A Helena, dona do Hostel Orla Morena, me falou sobre um cliente dela que trabalhava com futebol, agenciando jogadores. Ele hospedava os meninos que iriam fazer testes no hostel e me apresentou a ele. A conversa foi legal e me rendeu uma curta experiência no tradicional Comercial de Campo Grande, na equipe sub-20, que disputava uma competição qualificatória para a Copa São Paulo de futebol júnior.
Fui ao treino no dia seguinte para conhecer o treinador e os atletas e já recebi meu primeiro trabalho: assistir a um jogo do adversário seguinte e fazer um relatório sobre a equipe, destacando os pontos fortes e fracos. Na noite da sexta, tive uma reunião com o agente (que também tinha um cargo no clube que eu não sei ao certo qual era) e com o treinador da equipe, onde passei a eles o relatório que havia feito. No dia seguinte, sábado de manhã, os encontrei no alojamento dos atletas concentrados para almoçarmos e irmos juntos para a partida contra o União ABC, onde eu iria como preparador físico. Seguindo as minhas recomendações apresentadas no relatório, fizemos um bom jogo contra uma boa equipe com dois bons jogadores, dentre outros razoáveis e empatamos por 1 x 1 na casa deles, na cidade de Sidrolândia, mesmo com a nossa equipe um pouco desfalcada e sem treinar apropriadamente com todo o grupo. Problemas normais do futebol profissional não-profissional, porque os jogadores recebem salário, mas não existe profissionalismo.
Na semana seguinte, não pude ir aos treinos para a última partida que seria o clássico "comerário", Comercial x Operário, pois estava em Bonito trabalhando, mas assisti a uma partida do Operário e fiz o meu relatório, apesar de não haver muito o que relatar, pois o rival não parecia ser uma equipe organizada, não possuía jogadas ou jogadores de destaque, focavam muito nas ligações diretas e jogadas de bola parada. Também os acompanhei no jogo onde ambas as equipes disputavam a última vaga para a maior competição de base do Brasil, senão do mundo. O primeiro tempo acabou 2 x 0 para o Operário, com duas falhas de nosso goleiro, o que estava dando a vaga para eles com a combinação de outro resultado em outro jogo. No intervalo, o treinador substituiu o goleiro. O que entrou, havia começado o campenato como titular e tinha perdido a vaga por erros seguidos.
No segundo tempo, o outro jogo mudou o placar e o Operário estava perdendo a vaga, até fazer o terceiro e voltar a ter a vaga. A partir daí, nosso único objetivo era impedir a classificação do rival. Por volta dos 30 minutos, fizemos um gol e estávamos alcançando nosso objetivo. O outro jogo estava com um resultado em que, caso o Operário marcasse novamente, ficaria com a vaga. Aos 47 minutos, houve um pênalti para o Operário. A tensão era enorme. O goleiro que estava em baixa defendeu o pênalti e o jogo acabou. O time que havia perdido por 3 x 1 comemorava e o que havia vencido o clássico sofria a frustração de não ter sido suficiente. Futebol é apaixonante!!!
Estádio "Morenão" onde foi disputado o clássico
Jogadores comercialinos comemorando a derrota por 3 x 1
Após a partida, voltei para casa com um sorriso no rosto. Não pelo resultado, mas pela ironia da situação, pelo clima de rivalidade, pela competição... Sentia falta disso. Havia também a possibilidade de pintar uma oportunidade de trabalho, para o ano seguinte, como treinador de alguma categoria do clube. Aproveitei então, que o campeonato havia terminado e que não tinha conseguido um emprego e resolvi visitar minha família em SP. Não os via havia vários meses e juntei o agradável ao agradável e fui para dois shows (também tinha saudade) junto a alguns amigos do nordeste que foram para SP para um dos shows.
Fiquei um mês em SP; fui aos shows, fiz uma tatuagem junto com meu irmão, comemorei o aniversário da minha mãe, matei a saudade da família e confirmei que não tinha a menor vontade de voltar a morar na maior metrópole do hemisfério sul. Voltei para Campo Grande com os planos seguintes traçados. Mas isso fica para um próximo post.
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