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segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Minha volta a Barra do Garças, parte 3/3

Continuação do post anterior. Lembrando que as partes entre parênteses são comentários de hoje sobre o que escrevi lá atrás, na agenda.

(Relato escrito em 23/08/2020): Na segunda, 17/08/2020, fiquei descansando no hostel. Os donos viajaram e fiquei sozinho o dia todo, pois o Mateus estava trabalhando. Aproveitei para assistir filmes na tela grande da tv (fiquei descansando das trilhas do final de semana. Porém, o dia não foi totalmente perdido. O hostel fica próximo à Cachoeira Pé da Serra, que eu relatei lá atrás, nos primeiros posts sobre a cidade, o fundo da casa já dá na mata da montanha e ao lado é um terreno abandonado onde, infelizmente, as pessoas jogam lixo. Isso faz com que animais apareçam ali e fiquei apreciando alguns que consegui avistar). De noite, o Antônio me mandou mensagem chamando para ir catar Baru (uma castanha que é o "viagra do cerrado" e tem um alto valor de mercado) e explorar uma trilha nova, que ele achava que tinha algo interessante. Lógico que aceitei (fui apenas ao mercado comprar coisas pra janta e lanche pra levar pra fazenda na terça).

Cotia que se alimentava no terreno vizinho


Estas Araras-canindé (Ara ararauna) estavam numa árvore um pouco para baixo da rua



Brincando e se amando

O Antônio passou no hostel às 5h20 da terça 18. De lá, pegamos o Jales que foi conosco. Chegamos na fazenda por volta das 6h, quando o sol estava nascendo (paramos para apreciar o espetáculo, somado à paisagem maravilhosa). Antes mesmo de chegarmos na sede, um pica-pau apareceu em nosso caminho. Já na sede da fazenda, um "peão" tirava leite de uma vaca e nos ofereceu um copo, mas faz alguns anos que parei de tomar leite e recusei (sem contar o fato de que não estou acostumado a tomar leite puro assim, que é muito forte e gorduroso e fiquei com receio de me fazer mal). Depois do leite, fomos para o nosso trabalho. Eu nunca tinha ouvido falar de Baru, nem de várias outras frutas do cerrado que venho conhecendo desde o MS. No caminho para onde estava o Baru, subimos um morro para ver a possibilidade de fazer um ponto de parada para mirante no passeio. Não era em Roraima, mas tinha uma boa vista (piada horrível). Só precisava fazer uma trilha segura, pois o mato estava alto. Estávamos todos usando perneira, por isso encaramos (ficamos alguns minutos ali tirando foto e contemplando a vista que se abria em nossa frente. Se limpar o mato, dá um ótimo mirante, de fato). Dali, fomos catar a preciosa, e cara, castanha. Tinha tanto que enchemos 4 barris e 3 baldes grandes em menos de duas horas, em 3 pontos diferentes. Agora, só nos restava explorar a possível trilha nova.

Pica-pau-do-campo (Colaptes campestris)

Começa um novo dia





Colhereiro (Platalea ajaja) com alguns Irerês (Dendrocygna viduata) ao fundo, numa lagoa antes da sede da fazenda

Buritizal próximo à sede


Canário-do-mato (Myiothlypis flaveola)

No local da nossa primeira parada para contemplação



Jipe do Antônio, com o próprio em pé em cima dele

O Antônio parou o jipe no mesmo lugar onde parou para fazermos o passeio da flutuação, mas, desta vez, seguimos para o sentido oposto (para ir à flutuação, é preciso descer à esquerda e nós fomos para a direita). O começo da trilha não era tão novo assim, pois tinha uma estrada bem demarcada, apenas um pouco abandonada (ou pouco utilizada). Após algum tempo na estrada, chegamos à uma vala, que nos deu a impressão de ser um caminho de água na estação das chuvas, principalmente pelos Buritis que ali estavam. Neste ponto, a estrada termina, mas encontramos um vestígio de trilha do outro lado. Seguimos em frente e fizemos uma curva para a esquerda, em direção ao rio. O Antônio afirmou que aquela era uma trilha feita por animais - anta, onça, porco-do-mato, etc... em busca de água. Chegamos até à beirada de um barranco e viramos à direita, margeando o mesmo. Estávamos acima de uma das cachoeiras da parte alta, mas que eu não conheci, pois fica bem afastada do resto do passeio. São 40min de trilha pra chegar nela e mais 40 para voltar, então os guias normalmente não levam grupos lá. Caminhamos mais alguns minutos e encontramos um lugar para descer ao nível do rio. Era um "mini-cânion", mas com as paredes rochosas um pouco afastadas da água, separadas por uma laje rochosa. 

