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segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Série atrativos de Bonito e região, parte 09

Depois de uma breve pausa na série, volto a falar sobre passeios. Hoje vou falar sobre um passeio que já falei aqui no blog, que é o passeio que eu mais visitei, mas com um adicional. O passeio é a flutuação no Rio da Prata (que eu relatei aqui https://pedaladordehistorias.blogspot.com/2019/09/nada-e-definitivo.html?m=0) que eu fiz para "preencher espaço ocioso", pois o passeio que eu me desloquei para fazer foi o mergulho com cilindro na Lagoa Misteriosa. Portanto, vou falar mais sobre a Lagoa Misteriosa do que da flutuação, que vou falar um pouco.

Como de costume, fui de carona para o atrativo. Desta vez, como iria fazer o mergulho na Lagoa antes de flutuação, não paramos no buraco das Araras. Fomos direto para a fazenda Rio da Prata e, logo em seguida, fomos até o receptivo da Lagoa Misteriosa, que fica dentro da área da fazenda Rio da Prata, mas um pouco afastada do "receptivo principal". No receptivo da Lagoa, trocamos de roupa para o material de neoprene usado na flutuação e no mergulho e recebemos as primeiras instruções e informações sobre o passeio. A Lagoa Misteriosa é, na verdade, um imenso abismo inundado que se estende por dois "túneis" verticais, separados por uma parede rochosa, que se encontram após aproximadamente 75m de profundidade. A profundidade total da lagoa é o motivo de seu nome: "Misteriosa". No ano de 1998, um mergulhador profissional desceu até uma profundidade de 236m e não encontrou o fundo. Portanto, não se sabe qual é a profundidade total da lagoa.

Após as informações, saímos acompanhados do guia para iniciarmos a trilha que nos levaria à lagoa. Uma trilha bem gostosa em mata fechada mas com um clima e sensação agradáveis. Em um ponto da trilha, é possível contemplar a lagoa de cima, uma visão especial que aumenta a expectativa de chegarmos logo na água. Trilha fácil até chegarmos a escada que leva até o nível da água. A lagoa fica num nível bem abaixo do resto do terreno, uma depressão, quase como se fosse um funil, descendo em todo o entorno da lagoa. A escada é meio grande; não me lembro a quantidade de degraus, mas é algo em torno de 150. Ao lado da escada, existe um cabo de aço estendido até o nível da água que possui duas utilidades: descer/subir material de mergulho e resgatar acidentados. A escada termina alguns degraus abaixo do nível da água; isto serve para colocar o material de mergulho já em contato com a água e, para casos como o meu que não tem/tinham experiência com mergulho (não que eu seja expert agora, só fiz daquela vez), fazer um mini treinamento na plataforma submersa. O treinamento nada mais é do que ficar submerso segurando na beirada da plataforma respirando o oxigênio do cilindro.

Vista da lagoa da trilha

Ambientação com o material no mini treinamento

Eu fui fazer o mergulho no final de abril/começo de maio, que é quando se inicia a temporada de flutuação e mergulho "batismo" (a modalidade que eu fiz, que é até 8m de profundidade máxima, para quem não tem credencial de mergulhador). Infelizmente estas modalidades não funcionam o ano todo. Como eu falei, a lagoa está numa depressão em "funil". Décadas atrás, quando não havia turismo nem consciência ambiental (talvez até nem se sabia sobre a existência da lagoa), a pecuária era forte na propriedade, e não havia controle quanto a limites. Sendo assim, o gado "invadia" a área necessária para preservação da lagoa, bem como o solo ficava frágil pela constante passagem de animais grandes e pesados, e em grande quantidade, fazendo com que provocasse enxurradas em época de chuvas. As enxurradas levavam diversos materiais para a lagoa: grama, fezes, terra, vermes etc. Isto fez com que, na época de calor, houvesse a proliferação de algas que, além de "tirarem a beleza" do local, tiram a visibilidade. Após a conscientização ambiental por parte dos donos, o gado foi afastado da lagoa e trabalhos de recuperação vem sendo feitos para que as algas recuem ou desapareçam. Contenção de enxurradas, recuperação do solo acima da lagoa dentre outras atividades estão em ação para que a natureza se recupere com o mínimo de interferência humana e uso de químicos. A profundidade atingida pelas algas vem diminuindo ano a ano e a temporada vem aumentando sua duração. A única modalidade que opera durante todo o ano é a do mergulho avançado, que vai a 18 ou 25m. Existe também o mergulho técnico que, se não me engano, atinge a profundidade de 75m. Mas aí, para cada profundidade, há uma exigência de treinamento e credencial.

