Quem leu os meus primeiros posts, sabe o que me levou a estar onde estou e sabe que, a princípio, eu tinha pensado em viajar de bicicleta, mas mudei para mochilão ao voltar para onde morava. Quem não leu, leia.
Em meados de agosto ou setembro, quando morava em Campo Grande-MS, decidi voltar ao "plano inicial" e viajar de bicicleta. Comecei a procurar uma que fosse boa, mas que não fosse o valor de um carro ou moto. Acabei encontrando um anúncio, na Olx, de uma bicicleta usada. O anúncio dizia que era uma bicicleta aro 29 de 21 velocidades. Marquei com o dono para olhar a bicicleta em um estacionamento de mercado num dia de semana à noite. Meu total desconhecimento ciclístico não me deixou perceber que ela era aro 26 e não 29 como anunciada. Porém, eu vi que era boa pelas peças de marca de qualidade e a comprei. O antigo dono me contou que ele havia comprado as peças separadamente e ele mesmo a montou, só que ela estava parada havia algum tempo, pois ele tinha comprado um carro e tinha engordado muito e ela não estava aguentando o peso dele. Hoje eu não acho que esse era exatamente o motivo, pois ela tem aguentado muito peso. Acredito que ele tenha ficado preguiçoso. Disse também que o quadro era importado da Itália, como se isso fosse de alguma importância pra um humilde leigo como eu...
A bicicleta eu já tinha, agora precisava decidir como eu ia fazer para levar todas as minhas coisas nela, principalmente porque eu tinha aumentado a quantidade de coisas após meu tempo morando em Bonito. Algumas coisas que eu tinha deixado quando saí de SP de mochila, eu tinha trazido comigo, após ter ido a SP novamente, em meados de abril. O que antes era apenas uma mochila de camping, agora tinha outra mochila (comum), uma "sacochila" (aquelas mochilinhas de viagem que parecem uma sacola), mais uma pochete e eu não queria me desfazer de nenhuma das mochilas. Fora água e comida que eu ia precisar levar.
Levei a bicicleta numa bicicletaria para fazer uma revisão e colocar bagageiros dianteiro e traseiro. Eu tinha visto algumas dicas de pessoas que viajam, que é importante ter algumas ferramentas para conserto rápido e proteção contra chuva, que poderia ser um saco de lixo. Barato e fácil de achar. Comprei também um capacete que também me acompanha até hoje. Porém, o único trabalho que ele teve, até hoje, foi me proteger quando eu abaixo a cabeça para prender a bicicleta em árvores e não vejo que tem um galho mais baixo ali.
Como eu falei no último post, fui para SP em novembro/18 e aproveitei para diminuir a quantidade de coisas que tinha. Deixei várias camisetas e algumas outras coisas lá para diminuir o volume e o peso. A estrada ensina que não precisamos de tantas coisas assim para vivermos.
Voltei para o MS no dia 06/12 e me hospedei, novamente, no Hostel Orla Morena. Antes de viajar, eu saí da casa em que tinha alugado o quarto. Não fazia sentido pagar aluguel, sendo que ficaria um mês longe. Porém, o tempo que passei na casa serviu para, além de economizar um pouco e ter mais liberdade, que eu também decidisse para onde iria. Dois outros moradores da casa eram de outras cidades (Rio Negro e Rio Verde de Mato Grosso. Cidade esta que, apesar do nome, fica no MS) que possuíam cachoeiras e me recomendaram conhecer. Ambas ficavam ao norte de Campo Grande e a minha rota para o norte estava iniciada. As coisas acabaram se encaixando, tanto na casa, quanto no hostel após eu voltar. Fiquei alguns dias como hóspede e logo "assumi" um cargo de voluntário em sistema de permuta (tipo worldpacker), onde eu fazia algum tipo de serviço em troca de moradia no hostel. Um dos worldpackers "fixos" do Hostel estava saindo de férias (ele faz faculdade na cidade) e fiquei no lugar dele, até o hostel fechar para o fim do ano e eu terminar os preparos para ir embora.
Nesta época, foi quando mais aproveitei o hostel e a cidade. Já estava familiarizado com a equipe e com a cidade e me senti mais à vontade. Nesta época, havia uma australiana residente na Inglaterra alguns brasileiros que voltavam da Bolívia, onde faziam faculdade, e um suíço, filho de brasileira que também morava na Bolívia e falava um português perfeito que aprendeu com a mãe.
Num sábado, nesta época, eu, alguns hóspedes (a australiana, uma amazonense estudante na Bolívia e uma outra menina do Amazonas, mas que mora no MS) e um dos donos do Hostel, fomos ao Morro do Ernesto tomar banho de cachoeira e subir o morro para ver o por do sol. Infelizmente não tenho fotos deste dia, mas a cachoeira estava muito gostosa, apesar da água não ser tão bonita, meio barrenta. Aliás, são duas cachoeiras e uma corredeira gostosa para ficar sentado conversando. A mais alta é a primeira, por volta dos 15 ou 20m de altura. Algumas pessoas estavam pulando do alto do barranco na água, mas eu não tive coragem. Até ameacei, mas desisti na hora. Meu medo é de escorregar e cair errado, nem é tanto da altura, mas é um pouco também. Hehehe.
Acabamos passando tempo demais na água e não deu tempo de subir o morro para ver o por do sol. Após anoitecer, ficamos esperando o irmão do dono ir nos buscar. Eu acabei ficando para a segunda viagem. Mais de uma hora lá aguardando, mas até que valeu a pena.
Acabei conhecendo também uma tocantinense super legal que também estuda na Bolívia. Pena que ela só ficou uma noite no hostel, no outro dia já foi para sua terra natal. Devo admitir que eu pensei seriamente em mudar os planos de subir o estado e ir para a Bolívia, mas mantive meu desejo de conhecer meu país primeiro.
No dia 12 ou 13/12/18, o hostel fechou para novos hóspedes e entrou em férias. A dona, junto de um de seus sobrinhos/sócios, iria para Florianópolis de ônibus/carona e voltaria de bicicleta. Ela me convidou para ir junto e, novamente, pensei seriamente em ir. Mas não fui. Continuei meus preparativos para seguir ao norte com minha querida Frankenstina. A bicicleta recebeu este nome, pois foi montada com várias partes/peças diferentes e isoladas. Aliás, tive a ideia de dar um nome após ler o livro "Fé latina" (emprestado a mim pela guia pantaneira que contei no último relato do Pantanal), que conta a história de um jovem que saiu de uma cidade do interior paulista e chegou ao México de bicicleta, em uma viagem que durou 2 anos e meio. Ele também deu nome à sua companheira de duas rodas.
No dia 19/12/18, finalmente, saí de Campo Grande pedalando.
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