O caminho todo foi, Antônio na frente, eu no meio e Jales atrás. Raras vezes mudou esta formação. Porém, neste momento que chegamos ao rio e começamos a atravessar, eu fiquei para trás, tirando fotos. O Antônio e o Jales atravessaram o rio e começaram a conversar. Nisso, um enxame de marimbondos saiu de uma árvore perto deles. O Antônio correu para cima e o Jales para dentro do rio, para baixo. Eu fiquei parado, observando se eles viriam na minha direção. Não vieram, felizmente. Todos se salvaram, mas o Jales levou uma ferroada na mão direita, entre o dedão e o indicador, que inchou instantaneamente. Após ele se recuperar e os marimbondos se acalmarem, continuamos subindo o rio, mas em silêncio e bem longe da colmeia (apesar deste incidente, o local era lindo).

Pegada de onça (provavelmente) pelo caminho. E era recente, pois estava sobrepondo a marca de pneus (caneta para comparação de tamanho)

Pegada de anta

Na parte de cima, encontramos um poço de água cristalina, com tom esverdeado, alimentado por uma corredeira um pouco mais acima (depois de tanto andar e trabalhar catando baru, não quis nem saber de tirar foto; já caí direto naquela água convidativa. Praticamente uma piscina natural de água corrente, mas bem de leve). O poço é pequeno e não muito fundo, portanto não dá para muitas pessoas ficarem banhando ao mesmo tempo, então nos revezamos dentro da água. Ficamos ali mais de uma hora comendo, banhando, tirando fotos - do local - e, claro, descansando. Não era nem meio-dia ainda, então animamos em explorar mais um pouco. Subimos os "degraus" na parede de onde o rio descia na quedinha e viramos à esquerda, em direção à uma parte mais alta, onde tinha alguns elevados rochosos. Subimos no primeiro e tiramos algumas fotos, mas não "descobrimos" nada ali (apesar da vista bonita, não vimos nada que nos motivasse a seguir explorando). 

Local onde chegamos. Uma das árvores do lado oposto era onde os marimbondos fizeram a colmeia


Subindo o rio para explorar mais e fugir dos marimbondos





Jales à esquerda e Antônio acima

Local onde fizemos nossa parada

O poço, com a quedinha ao fundo

Quedinha que alimenta o poço

Visão de cima da queda d'água, olhando para baixo

Visão de cima da queda d'água, olhando para cima

Um pouco mais acima do rio

Do lado oposto de onde paramos para comer

Algumas abelhas (sem ferrão) coletando alguma coisa de minha camiseta

No caminho de volta, descendo da parte alta que fomos, do outro lado do rio, onde viramos à esquerda, havia uma trilha, novamente bem demarcada, apesar de meio abandonada, como uma estrada. Subimos por ela, nos afastando da água. Num ponto, ela fez uma curva para a direita, nos levando para o sentido que viemos na ida e para onde queríamos voltar, até que chegamos - bem mais rapidamente - à vala que imaginamos ser o rio intermitente, onde ela acaba. O local onde chegamos era um pouco mais acima da trilha que pegamos na ida. Demos alguns passos por dentro da vala, virando à direita, como se fôssemos em direção ao rio, e logo encontramos a trilha que nos trouxe até ali na primeira vez. 

