo depois de ela ter caído. Muito menos em alguns atrativos que são reservas de proteção permanente) e até algumas cachoeiras que deixaram de existir ou mudaram de lugar devido ao deslocamento/quebra de rochas e desvio natural do fluxo do rio, assoreamento de partes mais profundas, dentre outras alterações. Alguns atrativos tiveram alguns destes problemas, outros não foram afetados. A Estância Mimosa foi premiada com todos estes impactos. Uma cachoeira mudou de lugar, outra cachoeira precisou mudar de nome pois a formação rochosa foi descaracterizada, havia uma plataforma de salto em uma parte mais profunda do rio que ficou assoreada e com um tronco no local onde o salto era realizado, decks e escadas tiveram de ser refeitos... Enfim, o atrativo ficou fechado por quase dois meses para reforma e reestruturação de como o passeio seria feito.

Logo que reabriu, eu fui fazer o passeio, em um dos primeiros dias de reabertura. No receptivo existe uma lagoa onde o anfitrião Toni o recebe de braços abertos para um abraço, muito carinhoso que ele é. Fiquei aguardando por alguns minutos até meu grupo ser chamado para uma casinha um pouco acima do receptivo, onde foram passadas as instruções de segurança e informações sobre o passeio. Iniciamos o passeio indo de camionete até o início da trilha, que pode ser cansativa para pessoas que não estão tão em forma assim ou que possuem alguma restrição motora, pois tem alguns trechos com escadaria longa e subidas e descidas. Diferente do outro passeio de cachoeira que falei no outro post (na parte 01 desta série), a trilha é uma só. Vamos e voltamos pelo mesmo caminho. Do outro lado do rio, fica outro atrativo, o Parque das Cachoeiras. Das 6 cachoeiras existentes na Estância Mimosa, 3 são compartilhadas com o Parque. Então você pode escolher fazer apenas um dos dois se não quiser ver as mesmas cachoeiras duas vezes.

Uma das cachoeiras do passeio que mudou de lugar

Após caminharmos consideravelmente na trilha, chegamos até um ponto onde pegaríamos um barco para ir até a última e maior cachoeira do passeio. É uma remada bem gostosa, sem pressa e aproveitando da paisagem e da beleza da água.


Neste trecho, fomos de barco. Este tronco no meio do rio foi trazido pela água da chuva e da enchente

Ao chegarmos na última cachoeira, paramos para tomar banho. O guia nos levou até uma pedra que fica embaixo da água onde pudemos saltar, tomar massagem e descansar e nos mostrou também uma corda para podermos ir até o meio do rio onde a queda é mais alta e não há pedras para subir, apenas uma profundidade de aprox. 5m.

Esta é uma das cachoeiras compartilhadas

Pessoal do grupo (que entrou na água) na pedra que o guia nos levou

Na volta passamos por todas as outras cachoeiras, cada uma com sua beleza e característica.

Nesta cachoeira está a parte mais larga do rio e onde tem uma grutinha atrás da cachoeira que pode ser acessada passando pela água

Para tomar massagem, esta foi a melhor de todas

Uma quedinha d'água para curtir mais relaxadamente

O passeio todo (contando as paradas para banho e instruções do guia) dura em torno de 4h, mas é feito sem pressa e num ritmo leve de caminhada.  Na volta teve um almoço delicioso, que também contou com o doce de leite, aquele que eu falei alguns posts atrás, já que a Estância pertence ao mesmo dono do Rio da Prata. Novamente me deliciei com o doce de leite, que eu digo que é o diferencial do atrativo para os outros passeios de cachoeira. Cada um tem o seu - e vou falar deles cada um no seu post exclusivo -, sendo o da Estância o doce de leite. Claro que as cachoeiras são lindas, a água do rio Mimoso é deliciosa e clarinha com um tom esverdeado que dá um toque legal, mas o doce de leite só tem lá (e no rio da prata, mas lá não é cachoeira).

Obrigado.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Série atrativos de Bonito e região, parte 02

Hoje vou falar sobre dois atrativos, pois tenho pouco a falar sobre eles, mas ambos tem histórias interessantes envolvidas

O primeiro a ser falado, por pura questão cronológica, é o Balneário do Sol. Infelizmente não tenho muitas fotos de lá, pois estava "ocupado". Nos finais de semana, o horário na agência era "corrido" e se alternava. Neste dia, um sábado, trabalhei de manhã e saí as 13h. Havia uma garota (não vou dizer o nome para proteger a identidade) que estava fazendo treinamento para trabalhar na agência e também estava de manhã. Combinamos de ir ao Balneário de bicicleta após o expediente. Eu ainda não tinha uma bicicleta na cidade, mas já havia pesquisado uma e mandei mensagem para o antigo dono para pegá-la. O que eu não sabia é que, nas duas semanas que eu pesquisei até comprar, a bicicleta ficou ao ar livre, tomando sol e chuva. A garota pegou uma bicicleta emprestada com uma amiga e fomos.

Chegamos lá e achei o lugar lindo. Deveria ter tirado mais fotos... É um balneário no rio Formoso, em um trecho, que começa raso e vai ficando mais fundo, até ter uma profundidade suficiente para salto e queda de tirolesa. Tem também uma mini queda d'água que fica do outro lado do rio, mas é totalmente acessível e gostosa de se sentar. O balneário também oferece várias atividades "não-aquaticas", mas não posso dizer quais pois não fiz nenhuma. Eu sei que tem uma trilha dos macacos ou algo assim. Aliás, tomem cuidado, pois os macacos abrem bolsas e roubam comida. Às vezes até mais do que só comida... Mas eu posso dizer que a parte do rio é muito gostosa e foi o balneário que mais gostei. E nem foi pela "distração", foi pela beleza mesmo. Na volta, a minha bicicleta, que havia ficado duas semanas enferrujando, quebrou alguma coisa que não lembro o que, e precisamos pedir carona após o por do sol, no meio do mato, com duas bicicletas. Sorte que passou uma camionete com dono simpático e nos levou na caçamba.

A única recordação que tenho do balneário do Sol. 

Esta garota, alguns dias depois, quando voltei à agência depois de dois dias de folga, deu uma leve surtada comigo ao contar sobre um atendimento que havia feito na agência. Deixei quieto, mas já liguei o alerta. Não saberia dizer quanto tempo depois, ela deu uma outra surtada, porém desta vez não foi comigo, mas com uma colega. Jogou alguns papéis na mesa dela dizendo que não ia fazer o que foi pedido, que era parte do trabalho, e foi embora da agência.