O fato de a flutuação e o mergulho "batismo" operarem apenas na época mais fria do ano não atrapalha muito no passeio. A temperatura da água se mantém nos 18-20°C durante o ano todo. As vezes está mais quente dentro da água do que fora. Após a ambientação com o material, que é mais fácil de usar do que a máscara de snorkel, começamos o passeio. Como o mergulho era com "não-credenciados", o guia nos acompanhou durante todo o trajeto. Aliás, não só acompanhou, como guiou literalmente. Eu e o outro "turista" demos o braço pro guia que fez tudo: subiu, desceu, foi pra frente, pra esquerda, pra direita... Nós só tivemos o trabalho de curtir. Como estava bem no comecinho da temporada, a água ainda não estava 100% livre das algas, o que mudou a cor da água, que normalmente é azul, para um verde amarelado. Começamos a "explorar" a lagoa descendo gradativamente para acostumar com a pressão. À medida que avançávamos, o barranco ia descendo, até quando chegamos à boca do primeiro túnel. Quando próximos do solo, tudo era muito verde, mas ao chegarmos no abismo alagado, estava muito azul e cristalino. Tão cristalino, que a sensação que eu tive foi de que eu iria cair no buraco enorme que se abria abaixo de mim.

Visão que se tem da plataforma já submersa

O fotógrafo do passeio com o solo esverdeado pelas algas ao fundo

Já mais para o meio da lagoa, com tom bem azul, acima do buraco sem fundo

Eu e meu companheiro de passeio em foto tirada por nosso guia

Na lagoa não tem muito peixe. Apenas alguns pequenos, tipo lambari, e um outro chamado Mussum, que parece uma cobra mas é um peixe. Conversando com uma amiga, mergulhadora experiente, pude perceber a diferença de sensações gritante entre nós. Para ela, o passeio foi maçante, pois é apenas "uma volta" ao redor da lagoa pelos dois túneis; para mim que nunca havia mergulhado, foi espetacular!! Em um dado momento, já aos 8m (se bem que eu vi no relógio do guia que chegamos a 9.6m), eu olhei para cima e puder ver a copa das árvores, de tão cristalina que é a água.

Copa do árvores vistas a 9m de profundidade

Pessoas fazendo flutuação enquanto eu mergulhava

Tom esverdeado da encosta

Descida do barranco

Vídeo do Mussum

Olá pessoal!!!

Foi uma experiência marcante e surreal; estar debaixo d'água e ter a impressão de que vai cair num buraco submerso pela mesma água em que você está. Passamos pelo segundo túnel e voltamos. O passeio todo, contando trilha e troca de roupa, dura 1:30-2h. Após o mergulho, fomos para a flutuação no rio da prata. Não vou entrar em muitos detalhes pois já falei sobre este passeio e inclusive deixei o link lá em cima do relato que fiz. A única coisa que preciso falar é que, desta vez, eu estava com uma camera subaquática e pude tirar fotos e fazer vídeos e tive a presença do sol, que mudou completamente o cenário. Fazer o passeio em dia nublado é bonito, mas fazer com sol é completamente diferente. Muito mais bonito, muito mais cores, muito mais vida. Deixo então as fotos e vídeos desta minha segunda (de 5) ida ao rio da prata.

A primeira nascente, desta vez peguei bem ela


Cores vivas iluminadas pelo sol

Início do passeio com peixes e luz dando ainda mais vida ao rio





Até a próxima.

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