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domingo, 26 de abril de 2020

Descobrindo Campo Grande

Após me mudar para Campo Grande "definitivamente" - pois logo eu iria embora -, aprendi que, no final das contas, tinha muita coisa pra fazer em Campo Grande, além daquilo que já havia conhecido na minha primeira passagem pela cidade, que era o "city tour": Parque das Nações Indígenas, Mercado Municipal, Casa dos Baís e camelódromo, fora as praças ao longo da Av. Afonso Pena e as outras coisas, que conheci com meus amigos poloneses que relatei no post anterior.

Morada dos Baís. Hoje é um museu mantido pelo SESC. Possui a parte histórica contando sobre a criação da cidade e a construção da casa bem como outras exposições e apresentações culturais de noite em alguns dias da semana.

Uma das pinturas de Lídia Baís, moradora da casa e pintora, musicista e compositora no início do século XX.

Fim de tarde no Parque das Nações Indígenas.

A primeira delas foi quando ainda "morava" no hostel. Em algum dia do mês de Agosto, conheci uma paranaense que era guia em uma fazenda pantaneira e ficou hospedada alguns dias no hostel, enquanto resolvia algumas coisas "na cidade" em seus dias de folga. Como ela já havia passado pela cidade algumas outras vezes, já sabia de alguns lugares interessantes para ir que eu não fazia ideia que existiam. Combinamos então, de irmos até uma cachoeira chamada "Inferninho", que fica localizada a mais ou menos 18km do hostel. Fomos apenas nós dois, pois ninguém mais quis ir. Peguei minha bicicleta, enquanto ela alugou uma outra em uma bicicletaria próxima ao hostel para irmos.

Estávamos sem pressa, então o percurso demorou umas duas horas mais ou menos. Mas também demorou mais, pois havia um caminho mais reto e com mais asfalto que não sabíamos. Acabamos pegando um longo trecho de terra cheio de curvas. Mas chegamos e é o que importa. Dado momento, avistamos um pequeno córrego que cortava a estrada que estávamos e que leva ao morro do Ernesto, e ali, do nosso lado esquerdo, estava a tal da cachoeira do Inferninho. Impressionante como aquele pequeno córrego, que não chegava ao tornozelo de água e tinha algo em torno de 1m de largura, podia fazer uma cachoeira e alimentar um poço para banho 20 ou 25m abaixo dali. A cachoeira leva este nome pois, de acordo com a história que me contaram, ali era um lugar de desova de corpos em anos passados.

Vista de cima do barranco

Passamos algum tempo procurando um lugar para descer e outro para deixarmos as bicicletas. Havia um mato alto e deitamos as bikes ali, perto de onde havíamos achado uma trilha. Começamos a descida, mas logo descobrimos que a trilha acabava numa enorme raiz de árvore que se espalhava pela encosta do barranco, e tivemos de passar pela raiz para chegar ao rio, e ainda tínhamos de escalar algumas pedras dentro do rio até chegar ao poço formado pela cachoeira.

A raiz espalhada (foto tirada já na volta)

Pedras a escalar até chegarmos na cachoeira

Chegamos, enfim, até a cachoeira. A água é bem barrenta, então não é uma visão tão bonita, mas é agradável tomar um banho após a descida, principalmente por termos ido de bicicleta. Tanto pela visão, como porque precisaríamos escalar pedras dentro do rio, eu não levei o celular até a cachoeira, então não tenho fotos de perto. O poço é bem raso, não tem nenhuma parte que me cobria, o que é bom em água barrenta, então é possível, e fácil, chegar até a queda dágua, onde dá para ficar sentado nas pedras relaxando, enquanto a água cai sobre nós.

Ficamos algum tempo lá, não vou saber precisar quanto exatamente, nem aproximadamente e nos preparamos para voltar. Já estava escurecendo quando ainda subíamos a encosta do barranco e já estava escuro quando começamos a pedalar de volta. Fizemos o mesmo caminho mais longo, tortuoso e difícil, mas era o que conhecíamos. Paramos para tomar um caldo de cana ao chegarmos no asfalto (e na civilização) e seguimos caminho. Resolvemos mudar o caminho mais à frente, passando por bairros e ruas desconhecidas (como se eu conhecesse alguma coisa da cidade na época), mas conseguimos nos encontrar e chegamos. Não acho que chegamos a estar perdidos, mas ficava aquela dúvida se estávamos indo no caminho certo.

No outro dia, ela já voltaria para seu trabalho no Pantanal, então nos despedimos, mas mantivemos contato. Acabei ficando um mês no hostel, pois eu ainda tinha alguns serviços de intérprete agendados para agosto e setembro e não sabia se iria embora logo ou se ficaria ali por mais tempo, então ficar no hostel era mais fácil. Chegou um momento em que eu resolvi ficar por algum tempo na cidade, então comecei a entregar currículos nas outras agências de turismo e também em escolas de inglês. Meses depois, quando eu já havia ido embora de lá, eu fui descobrir que meu número estava errado no meu currículo. Nesta mesma época, comecei a procurar um lugar para morar, com a condição que fosse mobiliado, mas não com muito afinco.

Eu resolvi sair definitivamente do hostel quando tive meu celular furtado durante a noite, enquanto dormia. Por sorte, achei uma casa com quarto mobiliado, onde eu poderia usar a cozinha para cozinhar (impressionante como a cozinha é de uso restrito nestas moradias). Estava me fixando em Campo Grande, sem me fixar realmente.

2 comentários:

  1. É...
    Agora que fiquei desempregada até passou pela cabeça: -vou me juntar ao Lucas por uns dias... hahahahah.
    Mas aí tem essa Covid nojenta pra atrapalhar as ideias.

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