Cerca de um mês depois encontrei com ela, que estava namorando um menino. Ela disse que "poderia ser a gente". Eu concordei com ela e disse que realmente poderia, se ela não tivesse surtado. Não a vi mais depois deste dia e fiquei sabendo que ela havia voltado para o RS, de onde veio e onde deixou a filha de dois anos para ser criada pela mãe. Eu hein... Mas o balneário vale a pena!!! Hahahahaha

O segundo atrativo é o Bonito Aventura. Coitados deles... Não por fazerem um mal trabalho, ou ser feio ou oferecer um serviço ruim, apenas por ser pouco vendido pelas agências. Não sei como aquele lugar sobrevive, sinceramente... No dia que fui lá, pouco mais de um mês depois que estava trabalhando na agência e também num sábado (desta vez fui de manhã pro atrativo e fui trabalhar a tarde), estava nublado e era um "fã tour", que é uma data selecionada para que os funcionários das agências possam conhecer o atrativo. Vários atrativos fazem isso e em várias épocas do ano (sempre em baixa temporada).

Eu liguei lá e agendei minha ida para fazer o boia Cross. Pediram que eu fizesse meu próprio voucher e levasse lá. O passeio agendado para as 8h. Cheguei lá um pouco antes, entreguei o voucher, conversei um pouco com a recepcionista sobre o atrativo para obter mais informações (eles tem outros passeios além do boia Cross, pergunte na agência para saber quais) e fiquei aguardando meu horário. Só tinha eu para fazer o passeio, com dois guias e um fotógrafo. Tinha mais gente trabalhando do que fazendo passeio..

Pronto para começar o passeio

Passeio é bem tranquilo, apenas com algumas corredeiras

Qualquer idade pode fazer, exceto bebês, lógico.



Quando era mais ou menos 9:30 eu estava me preparando para ir embora, quando o guia me falou que estava sendo feito um almoço para mim. Eu achei estranho, pois meu passeio era muito cedo e rápido para ter almoço. Principalmente porque não fazia parte do fã tour. Mas realmente o almoço era pra mim. Eu não tinha o que fazer ali então disse que iria ao balneário municipal que fica ao lado e eu também ainda não conhecia (as fotos e história de lá ficam pra outro post) e voltaria para almoçar.

Eu fiquei com aquilo na cabeça, pois era tudo muito estranho e não fazia sentido. Quando enfim voltei para lá, perguntei pra recepcionista se no voucher estava com almoço, e ela respondeu que sim. Eu havia colocado a opção de almoço no atrativo no voucher por engano!!!! Pedi muitas desculpas, expliquei que foi engano da minha parte pois ainda estava aprendendo a mexer no sistema e fiz questão de pagar o almoço. Ela deve ter achado que eu era muito folgado quando viu o voucher... Hahahaha

Por hoje é só. Próximo post falo sobre outro atrativo de cachoeiras que visitei.





domingo, 22 de setembro de 2019

Série Atrativos de Bonito e região, parte 01

Ah, os planos... Planejei viajar por 4 meses pelo Brasil. Só em Bonito acabei ficando 5. Gostei bastante de trabalhar na agência. Conversei com gente do Brasil todo e de vários países. Holanda, que é o que mais envia turistas para lá, Alemanha (segundo lugar), França (que eu tenho uma história hilária sobre uma turista francesa, mas contarei mais para frente), Portugal, Itália, Espanha, Argentina, Paraguai, Bolívia, Peru, Índia, Japão, Suiça, EUA, Inglaterra, Bélgica, Bósnia (que também tenho uma história)... São os que me lembro no momento, mas acredito que faltaram países. Fora que o trabalho me possibilitava fazer os passeios. E é deles que vou começar a falar. Pretendo falar de todos que fiz, mas acho que nem todos eu terei fotos. Foram 5 passeios de cachoeiras, 4 flutuações, 5 balneários, 2 grutas, 1 boia Cross, 1 trilha de quadriciclo, 1 mergulho com cilindro, 1 descida de bote no rio, algumas idas ao Buraco das Araras e algumas idas ao Pantanal (6 fazendas no total, mas apenas uma enquanto ainda morava em Bonito). Isso se não estiver esquecendo de nenhum passeio. Lá tem muita coisa pra fazer!!!

Eu não lembro exatamente a ordem que fiz os passeios, e isso nem importa na verdade. O único passeio que me lembro a data foi a primeira ida ao Pantanal, mas fica para um post mais pra frente. Hoje eu vou falar sobre a minha ida à Nascente Azul.

Lá na Nascente Azul tem, além da flutuação, um balneário em lagoa (artificial) onde foi construída uma estrutura chamada "aqualoko", que são 6 pontes suspensas, cada uma com um nível de dificuldade, para se divertir a vontade, mergulho com cilindro na parte lateral da lagoa, uma piscina para crianças e uma estrutura de aventura com Quick jump (bungee jump pequeno), pêndulo humano, onde você fica suspenso por cordas sendo jogado de um lado para o outro como um pêndulo, e uma tirolesa, que é a maior do estado com 450m de descida livre. Quando você lê todas estas informações e vê as fotos, você não tem muita noção de como é realmente o local e nem qual a sensação que passa. Por isso que as agências conseguem cortesia nos passeios: é crucial que os agentes conheçam os atrativos para poder passar realmente como são os passeios e poder atender ao turista, pois cada pessoa tem um perfil e cada atrativo tem um perfil também.

Cheguei na Nascente Azul no meio da manhã, por volta das 10h. Fui para a piscina, mas não curti muito porque é bem rasa, para criança mesmo. Fui então para o balneário. Como falei, é uma lagoa, então não senti muita empolgação, mas dá pra se divertir nas pontes do aqualoko, que são um desafio realmente. Pior é quando vem umas crianças e passam correndo onde você tava se matando pra passar... Tem também uma tirolesa e uma plataforma de salto. Dá pra passar bem o tempo enquanto espera para fazer a flutuação.

Plataforma na lagoa. Dá para saltar dela e de uma outra um pouco mais alta

A piscina existente lá, com água da nascente

Algumas das pontes do aqualoko com os peixinhos na lagoa

Meu grupo da flutuação estava marcado para 11:30. Fomos então e, por coincidência, a guia da vez foi a Inês, a mesma que conheci nas cachoeiras da serra da Bodoquena. Nos juntamos no horário para ouvir as instruções e informações sobre o passeio e saímos. A nascente fica para cima de onde o balneário foi construído, é preciso fazer uma trilha para chegar, mas a trilha é bem curta e fácil. No caminho passamos por uma queda d'água linda em uma formação rochosa chamada "tufa calcária". É quando os materiais orgânicos vão se sedimentando ao longo da queda formando uma "escada" de calcário. Sempre que esta formação ocorre, a queda serve apenas de contemplação, pois a rocha calcária é muito frágil e muita gente pisando, andando e subindo com certeza irá quebrar as tufas.

Tufas calcárias no caminho. Um espetáculo de visão

Para a flutuação, o uso do colete salva-vidas é obrigatório, pois, a não ser pelo ponto inicial, a profundidade chega a ser de 70 centímetros, então, para garantir que as pessoas não afundem e não mexam muito o corpo, braços e pernas para não levantar sedimento e estragar a visão de quem vem atrás, o colete é obrigatório. Mas sempre tem aquele indivíduo que pisa no fundo, que bate braços e pernas...

