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domingo, 20 de outubro de 2019

Série atrativos de Bonito e região, parte 07

Começo o post de hoje falando sobre uma coisa que eu imaginava que faria falta pra quem lê o blog e que algumas pessoas me perguntaram sobre, que são os valores dos passeios que relato aqui. Eu não coloco os valores por um simples motivo: eles já mudaram duas ou três vezes desde quando eu saí de lá e não saberia dizer quanto custam hoje. Eu saí de Bonito em Agosto de 2018, mas antes de haver o reajuste para o segundo semestre. Ainda acredito que teve reajuste em janeiro deste ano e em agosto novamente. Então gente, não digo o que não sei. Porém, procurem a agência que trabalhei, a Bonito Way, que eles podem te ajudar com tudo: passeios, hospedagem, transporte hotel-atrativo-hotel e também aeroporto-hotel-aeroporto, seja do aeroporto de Bonito, seja do de Campo Grande. Também podem ajudar com passagem aérea se precisarem. Serviço completo oferecido.

Sobre o passeio que vou dizer hoje, já adianto que as fotos são de baixa qualidade, por dois motivos: é uma caverna com muito pouca iluminação (só tem uma lâmpada e ela está posicionada apenas no local de troca de roupa) e o meu celular não tinha uma câmera tão boa. Portanto, as fotos não fazem jus ao MELHOR PASSEIO DE BONITO E REGIÃO!!! Estou falando do Abismo Anhumas.

O Abismo Anhumas é uma caverna subterrânea, encontrada por acaso após um incêndio que revelou duas aberturas no solo que pareciam não ter fundo. O único meio de entrada e saída da caverna é por um rapel de 72m, salvo engano. O rapel é realizado pela menor das aberturas. É um buraco de mais ou menos 4 ou 5m de diâmetro "ovalado", não redondo. A abertura maior tem um mirante no nível do solo e é por onde entra a pouca iluminação externa, que ilumina uns 30% do total da caverna, apenas.

Minha ida ao Abismo Anhumas foi devido a outro "fã tour". (Eu explico o que é fã tour neste post https://pedaladordehistorias.blogspot.com/2019/09/serie-atrativos-de-bonito-e-regiao_24.html?m=1). Foram 3 datas liberadas e eu fui "escalado" para a última. No meu "grupo", não foi ninguém de carro, e eu precisei fazer os 27km (25km do centro até lá + 2km até onde eu morava) com a minha bicicleta simplezinha. Eu, nesta época, não estava acostumado a andar distâncias maiores do que 8km, quando chegava a tudo isso, então eu separei duas horas para ir. Eu precisava ir por três motivos: 1- era pra isso que estava lá, fazer passeios; 2- é o passeio mais caro de todos e o que possui o menor número de vagas diárias, então seria muito difícil conseguir fazê-lo em outro momento; 3- minha gerente fez um puta terrorismo em todos, dizendo que quem desse o nome e não fosse ficaria 6 meses sem fazer passeio (bjo Grazi).

Saí de casa às 4:50 da manhã. A ida até que foi tranquila para quem não estava acostumado com esta distância, principalmente quando 23 dos 27km eram em estrada de terra. Não tive nenhum problema para ir, não cansei tanto quanto achei que iria, mas eu cometi alguns erros por falta de experiência. Não levei nada pra comer e, o principal, nem água. Cheguei lá às 7 em ponto, horário marcado para chegada, e deitei no banco para recuperar as forças. Os guias me deram um pouco de água e tereré e isso ajudou.

Preparado para descer de rapel

Eu fui o primeiro a descer, o que eu recomendo a todos, pois você tem tempo para desfrutar da imensidão e "surrealidade" do local enquanto aguarda os outros membros do grupo descerem. A descida começa, como falei, pelo buraco menor. Você olha pra baixo e, igual ao outro rapel que fiz que descrevi no post anterior a este, você olha pra baixo e só vê abismo, com a diferença de que, neste passeio, não tem portinhola, é só buraco no solo rochoso com um abismo literal. No "chão" da caverna, não tem chão, mas sim um lago onde o passeio é realizado. Da entrada do rapel, é possível ver a água do lago devido ao segundo buraco por onde entra um pouco de luz. O lago se estende por toda a extensão da caverna, que é do tamanho de um campo de futebol, exceto por um pequeno pedaço ao fundo, onde existe uma parte seca que é de acesso proibido pela fragilidade rochosa. O lago possui mais de 80m de profundidade e está registrado no livro dos recordes por comportar os maiores "cones rochosos" (formações rochosas similares a estalagmites, ou propriamente estalagmites, sou leigo no assunto. Pode até ser que sejam estalactites e eu esteja falando besteira) do mundo.

