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sexta-feira, 26 de junho de 2020

Começando a nova etapa

Seguindo com os relatos do meu caderninho, contarei sobre o dia em que comecei a minha viagem de bicicleta. O relato, farei na íntegra e no tempo verbal usado quando escrevi, então será no presente, mesmo tendo acontecido 1 ano e meio atrás. Assim como no post anterior, as partes entre parênteses são comentários feitos hoje que eu não escrevi no caderno, na época. Meu destino era Rio Negro, cidade localizada a 150km de Campo Grande. Que inocente, e arrogante, que eu era...

19/12/18. Hoje foi o dia que comecei, efetivamente, o plano inicial para viajar, feito lá em Ilhabela assim que cheguei aos hostel: viajar de bicicleta. Como todo iniciante, fiz coisas erradas. A principal, foi ter começado na hora que eu deveria estar chegando. Saí do hostel às 10:49 em definitivo. Eu já havia saído antes, mas precisei voltar para diminuir o peso da frente, pois eu não estava conseguindo controlar o guidão. Deixei a comida que estava trazendo, pacotes de arroz, feijão e macarrão e já resolveu. Mas não vejo a hora de diminuir mais o peso (até hoje tô tentando). Usando os produtos de higiene, já vai aliviar mais um pouco.

Também precisei voltar na bicicletaria, pois o selim estava frouxo e pedi dicas de como trocar câmara do pneu, se necessário. Feito tudo isso, parti às 10:49. Pedalei algo em torno de 15 ou 20km. Quando deu meio dia, resolvi parar por causa do sol (neste momento eu entendi o porquê de sair tão cedo em viagens de bicicleta. Na minha cabeça, era por prevenção contra imprevistos que pudessem atrasar, como um pneu furado ou alguma coisa quebrada. Eu aprendi, da pior forma, o peso do sol e do calor que vinha de cima e de baixo que o asfalto devolvia e, além de queimar, causava um enorme cansaço. Também aprendi a importância de carregar água congelada, para ir descongelando aos poucos e sempre ter água fresca).

Encontrei um mercadinho de beira de estrada onde pedi água e tomei uma cerveja. Sentei em uma cadeira, tirei o tênis e relaxei, pois sabia que ficaria ali por algum tempo (ali, eu já tinha desistido de chegar em Rio Negro. Nem estava cansado fisicamente, mas o sol estava muito forte e eu ainda tinha mais de 100km de estrada até chegar ao meu destino. Iria parar na próxima cidade que encontrasse). Pouco depois, encostou uma moto, pilotada pelo seu Waldemar (resolvi começar a nomear as pessoas). Conversamos um pouco, pedi informações sobre as distâncias e as cachoeiras e ele me convidou para passar em sua casa quando passasse por lá (ele me explicou como fazia pra chegar, mora numa chácara na beira da estrada e eu iria passar por ela. Ele tinha me oferecido um lanche da tarde/janta). Eu aceitei o convite e ele partiu. Logo depois, encostou um caminhão, dirigido pelo Ricardo. Ele viu minha bicicleta e disse que havia cruzado com outro cicloviajante e que o havia ajudado. Conversamos um pouco e ele se ofereceu para me pagar um refrigerante. Eu disse que não bebia refrigerante, mas que aceitava um suco. Ele pagou, então, o suco. Conversamos mais um pouco e eu, sutilmente, sem nenhum interesse, disse que estava esperando o sol baixar ou aparecer uma carona. Ele apontou para o caminhão e eu perguntei se cabia a Frankenstina. Ele disse que não, mas logo disse que daria pra amarrá-la se eu tivesse corda. Ora, eu tinha duas! A amarramos na traseira e partimos. Andamos uns 40km até ele chegar ao seu destino, que ficava a uns 10km do meu, a cidade de Rochedo (infelizmente não deu pra visitar o seu Waldemar, mas eu pedi pro dono do mercadinho na beira da estrada avisar e agradecer a ele por mim. Se ele o fez, nunca vou saber).

Montei a Frankenstina, me despedi e parti pedalando novamente. Cheguei em Rochedo às 15:12. Parei no primeiro posto de gasolina que vi, na entrada da cidade, para pedir água. O frentista me indicou um bebedouro grande, quadrado, com uma torneira que a água sai congelando (depois eu percebi que isso é comum. Todos os postos de gasolina têm um desse, inclusive dentro das cidades, para "abastecer" [entenderam?] o tereré. Bendita bebida maravilhosa que fez com que eu tivesse água gelada para beber).

Abusei um pouco e lavei braços, cabeça e pescoço que agora estão vermelhos do sol. Até fez aquele barulho "tssss" quando molhei os braços (e não estou exagerando. Ouvi, de fato. Esta é minha história e vou confirmá-la ad eternum). Perguntei para o frentista onde poderia me hospedar e ele me ensinou a chegar no, "único???", hotel da cidade. Cheguei lá e não tinha ninguém. Havia apenas uma placa com um número de telefone pedindo para ligar, pois "não estava longe". Sentei para esperar e comecei a preparar meu lanche de pão de forma e ovo cozido. No meio do lanche, chegou o Sr. Valdevino, dono do hotel. Um senhor muito simpático, que, rapidamente, virou amigo após pedir meu RG, para fazer o check-in, e ver que fazemos aniversário no mesmo dia, apesar de ele ter nascido 43 anos antes. E também é corinthiano. Conversamos um pouco e falei, sutilmente e de novo sem nenhum interesse, que eu estava hospedado num hostel em Campo Grande em troca de serviços prestados. Ele disse que amanhã, vai precisar de ajuda para limpar o terreno atrás do hotel e, bem, aqui estou. Também me falou sobre uma cachoeira que tem na cidade e passarei por lá antes de ir embora.

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