A parte inicial da flutuação é mais livre. Com uma profundidade de 7m e bastante vegetação e pedras, é possível fazer apneia (mergulhar prendendo o ar), nadar, curtir, descansar no deck, voltar pra água, brincar e, claro, tirar fotos.

Visão da nascente de fora

Água maravilhosa

O bom das águas de nascente de Bonito e região, é que elas se mantém em uma temperatura média o ano todo, que fica entre 20-24°C, então, independente da temperatura que faz fora da água, a água estará nesta temperatura. Mas só as de nascente!!! Na nascente da  Nascente Azul, o pessoal do atrativo estendeu uma corda que sai do deck e vai até o fundo, onde você pode se puxar e se prender para tirar fotos e fazer graça. Também é possível olhar em uma fenda numa rocha ao fundo. Neste local tem grande quantidade de peixes pequenos.

Usando a corda para descer ao fundo

Esta é a parte principal do passeio. O restante do passeio, como falei, é bem raso, então não tem muitos peixes, apesar de conseguir encontrar alguns, é um percurso bem curto. É a menor flutuação em percurso e em duração, o que é ideal para crianças e pessoas que nunca flutuaram e tem receio. Assim como qualquer outro passeio de flutuação, não é necessário saber nadar, pois ninguém nada, apenas flutua-se.

Ao fim, voltamos e partimos atacar o almoço. Aliás, os almoços dos atrativos sempre valem a pena, pois sempre tem um buffet gigantesco para servir a vontade. Eu sempre engordo quando vou a Bonito. 

No meio da tarde eu fui descer a tirolesa. Gostaria de fazer também o Quick jump e o pêndulo mas não foi possível, infelizmente. De lá de cima da plataforma eu senti um frio na barriga que deu um certo medo, mas depois que você senta na cadeirinha pra descer, é só curtir a paisagem. A vista de toda a região, passando no meio de árvores lindas. É muito gostosa a sensação do vento no rosto e a vista maravilhosa. Eu tinha um vídeo, mas acho que perdi pois não o achei, pena.

A estrutura da tirolesa, Quick jump e pêndulo humano ao fundo

Se você está com família, com crianças pequenas ou grandes, tanto faz, Nascente Azul é o lugar para ir. É a flutuação mais curta e a que aceita bebês, mas não sei informar ao certo a idade mínima, mas não deixa nada a desejar para as outras em termos de beleza, você ainda tem o balneário para curtir e passar o dia relaxando na piscina ou na lagoa e, se quiser aventura, tem também!!! É um passeio completo que vale a pena ser conhecido.

Ps: amanhã, segunda, eu vou começar um treinamento numa escola de inglês aqui na cidade onde estou para dar aula. Se tudo der certo, dia 03/10 começo as aulas com uma turma nova. 

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Há males que vêm para o bem, de verdade..

Queria começar o post de hoje dizendo que eu, como um bom paulistano, não sabia a importância que tinha a chuva. Hoje, depois de quase 6 meses sem chover na região, caiu uma chuva rápida, meio que uma introdução à estação chuvosa, que já serviu para amenizar a temperatura e melhorar a qualidade do ar. Agora, voltemos no tempo até a época em que ainda estava em Bonito.

Os dias que seguiram ao passeio nas cachoeiras da Serra da Bodoquena foram de procura de emprego, em que eu havia me determinado a não fazer mais nenhum passeio até arranjar um emprego, ou fazer um último e ir embora caso não conseguisse nada.

Começando pelo dia seguinte ao passeio, eu fiquei o dia atualizando meu currículo para poder entregar na cidade. Realmente passei o dia fazendo isso. Minhas habilidades com celular não eram tão evoluídas quanto hoje, que ainda são bem diminutas. Me dou muito bem com computador/notebook, mas celular é um desafio pra mim.

Lá no couchsurfing foi a primeira vez que cozinhei na cidade. Fiz um macarrão e bife. Outra coisa que é MUITO IMPORTANTE sobre Bonito, é que a água encanada (torneira, chuveiro etc), bem como a água dos rios e nascentes, tanto de Bonito como de Jardim e Bodoquena, as duas cidades vizinhas que também possuem atrativos, tem grandes concentrações de calcário e magnésio. Para quem não está acostumado, uma quantidade ingerida não muito grande desta água pode servir como laxante natural. Eu sabia disso e estava evitando a todo custo (consciente) de beber da água calcárea. O que eu não imaginaria é que cozinhar macarrão na água calcárea daria o mesmo resultado. Pelo menos, é a única explicação que eu tenho para a diarréia que me deu de noite. Ainda demorou várias horas para fazer efeito, mas fez, e fez forte!! Mas, como venho fazendo há alguns anos já, sobrevivi.

Os dias seguintes se alternaram entre preguiça de sair de casa e ficar o dia inteiro morgando de molho, e rodar a cidade inteira atrás de emprego. Em uma das noites, fiquei sabendo de um rock'n roll que iria rolar na Bonito Beer. Fui lá conferir, mas era um acústico muito mal feito, desafinado e no embromation. Teve uma hora que eu me segurei para não tirar o microfone da mão do vocalista e cantar Learn to Fly do Foo Fighters.

Já fazia quase 10 dias que estava procurando emprego na cidade. Em todos os lugares eu ouvia que era baixa temporada, que ninguém estava contratando, que seria muito difícil, que estavam com quadro cheio... Até que uma pessoa de uma das (muitas) agências da cidade me falou que a Bonito Way estava contratando. Fui lá para uma última tentativa. Se não desse certo, iria embora. Talvez até sem fazer o tal último passeio. Cheguei lá e falei com uma das agentes, que eu, sinceramente, não lembro com certeza quem foi. Ela me mandou para a sala de uma das gerentes, a Grazielle. Conversamos alguns minutos e ela me fez duas perguntas cruciais: "você vai morar aqui definitivamente ou tá de passagem?", ao que eu respondi meio com medo de falar a verdade, dizendo que ainda não sabia, e a segunda foi "pode vir amanhã às 7 para começar o treinamento?", o que eu rapidamente respondi que sim.

No dia seguinte cheguei lá todo feliz as 7h para iniciar meu treinamento. Fomos eu e uma garota que também havia chegado recentemente na cidade, vinda do interior do estado do Rio de janeiro.

No meu segundo dia na agência eu decidi ser franco e honesto e ver o que aconteceria: cheguei na Grazi (já estava íntimo, haha) e falei que meu intuito era ficar só 3 meses para aproveitar da cidade e partir para outra. Se eles aceitassem, ótimo.  Se não, eu iria embora de consciência limpa sabendo que não enganei ninguém. Ela me disse que iria conversar com a outra gerente (a GG master Ana) e com a dona (Drica) e me daria a resposta no dia seguinte. Chegou então o dia seguinte, e ela me falou que aceitaram, que eu poderia continuar o treinamento. Mais tarde descobri que foi a Ana que me "bancou". Obrigado Ana, vai Corinthians!!! Mas agradeço também à Grazi e à Drica pela oportunidade e pela paciência que tiveram comigo.