Vista da rocha onde estávamos



O Antônio ainda foi legal de nos levar à outra cachoeira, na "parte baixa": a "Toca da Onça" (isso era por volta das 14 ou 15h). A trilha é bem fácil, sendo na maior parte caminhando por dentro da água, subindo o rio (em mata fechada, com pouca incidência de sol, o que facilita muito caminhar neste horário no MT. No caminho, já perto da cachoeira, havia duas pequenas quedas, uma acima da outra, que tivemos que escalar para seguir e deu uma embelezada na paisagem. A trilha durou uns 30 minutos). É uma cachoeira com pouca possibilidade de banho por ter muita pedra, mais para contemplação mesmo, mas é possível banhar (mas não entramos na água. É uma cachoeira que tem apenas uma pequena parte onde não há pedras, mas, justamente nesta parte, tinha um monte de cocô de anta no fundo). Apesar do nome, não vimos nem sinal de felinos. Vimos apenas uma Caninana (serpente não peçonhenta, apesar de ser agressiva e dar rabadas que doem. Mesmo assim, não chegamos perto para não interromper seu descanso. Logo que chegamos, o Jales a avistou. Eu levei algum tempo para vê-la, pois era da mesma cor da parede. Aliás, eu só consegui ver com o zoom da câmera.), descansando na rocha ao lado da queda de mais de 10m de altura.

Papa-formiga-vermelho (Formicivora rufa) na entrada da trilha

Jaçanã (Jacana jacana)


Tapicuru (Phimosus infuscatus). Já sabia da existência, mas foi a primeira vez que avistei

Pequena queda no caminho

Caninana descansando ao lado da cachoeira


"Toca da Onça"

Já de volta à sede, várias Araras-canindé brincavam e comiam coquinhos. O Antônio foi conversar com o dono e ficou sabendo que nós não descobrimos nada (apesar de haver a demarcação de uma trilha/estrada já indicava isso); aquele trecho do rio ele já conhecia, mas não divulga, nem abre para visitação, por não saber ao certo se faz parte da sua propriedade, ou da do vizinho. Com isso, voltamos para a cidade. O Antônio me deixou no hostel já de noite. Agradeci e me despedi.

Araras-canindé brincando

Quarta, 19. Fiquei de molho no hostel, bem como minhas roupas que foram lavadas. Na quinta 20, fui a algumas bicicletarias que conhecia atrás de retrovisor. Não achei em nenhuma. Aproveitei que estava em Aragarças-GO, do outro lado do rio Araguaia, onde fica a praia, e tomei um banho de rio. Foram só alguns minutos, pois o sol estava muito forte e o rio estava muito baixo, então andei bastante para dentro da água para pegar uma profundidade legal. Porém, mesmo com pouca água, a correnteza continuava meio forte. Voltei ao hostel apenas para arrumar minhas coisas e partir para a rodoviária. No caminho, cruzei com 4 cicloviajantes: 2 mulheres e 2 homens. A primeira eu acho que não me viu, estava no sentido contrário. Depois, tinha um casal fazendo malabares no semáforo, para juntar dinheiro. Encostei para conversar, mas seria melhor se não o tivesse feito. Tentei puxar conversa com os dois e nenhum se mostrou acessível. Eu achei que viajante gostasse de conhecer gente, principalmente outro viajante. Ficaram de cara fechada, totalmente antipáticos, respondendo a algumas perguntas minhas com sons. Ainda ficaram olhando pro celular e dando risada, me ignorando completamente. Fui embora indignado. Porém, o último foi bem legal. Estava em outro semáforo, também fazendo malabares, mas, quando me viu, abriu um sorrisão e parou de "trabalhar" para conversar comigo. Por coincidência, seu nome era Lucas. Os Lucas são especiais, de fato. Não fiquei muito tempo, pois ainda iria comprar a passagem para voltar à Primavera do Leste. (Infelizmente, não deu pra fazer o passeio noturno de caiaque no rio Garças, que ele também oferece, pois ele só faz em noites de lua cheia e não era a época. Foi na semana seguinte que eu fui embora.)  

Continua no próximo post.

PS: Obrigado www.wikiaves.com.br/

Um comentário:

  1. Concordo plenamente, os Lucas são muito especiais. Cansei de andar só lendo imagina se eu tivesse de andar tudo isso... Kkkkkkk

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