O início da descida se dá cercado por parede de pedra em todo o redor por volta de 5 ou 6m. Depois destes metros iniciais, a parede se afasta gradativamente dos lados direito e atrás (olhando para o fundo da caverna), repentinamente do lado esquerdo e acaba na sua frente, se juntando ao teto da caverna, abrindo a visão para o enorme salão que se abre a sua frente, te fazendo acreditar haver entrado em outro planeta, outra realidade ou qualquer outra coisa, menos a terra em si. Um dos pontos altos do passeio, inclusive, que recomendo a todos desfrutar o máximo possível, para quem tiver condições de fazer. A descida termina em uma plataforma flutuante onde o guia já nos aguarda. Apenas duas pessoas descem por vez e a descida leva em torno de 12 minutos, contando o tempo de colocar e tirar o equipamento. A descida em si leva mais ou menos 6 min. Eu filmei a minha descida com uma Gopro presa ao capacete, mas infelizmente não pegou nada por pouca iluminação. Após todas as pessoas do grupo haverem descido, o guia passa as informações sobre o passeio e a roupa de neoprene para a flutuação ou para mergulho com cilindro, mas esta modalidade lá é só para quem possui credencial de mergulhador. E não saberia dizer qual a categoria necessária para tal.

O passeio se inicia com uma volta de bote pela caverna, onde o guia conta sobre a formação rochosa da caverna, como surgiu, como o lago nasceu e como se mantém até hoje etc. Este é o momento em que é possível tirar fotos, mas quem não possui câmeras profissionais ou semi profissionais fica em desvantagem. As lanternas entregues a nós serviam para poder enxergar as formações e também de flash.

Uma das formações da caverna. Se não me engano, é o elefante

O "guardião" do abismo. Sempre observando, sempre postado

Uma "torre" formado pelo gotejamento e acúmulo de matéria orgânica, calcário e outros minérios

Após a volta de bote, hora de se trocar para a roupa de neoprene e entrar na água. A temperatura se mantém constante em 18°C o ano todo. Dá um leve choque no começo, mas logo o corpo se acostuma. O que facilita se acostumar, é que esta flutuação é diferente das outras, pois você não é obrigado a se manter na superfície sem nadar. É possível fazer apneia (mergulhar prendendo o ar), ir e voltar, bater braços e pernas, parar, ficar em pé na água, subir e descer... Enfim, é livre, contanto que se siga o percurso feito pelo guia. O percurso é praticamente o mesmo feito de bote, só que dentro da água. Desta maneira, você tem uma visão melhor dos cones gigantescos, do fundo do lago, onde é possível vê-lo e de esqueletos de animais que caíram pelo buraco maior e morreram na queda ou por outro motivo, como fome por exemplo.

Ao finalizar a volta dentro da água, chegou a hora de se trocar e encarar a subida. Me parece que hoje já está operando (ou há planos para entrar em operação) um "elevador" - uma máquina que puxa a corda na subida - para acelerar o processo. Não vou mentir de que uma das coisas mais legais do passeio foi escalar 72m de rapel livre, mas eu imagino que foi legal para mim, que fui o primeiro. Quem ficou lá em baixo esperando quase 40min pra poder subir não deve ter achado tão legal assim. Sem contar as pessoas que começam a subir e desistem no meio da subida. Aí o guia precisa ir até a pessoa e reorganizar o material para que ela possa ser puxada pelos monitores da superfície. Até subir todo mundo do grupo, o último pode levar 4h. O passeio não perde, aliás, ganha em agilidade, mas eu amei subir de rapel por mim mesmo.  É uma conquista pessoal sensacional.

Já na subida ao final do passeio

Me faltava agora encarar os 27km de volta. Com fome, cansado, com sede e com o sol das 13h na cabeça, eu pedalei por volta de 4km até jogar a toalha e começar a pedir carona. Teve uma alma caridosa, em um Palio antigo (os mais simples são os mais generosos), que ofereceu me puxar subida acima. Eu nunca tinha feito isso, nunca gostei. Sempre gostei de fazer as coisas por mim mesmo, mas aceitei porque estava cansado, só que o que eu queria mesmo era jogar a bike num porta malas/caçamba qualquer e ir embora. Fomos assim por volta de 5min. A minha falta de experiência e o terreno acidentado não permitiram mais do que isso. Nenhum acidente aconteceu, mas eu agradeci e falei que não dava pra continuar. Ele sugeriu então o que eu queria: colocar a bike no porta malas. Como esperado, ele não fechou, e eu fui o caminho todo segurando a bike pra não cair, mas não foi trabalho nenhum fazer isso. Me deixou próximo à agência, a apenas 2,5km de onde morava, quando eu pude, enfim, comer e dormir após O MELHOR PASSEIO DE BONITO E REGIÃO.

Ps: em dezembro e janeiro, a posição terrestre faz com que a luz solar entre diretamente pelo buraco maior, iluminando o lago como se vê na imagem abaixo, tirada da internet.

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