A menina que entrou comigo era bem novinha, nunca tinha trabalhado na vida e teve bastante dificuldade em pegar o ritmo, coitada. Tinha medo, parecia. Não durou muito tempo. Saiu da agência depois de mais de um mês (pessoal lá é BEM paciente) e passar mal no expediente. Eu nunca havia trabalhado com vendas ou com atendimento, mas não tinha muito segredo. Era muito fácil o trabalho. Eu, em pouco mais de uma semana, já estava vendendo. Minha segunda venda foi para um grupo de 7 ou 8 paraguaios que foram empurrados para mim porque ninguém se arriscou a falar espanhol com eles. Não que eu estivesse reclamando, vendi bem. Achei bom, até.

Fiquei ainda alguns dias na casa do couchsurfing que estava, até que fui morar com um colega da agência que procurava alguém para dividir o aluguel. Achei que seria uma boa para nós dois e parti.

Tudo caminhando bem. Empregado, morando numa casa mobiliada e dividindo aluguel e, o mais importante, aproveitando as folgas para fazer passeios. Não vou ser hipócrita de dizer que eu tinha qualquer outro objetivo em arranjar emprego na cidade, mas isso não quer dizer que eu fazia meu trabalho de qualquer jeito também. Claro que vacilei em alguns momentos, fiz algumas besteiras, afinal era um mundo novo para mim, mas no final acredito que fui bem, para alguém totalmente inexperiente. Tenho até medo de receber feedback do pessoal da agência, prefiro ficar na ignorância, hahahaha (to rindo, mas é sério).

Havia só uma coisa que eu precisava resolver agora: eu ainda pagava aluguel da minha casa em SP (quem me acompanha desde o começo, sabe que eu pretendia voltar para SP após 4 meses de viagem. Quem chegou agora, leia os outros relatos anteriores para saber como cheguei até aqui). Mas já não era mais o caso, pois eu havia decidido morar e trabalhar. Eu precisava, então, dar um jeito de "me livrar" das minhas coisas e entregar a casa. Foi então que apareceu uma folga de 5 dias da agência, com menos de um mês que eu estava la. O pessoal lá é muito bonzinho??? Nada disso. Peguei conjuntivite e o médico deu 5 dias de atestado. Aproveitei para (acabar com minha reserva financeira) ir para SP e resolver este assunto. Foi uma via sacra para ir e para voltar. Peguei a van para Campo Grande e desci na última cidade antes de CG, chamada Sidrolândia. Lá eu peguei um taxi que me levou, pelo meio do mato, as 23h, até um local por onde o ônibus para SP iria passar. Cheguei lá me cagando de medo tanto de ser jogado no meio do mato e ninguém me encontrar nunca mais, quanto de perder o ônibus. Nenhum dos dois aconteceu e consegui embarcar. Em SP, vendi o que consegui vender, doei algumas coisas, joguei fora o que ninguém quis e guardei o resto, ou na casa do meu irmão ou na casa dos meus pais. Entreguei a casa e voltei. Na volta, peguei um avião até Presidente Prudente, de lá ônibus até CG e por último, a van para Bonito. Pronto!!! Estava, finalmente, livre de SP e livre para viajar sem rumo, sem pressa e sem destino.

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Planos mudam!

Meu tempo em Bonito estava acabando. Eu havia reservado o hostel por 4 diárias para, então, seguir em frente. A partir dali, eu não havia mais planejado nada, a não ser que queria chegar em Chapada dos Guimarães. Na minha cabeça, de quem não conhecia nada da região nem de como funcionavam as coisas, eu pensava em ir até Corumbá e subir o rio Paraná de barco cortando o Pantanal inteiro até o Mato Grosso, ou ir para a Bolívia, que haviam me indicado fortemente. Porém, só iria decidir ao chegar em Corumbá.

Ainda em Bonito, uma das pessoas que eu conheci no hostel, foi um carioca que já tinha sido guia no Pantanal e conhecia os bisus (paranauê/macete/manha) da região. Ele me falou uma coisa que me fez mudar totalmente os planos: "Quem trabalha em agência aqui em Bonito tem cortesia nos passeios. Você fala inglês, vai ser fácil arranjar emprego". Pronto! Não precisava de mais nada. Decidi então, ali, procurar emprego numa área que nunca havia trabalhado em nenhuma vida. Mas, pra isso, eu precisava sair do hostel para um lugar mais barato. Comecei a procurar um couchsurfing e achei um exatamente de uma menina que trabalhava no hostel, mas eu ainda não a havia visto. Neste dia, que seria meu último dia cheio na cidade, não fiz nenhum passeio para economizar um pouco, pois os passeios são um pouco caros, sim. Sai para passear na cidade com o pessoal do hostel. Fomos em lojinhas de lembrança, almoçamos e fomos ao mercado comprar ingredientes para caipirinha. De limão e de maracujá. Ficaram deliciosas. Assistimos ao jogo Manchester United x Sevilla pela Champions League, sendo que tinha um casal de ingleses e o cara era torcedor dos red devils. Foi hilário ver ele sofrendo com o fraquíssimo time inglês sendo eliminado em casa e pedindo, desesperadamente, por uma caipirinha após o término do jogo. No dia seguinte também tive "folga", mas foi porque fui conversar pessoalmente com a menina do couchsurfing. Ela tomou um susto, porque não usava havia algum tempo e não tinha me visto por ali ainda, mas aceitou e fui pra casa dela, à noite, quando saí do hostel, depois de assistirmos ao complemento da rodada da Champions League e combinar com o pessoal de fazer um último passeio, pois eles estavam indo embora. A Fernanda relutou bastante, pois havia marcado outro passeio, mas conseguimos convencê-la a ir conosco.

Eu, Euan e Vicky (os ingleses), Mayka (holandesa) e Fernanda

Eu e Fernanda no nosso bar improvisado

O passeio escolhido foi o das Cachoeiras da Serra da Bodoquena, que ficam na cidade de Bodoquena. 7:30 a van passaria para nos pegar. Esqueci de comprar coisa pro café da manhã, ja que não estava mais no hostel, e saí desesperado as 7h procurando alguma coisa pronta. Achei um lugar e pedi um pastel e um salgado. Paguei os dois e estava comendo o salgado enquanto o pastel era frito, quando vi uma van passando e achei que era a minha. Falei pro cara que não daria pra comer o pastel e já ia sair correndo, quando ele me levou de carona até lá. No final, não era a minha van e ainda fiquei esperando algum tempo por lá. Quando a van enfim chegou, desta vez eu fui o último e fomos embora. No caminho tivemos uma aula de história da região que foi ótima, mas não lembro de nada pra ser sincero.

Ao chegarmos, ficamos aguardando o horário do nosso grupo. Outra coisa IMPORTANTE: Todos os passeios em Bonito tem horário marcado para começar. Se você chegar depois, você perde o passeio, e os horários são cumpridos rigorosamente. Principalmente em alta temporada. Enquanto aguardávamos, tomamos cachaça de Guavira (fruta da região, que faz um suco e um sorvete deliciosos) e de cajazinho. Mesmo não gostando de cachaça pura, experimentei, mas não entendo como alguém consegue beber um negócio que parece álcool puro...

