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quinta-feira, 18 de junho de 2020

Tentando me estabelecer em Campo Grande

Após minha última excursão ao Pantanal, sosseguei um pouco em Campo Grande. Aliás, sosseguei demais. Comecei a procurar emprego. Entreguei vários currículos em agências de turismo e escolas de inglês, mas todos sem sucesso. Somente 3 meses após eu ter ido embora de lá, é que eu fui ver que meu número de telefone estava errado no currículo. Nunca saberei quantos tentaram entrar em contato comigo. Ainda fiz alguns serviços de intérprete em Bonito, mas poucos, pois já estava no final da temporada dos gringos.

A Helena, dona do Hostel Orla Morena, me falou sobre um cliente dela que trabalhava com futebol, agenciando jogadores. Ele hospedava os meninos que iriam fazer testes no hostel e me apresentou a ele. A conversa foi legal e me rendeu uma curta experiência no tradicional Comercial de Campo Grande, na equipe sub-20, que disputava uma competição qualificatória para a Copa São Paulo de futebol júnior.

Fui ao treino no dia seguinte para conhecer o treinador e os atletas e já recebi meu primeiro trabalho: assistir a um jogo do adversário seguinte e fazer um relatório sobre a equipe, destacando os pontos fortes e fracos. Na noite da sexta, tive uma reunião com o agente (que também tinha um cargo no clube que eu não sei ao certo qual era) e com o treinador da equipe, onde passei a eles o relatório que havia feito. No dia seguinte, sábado de manhã, os encontrei no alojamento dos atletas concentrados para almoçarmos e irmos juntos para a partida contra o União ABC, onde eu iria como preparador físico. Seguindo as minhas recomendações apresentadas no relatório, fizemos um bom jogo contra uma boa equipe com dois bons jogadores, dentre outros razoáveis e empatamos por 1 x 1 na casa deles, na cidade de Sidrolândia, mesmo com a nossa equipe um pouco desfalcada e sem treinar apropriadamente com todo o grupo. Problemas normais do futebol profissional não-profissional, porque os jogadores recebem salário, mas não existe profissionalismo.

Na semana seguinte, não pude ir aos treinos para a última partida que seria o clássico "comerário", Comercial x Operário, pois estava em Bonito trabalhando, mas assisti a uma partida do Operário e fiz o meu relatório, apesar de não haver muito o que relatar, pois o rival não parecia ser uma equipe organizada, não possuía jogadas ou jogadores de destaque, focavam muito nas ligações diretas e jogadas de bola parada. Também os acompanhei no jogo onde ambas as equipes disputavam a última vaga para a maior competição de base do Brasil, senão do mundo. O primeiro tempo acabou 2 x 0 para o Operário, com duas falhas de nosso goleiro, o que estava dando a vaga para eles com a combinação de outro resultado em outro jogo. No intervalo, o treinador substituiu o goleiro. O que entrou, havia começado o campenato como titular e tinha perdido a vaga por erros seguidos.

No segundo tempo, o outro jogo mudou o placar e o Operário estava perdendo a vaga, até fazer o terceiro e voltar a ter a vaga. A partir daí, nosso único objetivo era impedir a classificação do rival. Por volta dos 30 minutos, fizemos um gol e estávamos alcançando nosso objetivo. O outro jogo estava com um resultado em que, caso o Operário marcasse novamente, ficaria com a vaga. Aos 47 minutos, houve um pênalti para o Operário. A tensão era enorme. O goleiro que estava em baixa defendeu o pênalti e o jogo acabou. O time que havia perdido por 3 x 1 comemorava e o que havia vencido o clássico sofria a frustração de não ter sido suficiente. Futebol é apaixonante!!!

Estádio "Morenão" onde foi disputado o clássico

Jogadores comercialinos comemorando a derrota por 3 x 1

Após a partida, voltei para casa com um sorriso no rosto. Não pelo resultado, mas pela ironia da situação, pelo clima de rivalidade, pela competição... Sentia falta disso. Havia também a possibilidade de pintar uma oportunidade de trabalho, para o ano seguinte, como treinador de alguma categoria do clube. Aproveitei então, que o campeonato havia terminado e que não tinha conseguido um emprego e resolvi visitar minha família em SP. Não os via havia vários meses e juntei o agradável ao agradável e fui para dois shows (também tinha saudade) junto a alguns amigos do nordeste que foram para SP para um dos shows.

Fiquei um mês em SP; fui aos shows, fiz uma tatuagem junto com meu irmão, comemorei o aniversário da minha mãe, matei a saudade da família e confirmei que não tinha a menor vontade de voltar a morar na maior metrópole do hemisfério sul. Voltei para Campo Grande com os planos seguintes traçados. Mas isso fica para um próximo post.

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