Fomos recebidos pelas belas Araras Canindé

E pelas Seriemas, as "patricinhas do cerrado", por parecerem usar maquiagem.


Chegou a hora do nosso grupo e nossa guia, Inês, nos chamou, acompanhada do avaliador Júnior, pois ela estava terminando o estágio para começar a guiar sozinha. Ela passou as instruções de segurança, sobre o passeio e os itens que poderiam ser usados, como papete (sandália anfíbia) e colete salva-vidas, que eram pegos ali mesmo. Após tudo isso, já iniciando a trilha, uma senhora pediu pra voltar para pegar o colete, fazendo todo mundo esperar ela voltar. Como dizia meu avô, "velho não deveria ter nascido". Porém, esquecemos disso pois o passeio era maravilhoso. Como havia chovido muito nos últimos meses e parado de chover fazia uma semana, o rio estava com muita água mas já havia "limpado", ou seja, não estava mais turva/barrenta. Passamos por 5 cachoeiras e uma corredeira, que foi a primeira parada.

Esta é a 3a cachoeira do passeio, que forma um L. Na ponta da curva, à direita, tem uma mini gruta atrás da queda d'água.

A segunda queda do passeio. Pequena, mas deliciosa pela massagem.

A 4a e mais alta de todas, além de contar com a parte mais larga do Rio Bertione durante o passeio.

Seguimos andando após esta cachoeira, até chegarmos ao "balneário" do passeio. Uma parte com uma pequena queda d'água, mas quase sem correnteza, onde tem uma tirolesa, boia, caiaque e pode-se nadar a vontade. Ficamos ali esperando por algum tempo até o grupo anterior voltar, pois nosso caminho nos levaria para a última cachoeira, mas desta vez pelo rio, remando em um bote. A cachoeira era pequena e cheia de pedras em baixo, por isso tomamos banho acima dela. Deu até para brincar saltando de um deck pro rio. Na volta para o balneário, tentamos "batizar" a Inês, jogando-a na água para comemorar o término do estágio, mas ela se jogou primeiro. Fomos então para o almoço, que estava muito bom também. Depois do almoço ainda voltamos ao balneário para brincar mais um pouco. Na volta, marcamos com a Inês e o Júnior de tomarmos cerveja, e ela pagou a primeira rodada em agradecimento.

Galera na Bonito Beer

Praça onde é o "centro" de Bonito com as Piraputangas, peixe símbolo da cidade por ser abundante na região.

Depois ainda fomos ao pub, mas estava completamente vazio e só tomamos mais algumas cervejas e fomos embora.

Muito obrigado.

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Nada é definitivo.

Já começo o textao de hoje com a foto da minha barraca. Depois de muito apanhar na primeira noite pra montar a barraca, peguei o jeito e apanhei menos na segunda. Agora, voltemos ao ponto onde paramos a história.

Meu segundo dia de passeios em Bonito se iniciava. Van marcada para 7h, café meio pronto, deu pra comer alguma coisa antes. Novamente fui o primeiro, mas tinha mais gente do hostel indo pro passeio. E, desta vez, todos para o mesmo. Tivemos uma parada prévia no Buraco das Araras mas não me interessou fazer o passeio, então fiquei aguardando na recepção. A estrada estava em reforma e tinha alguns trechos de terra, bastante difíceis pelas chuvas que caíam na época. Aliás, eu cheguei em Bonito uma semana depois de um fenômeno gravado em vídeo que fez bastante sucesso sobre a enchente que deu, justamente no passeio que eu estava indo fazer: a flutuação no Rio da Prata. (Link para o vídeo https://youtu.be/hpsugpjc3dE). Isto aconteceu porque choveu muito (muito mesmo) e o Rio Miranda, maior rio da região, onde deságuam quase todos os rios, encheu demais, o que fez com que os outros rios fossem represados pela própria água, enchendo assim todos os rios da região. Isso causou, além de sujar a água deixando-a turva, a destruição de decks/plataformas/escadas e até rochas deslocadas, mudando curso de rio e posição de cachoeiras. Mas também trouxe ariranhas, que não eram comuns, e causou a fuga/morte de muitos peixes.

Estes atrativos (Rio da Prata e Buraco das Araras) ficam numa cidade vizinha chamada Jardim a uma distância de 45km de Bonito (a fazenda Rio da Prata). O passeio consiste em uma trilha até a nascente do Rio Olho d'água, onde é feita a maior parte da flutuação, até chegarmos no Rio da Prata para o trecho final. É a flutuação mais longa de todas disponíveis na região. Incluindo a trilha, a duração é de 3:30 - 4h.

Chegamos por volta das 10:15 e meu grupo estava marcado para 11:30. Comi alguma coisa pois o almoço (incluso) seria servido só depois do passeio. Próximo da hora de sairmos, o céu ficou carregado e a guia sugeriu de que pulássemos a trilha, indo de carro direto para a nascente. Todos concordaram e eu já achei que iria perder outro passeio... Felizmente, não foi cancelado. Fizemos o passeio normalmente, apesar da minha briga com a máscara que não vedava direito e entrava água. Depois descobri que era por causa da barba. Ossos do ofício.

                  Água cristalinissima

Uma moça com Gopro tirou fotos minhas e me mandou. Muito obrigado.

Em determinado momento, quando a correnteza fica mais forte e saímos da água para caminhar um pouco, a guia avistou um jacaré dentro da água, mas eu já havia passado e não consegui retornar para ver. Passamos pela ponte que no vídeo estava submersa e voltamos para a água. Na segunda parada, chegamos no "vulcão", uma nascente a 3, 4m de profundidade que mexia e remexia a areia no fundo, parecendo que estava fervendo. Neste momento é possível fazer apneia e mergulhar para tentar pegar a areia (no resto do passeio, MUITO IMPORTANTE, NÃO PODE NADAR NEM MEXER OS PÉS para não levantar areia para quem vem atrás. É só flutuar MESMO). A roupa de neoprene aumenta a flutuabilidade do corpo, e não consegui chegar ao fundo, sem contar que a água saindo da nascente nos empurra para cima. Mas tentei.

Minha tentativa (frustrada) de chegar ao fundo

O último trecho, que seria a chegada no rio da Prata e a descida por alguns metros, estava "interditada", pois a água estava turva devido as chuvas que caíram semanas antes. Todo o percurso foi feito com o céu nublado, cinza, com ameaça de chuva, mas isso não tirou a beleza do passeio de forma alguma. Apenas "diminuiu". Voltamos então para a recepção para matar a fome. Que comida deliciosa!!! Experimentei sopa paraguaia pela primeira vez. Como o nome diz, comida típica paraguaia, que de sopa não tem nada. Até a sopa é falsa no Paraguai!!!

Sopa paraguaia. Uma torta de queijo, cebola e milho

Mas o melhor estava guardado para a sobremesa... Um doce de leite feito na fazenda com leite do gado criado lá mesmo. Cozido por 8h no fogo, o doce de leite mais espetacular que já comi na vida. E eles levam o tacho onde ele é feito para ser raspado com colher. Igual ou até melhor que o de MG. Só ele já vale o passeio!!!

De volta ao hostel fiquei conversando com umas meninas que jogavam sinuca e tomando cerveja juntos. A holandesa estava no meio e uma outra era a Fernanda, com quem tenho contato até hoje.

Apesar dos pesares, o segundo dia em Bonito foi bom, mesmo não tendo sido em Bonito. Será que a primeira impressão é realmente a que fica?

sábado, 14 de setembro de 2019

Atenção aos sinais.

Como eu falei anteriormente, Campo Grande, o MS em geral, seria só um caminho a atravessar para chegar na Chapada dos Guimarães.

Eu havia reservado o hostel em Campo Grande por 3 dias (2 noites) e iria para Bonito ficar mais 4 noites. Meus dias restantes em Campo Grande foram de preguiça no hostel, tomando banho de piscina e conversando. Conversei com hóspedes, com worldpackers e com os donos (Helena e seus meninos). Conversei sobre viagens, destinos e outras coisas mais. Lá, começaram a fazer minha cabeça para ir para a Bolívia, algo que eu não tinha nem considerado. De noite saí para tomar cerveja com a Carla, uma mochileira carioca super gente boa, quase não parece carioca. Hehehe. No último dia em CG entrei em contato com o Murilo pra ver se a ida para Bonito estava de pé, mas ele deu pra trás. Então, tomei tereré no hostel e arrumei as coisas para partir, com um bombom de presente da Helena de lembrança. O jeito foi ir de ônibus. A van, apesar de mais rápida, era quase o dobro do preço e eu ainda não conhecia os bisus da região...

       Despedida com foto, foto, foto, foto

6h depois, cheguei em Bonito. E aí foi uma saga para chegar no hostel. A internet não funcionava direito e eu não conseguia acessar o mapa e quase não conseguia conversar com amigos para me direcionarem. 1:30h andando numa cidade que se estende por 4 ruas paralelas!!! Ninguém conhecia o hostel para me direcionar... Enfim, consegui chegar. Já fui recebido em inglês porque o cara achou que eu era gringo. Só deu tempo de arrumar as coisas, agendar alguns passeios, comer e dormir.

Meu primeiro passeio em Bonito seria a flutuação na Barra do Sucuri. Seria, pois o dia foi um desastre. A van chegou às 9:55 e eu fui o primeiro a entrar. Começou então a peregrinação pelos outros hotéis da cidade, pegando turistas que fariam passeios na mesma direção do meu. Cheguei no meu destino as 11:15, sendo que meu horário era 12:30. Quando deu meio dia, começou a chover meio forte, e os recepcionistas do atrativo começaram a se questionar se o passeio aconteceria, pois a água poderia ficar turva.

                     Chuva veio forte

Foi exatamente o que aconteceu, e o passeio foi cancelado. Fiquei então 1h tentando falar com o motorista da van sem sucesso. Resolvi então ir andando até a Praia da Figueira, um balneário distante 1km de onde eu estava. Já não chovia e fui. Cheguei lá, paguei a taxa de entrada (absurdos R$65,00). Assim que pus o pé lá dentro, a chuva voltou com força e o salva-vidas mandou todos saírem da água. Eu nem tinha entrado ainda... Pelo menos, nos dois locais tinha wi-fi, o que fez ser menos pior a experiência. Quando a chuva parou, eu finalmente entrei na água. Uma lagoa artificial que não vale o valor pago, desculpe, mas é verdade. É fato que tem várias atividades, como tirolesa, caiaque, stand up paddle, pedalinho... Mas em 1h, depois de 5 descidas na tirolesa e uma volta no caiaque, eu já estava entediado.

                    A praia da figueira

20min se passaram e deu a hora do motorista chegar para voltar ao hostel. Se na ida eu fui o primeiro, na volta eu fui o último. Falei pro agente que não havia feito o passeio e meu dinheiro foi devolvido.

De noite conheci uma holandesa desesperada para encontrar alguém que falasse inglês ou holandês para conversar, e acabei conhecendo, de quebra, mais duas meninas que jogavam sinuca.

Primeiras experiências em Bonito foram péssimas. Internet ruim, perdido numa cidade pequena, passeio cancelado e um lugar extremamente comum e tedioso. Tudo indicava que não deveria ficar lá por muito mais tempo além do que já havia reservado.

PS: Depois de muito resistir, comprei uma barraca para mim. Dei um jeito de fazer caber na bicicleta e pretendo economizar com hotel quando não achar outro lugar para ficar. Ainda não tenho foto dela montada porque estou indo agora para onde vou acampar, mas amanhã tiro pra vocês. Fiquem com a foto dela na bagagem.

Dentro da sacola a barraca

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Nada para fazer???

Vou começar a história de hoje falando sobre a última. Aqui está o link para a entrevista que dei para a rádio universitária para quem quiser ouvir: https://www.almalondrina.com.br/o-desmantelamento-dos-projetos-sociais-no-pais/

Falando ainda sobre as últimas postagens, gostaria de deixar claro que, nesta etapa da viagem, eu estava apenas de mochila, não estava ainda de bicicleta. Só caso não tenha ficado claro.

Sobre hoje, me mudei de Barra do Garças onde passei duas semanas e estou em Primavera do Leste-MT. Mas ainda tenho muito a contar antes de chegar aqui. Vamos lá!

Cheguei em Campo Grande no dia 08/03/2018 as 5h da manhã. O check-in do Hostel Orla Morena (aliás, recomendo!! A Helena e seus meninos, Filipe e Gabriel, são super gente boa e o astral lá é sempre lá em cima), que eu havia reservado pelo booking, estava marcado para depois do meio dia. Fiquei na rodoviária usando o wi-fi e dando um tempo até que deu fome. Era quase 7h. Fui procurar alguma coisa ali perto para comer e achei uma lanchonete do outro lado da avenida. Os carros paravam para eu atravessar na faixa, achei o máximo!!

Comi uns salgados e perguntei pra ele o que tinha pra fazer na cidade, já que tinha bastante tempo para gastar. Me surpreendi com a resposta: "NADA!". Eu questionei, como nada? Ele insistiu dizendo que não tinha nada, apenas o shopping. Eu pensei comigo: "sou de SP, shopping é algo que eu não preciso ver, mas não é possível que não tenha nada... Um parque, um museu, qualquer coisa...". Resolvi então ir até o hostel ver se eu conseguia ao menos deixar a mochila lá para dar um rolê sem peso. Cheguei lá e permitiram que eu fizesse o check-in naquela hora mesmo. Já aproveitei para dormir um pouco pois no ônibus não se dorme direito. Acordei ao meio dia e saí para caçar um restaurante barato e conhecer a cidade. Haviam me indicado duas coisas para comer: Sobá e pastel de jacaré no mercadão. Fui em direção à feira central, mas descobri da pior forma, dando viagem perdida, que ela só abre de noite. Mas tinha um boteco do outro lado da rua que servia almoço e comi lá.

Nas minhas andanças, cheguei na Morada dos Baís. Hoje é um museu/Sesc. Durante o dia funciona o museu que conta um pouco da história da cidade e da família Baís no começo do século XX, mais especificamente da Lídia Baís, pintora, musicista e revolucionária numa época em que mulher não podia fazer nada, ela foi lá e fez várias coisas, e de noite tem programações culturais, em sua maioria musicais de vários estilos. Conta também a história do pai dela que é irônica, no mínimo. Ele, apaixonado por trens, levou a ferrovia para Campo Grande e fez um desvio para que passasse em frente de sua casa (onde hoje é o museu). Quando já bem velho, sem enxergar,escutar e andar direito, saiu da varanda e, traído pela sua paixão, foi atropelado por um trem e morreu.

Fui também à casa do artesão, que fica na esquina de cima, no camelódromo, do outro lado da rua e no mercadão, que fica atrás do camelódromo, onde comprei um ímã de geladeira de lembrança de Campo Grande (lembrem-se de que meu objetivo seria voltar para SP após 4 meses). Acabei não comendo o pastel porque achei muito caro e terminei meu tour no Parque das Nações Indígenas, uns 4km pra cima de onde eu estava. Parque muito bonito com pista de corrida/caminhada, ciclovia, um lago cheio de capivaras e pássaros, tucanos e araras sobrevoando nossas cabeças, quatis e cotias aparecendo aqui e ali, quadras esportivas... Enfim, posso resumir como sendo o "Ibirapuera de Campo Grande". De lá, saí com o Murilo, que conheci no hangouts do couchsurfing (lembram do app??? Não serve só pra hospedagem, serve para conhecer pessoas também) e fomos tomar umas cervejas com seu amigo Godman (acho que é isso mesmo o nome dele). Ele me levou na feira, finalmente, mas também não comi o Sobá. Não tava a fim de pagar R$25,00 por uma sopa de macarrão. Pelo turismo valeria a pena, mas meu orçamento de mochileiros não permitiu. De lá ele me levou até outro bar que afirmou ter o melhor kibe do mundo. Pedi um e provei. Era maior do que o normal e vinha recheado com mussarela e provolone (provolone é uma delícia, né? Falem a verdade). Bem gostoso o kibe, mas achei meio caro R$7,00. Fomos de lá para um outro bar chamado Drama, que fechou algum tempo depois. Tinha uma promoção de Mojitos, comprava 1 levava 2. Tomei os 2 Mojitos, onde eu aprendi que não gosto de Mojito, e terminamos a noite tomando lanche e com a promessa de irmos a Bonito dali a alguns dias. Mais planos se formando!!!

terça-feira, 10 de setembro de 2019

Primeira parada, primeira incerteza, primeira gafe.

Acredito que todos (os que leram) perceberam que todos os eventos são passados. Uma das minhas motivações para criar este blog foi divulgar lugares incríveis que conheci e ainda estou conhecendo que são desconhecidos de qualquer pessoa que não more num raio de 200km destes lugares. E eu fico um pouco ansioso de chegar logo na data de hoje, para poder compartilhar com vocês os lugares maravilhosos que estou conhecendo aqui onde estou hoje, em Barra do Garças e alguns passados que conheci recentemente também. Não só os lugares, mas as pessoas também. Só pra dar um gostinho, eu estava conversando com uma pessoa daqui que teve problemas sérios de saúde e, depois que se curou, fez uma viagem de bicicleta pela Bolívia para comemorar. Esta pessoa incrível, chamada Tairone, junto de sua esposa, Manu, e o amigo Arnaldo que tem uma bicicletaria, ontem me presenteou com dois pneus novos e ainda me deu uma grana para me alimentar nos próximos dias. Mas é só uma palhinha pra vocês. Voltando ao passado agora...

Enfim, sai de casa no dia 04/03/2018, em direção a Umuarama. Na minha primeira parada já tive algumas incertezas: meu primo não havia confirmado se poderia me receber e o ônibus que eu peguei iria até Londrina apenas. Tentei encontrar carona para Umuarama, mas não consegui. O jeito foi ir de ônibus mesmo. Cheguei em Umuarama com a confirmação de que ficaria na casa do meu primo, mas já estava vendo outras possibilidades pelo Couchsurfing. Aliás, abrindo um parêntese aqui, pessoas, usem o couchsurfing. Recebam viajantes em sua casa. Não importa se você não tem uma cama king size com colchão da NASA, travesseiro de plumas de ganso e lençol de 28494 fios egípcios. Viajante só quer dormir. Além de estar ajudando, poderá ouvir histórias incríveis. Vale a pena. Voltando pra história, foi através do couchsurfing que eu conheci a Ana. Uma menina mulher, professora universitária, mãe, filha e DJ na rádio universitária. Ela não podia me receber, mas demos um rolê pela cidade, tomamos cerveja (mas precisa parar com essa mania de tomar cerveja com gelo, não existe isso), contei minha história e acabou rendendo uma entrevista pro programa de rádio que ela dirigia. Ainda escolhi a playlist. Tentei encontrar um link, mas não consegui. Na casa do meu primo, tomei banho de piscina, conversei, ganhei um livro e agradeci. Fiquei em Umuarama até dia 07, quando fui para Guaíra PR tentar visitar o Parque nacional de Ilha Grande. Chegando lá que descobri que não tem o que fazer. Acabei só pagando um pescador na beira do rio pra dar uma volta no rio comigo. O rio Paraná é muito grande. MAS MUITO GRANDE MESMO!!! Ele me levou até o outro lado, onde tinha uma prainha na margem oposta, já na cidade de Mundo Novo MS. Foi minha primeira vez no estado. Depois de tomar um banho, ele me levou até perto da ilha. Realmente não tem nada. Nenhuma estrutura para desembarcar, nenhuma praia, nada. "Só" mato e árvores. Talvez tenha animais silvestres, mas acho difícil. Me levou então para um "porto" na margem paranaense e para uma ilha pequena, que não faz parte do parque (ou faz, não sei ao certo), onde mora um senhor paulista com seus cachorros. Ele faz/conserta cadeiras, mas acredito que só por hobby mesmo, porque não deve dar renda. Na volta, o pescador me indicou ir até o clube da marinha ver o pôr do sol, e foi a melhor coisa que eu fiz em Guaíra. Na hora de ir embora, fui até a rodoviária comprar a passagem. Vi que o ônibus saia as 21:30, chegava as 21:50 em Mundo Novo e as 5h em Campo Grande. Fui questionar se o horário estava certo, pois achei muito difícil de acreditar que o ônibus levaria apenas 20min para chegar. Só para atravessar a ponte foi mais do que isso. Então o vendedor me lembrou de que o MS fica em outro fuso horário, e que a saída era no horário de Brasília e a chegada no horário do Amazonas. Logo, era 1:20h de viagem. Aí eu dei risada e fui esperar o ônibus chegar para ir.

              Vista de uma parte da Ilha

         Prainha onde tomamos banho

Casa do senhor "ermitão" com um de seus cachorros

Momento tenso no rolê, parados em baixo da ponte, mas de propósito

Por do sol, olhando para Salto del Guayra, no Paraguai.

domingo, 8 de setembro de 2019

Planos!!

Desde quando eu comecei a viajar algumas pessoas me falavam para divulgar de alguma forma. Sempre relutei bastante, e hoje explico porquê.

Quando voltei para SP de Ilhabela, comecei a planejar minha viagem. Procurando roteiros, destinos, rotas, caminhos, que seja. Eu havia acabado de cadastrar minha casa para receber hóspedes pelo airbnb, e já tinha uma reserva de dois dias com saída dia 02/03, então marquei minha viagem para iniciar dia 04/03/2018.  O plano inicial era viajar por 4 meses passando em todos os estados brasileiros, com exceção do RS. Como eu já conhecia SC, também não faria parte da viagem. Seria uma viagem curta e pessoal, para eu "me encontrar". Então, demorei para começar a compartilhar. Mas fazia um diário para mim mesmo.

Fiquei o mês de fevereiro inteiro planejando, organizando, pesquisando... O primeiro destino que eu pretendia gastar um pouco mais de tempo (talvez uma semana), era a Chapada dos Guimarães, no MT (1 ano e meio depois ainda não cheguei lá, mas estou perto). Então, comecei a pesquisar qual caminho iria fazer para chegar lá. Decidi, então, conhecer o MS, mas apenas como um meio para um fim. Uma passagem apenas. Escolhi Campo Grande e Bonito, os dois únicos roteiros do estado que haviam chegado ao meu conhecimento limitado de paulistano. Claro que sabia do Pantanal, mas não sabia como funcionava e não me aprofundei para saber.

Passei então a pesquisar como faria para chegar em Campo Grande. Poderia ir por MG-GO e poderia ir atravessando o estado de SP (por duas rotas diferentes), mas eu decidi descer para o PR e subir para o MS pelos seguintes motivos:
- nas minhas pesquisas, "descobri" o Parque Nacional de Ilha Grande. Este parque, na verdade, é formado por três ilhas localizadas no meio (dã) do Rio Paraná, que se estendem por 110km (acho que é isso). A ponta final da maior ilha, no ponto mais sul do parque, fica na cidade de Guaíra, divisa com o MS e fronteira com o Paraguai. E na minha inocência, acreditei ser uma área para visitação e turismo. Porque um parque nacional não seria?
- eu tenho um primo (primo da minha mãe, meu primo de segundo grau) que mora em Umuarama, cidade vizinha de Guaíra.

Estava então, montado o primeiro trecho da viagem. Chegada em Umuarama dia 05/03 pela manhã, ida para Guaíra dia 07 apenas para passar o dia e ir para Campo Grande de noite para chegar dia 08, quando eu já havia reservado um hostel. A jornada estava começando.

sábado, 7 de setembro de 2019

Companheira de sempre

Desde criança algumas coisas me acompanham até hoje: bola (principalmente de futebol, mas mais tarde a de basquete se juntou), música (graças a minha mãe, apesar de eu ter me "aprofundado" mais) e viagens, onde adquiri meu amor por água. Quando eu tinha aproximadamente um ano, morando ainda na capital paulista, fomos para o litoral sul do estado, na cidade de Itanhaém. Ao chegar na praia, saí correndo em direção ao mar. Vendo que a onda era mais forte que eu, sentei na beira da água e brinquei. Porém, de volta ao hotel, que tinha uma piscina, novamente saí correndo e, desta vez, pulei na água. Meu pai correu atrás e pulou comigo.

Eu cresci indo para Florianópolis, visitar meus avós e tios, indo a praia. Passávamos as férias de dezembro e janeiro lá. Só voltávamos depois do aniversário do meu irmão no começo de fevereiro. Íamos sempre pra lá.

Mas outra coisa que também me acompanhou a vida toda foram as mudanças. Com 2 anos e meio, aproximadamente, mudamos para Franco da Rocha na grande São Paulo. Depois de alguns anos fomos para Ponta grossa PR. De lá, voltamos para SP, mas pro interior, em Americana. Mais uma mudança, desta vez para o nordeste. 6 anos morando em Campina Grande PB, onde mudamos 4 vezes dentro da cidade (uma casa que ficamos alguns dias até achar uma casa de aluguel e 3 casas alugadas). Em 2008 voltamos para SP, mas para Ribeirão Pires, no "grande ABC". Um ano e pulamos para Santo André. Mais algum tempo e voltamos, enfim, para SP, onde moramos em duas casas na ZN, até que casei e fui morar com minha esposa.

Após a morte dela, continuei minha peregrinação costumeira. Fui morar com alguns "amigos" (quer dizer, com um "amigo", os outros foram legais) no centro de SP e, após sermos todos expulsos da casa, fui para o Ipiranga, voltando às minhas origens.

Trabalhei por 10 anos como treinador de futebol em escolinhas, clubes profissionais, categoria de base, centros de formação de atletas, projetos sociais, campo, society, futsal... Meu último emprego no futebol foi num projeto social na favela de Heliópolis chamado Unidos de Vila Carioca. Eu sempre admirei o trabalho realizado por eles, tanto pela ação social, como pelo desempenho das equipes, que sempre disputavam as competições para ganhar, e sempre tive vontade de trabalhar lá. Em 2015 eu finalmente consegui alcançar esta meta, que não era realmente uma meta, mas um desejo. Continuei lá após minha morte, até que, no final de 2017, o projeto teve seu financiamento encerrado, e fui desligado pois o clube não tinha mais como pagar meu salário.

Deprimido, entediado, não sabia o que fazer da vida, acordava, passava o dia todo sentado no computador, saindo apenas para comer. Uma semana fiquei assim, até que me enchi e resolvi fazer uma das coisas que sempre me acompanharam desde pequeno: viajar. Escolhi um lugar no litoral onde ainda não havia ido e que não fosse tão longe. O lugar foi Ilhabela. Reservei um hostel e fui.

Assim que cheguei no hostel (Casa dos Oliveiras, recomendo), conheci um cara que estava indo embora. Este cara havia saído de Campinas e rumava para o Acre. De bicicleta! Quando ele me contou apenas estas informações sobre ele, algo dentro de mim se manifestou e disse: "É isso que vou fazer".

                   Mirante do coração
            Vista da praia do Jabaquara.
         Aluguei uma bicicleta e fui. 16km.
                   Praia do Jabaquara.
                Plataforma no caminho.
                 Usei pra dar uns pulos.
              Quer cachoeira? Também tem.
                    Cachoeira do Veloso.
                      Uma de muitas.