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quarta-feira, 15 de julho de 2020

Rio Negro: Cidade e Rio.

Enquanto eu vou escrevendo estes relatos, vou relembrando as paisagens, os acontecimentos, os sentimentos, as cores... É uma delícia! Principalmente neste momento de pandemia, onde está tudo parado, tudo fechado, tudo isolado... Já que não tá dando pra tomar banho de cachoeira, o jeito é relembrar de quando eu consegui tomar banho de cachoeira. Então, prepare-se para mais um relato do meu pequeno grande caderninho de anotações. Lembrando que as partes entre parênteses são comentários de hoje sobre o que escrevi na época.

24/12/18: Acordei umas 8h e fiquei enrolando na net. O padre precisava sair, então eu tive de parar de enrolar. Fui até o balneário mais próximo da cidade (não queria pedalar grandes distâncias. A cachoeira que eu queria conhecer, a do Rio do Peixe, que é a mais famosa, estava interditada, pois um homem havia morrido afogado alguns dias antes. Final de ano, festas, bebida, cachoeira... Não dá certo). Chegando lá, fui recebido pelo dono, que é de Campo Grande, que havia assumido a administração do balneário há 1 mês, junto de sua esposa Joice, irmã da antiga dona e filha do proprietário do terreno, também junto de seu sócio. Contei a ele sobre minhas viagens e ele me convidou a entrar e conhecer o local. Me levou, pelas pedras dentro do rio, até uma parte que é fechada para os turistas, mas que pretende abrir no futuro. Levou-me à uma cachoeira muito forte para contemplação, ao lado de um paredão de uns 15m de altura, onde ele quer construir uma ponte que vai ligar o paredão à uma rocha grande no meio do rio, que divide o rio em dois, até que ele se junte novamente depois da rocha. Me levou também à cachoeira que é aberta ao público.

Foto da "prainha". Bom local para crianças. Correnteza moderada e não muito fundo. Um adulto consegue atravessar o rio andando

Foto tirada da prainha para o outro lado. A corda delimita até onde os banhistas podem ir

Caminho que fizemos pelas pedras no meio do rio para chegar até a cachoeira sem nome

Foto de cima da cachoeira com o paredão ao lado esquerdo e a pedra gigante que divide o rio ao lado direito

Cachoeira sem nome

Muito forte. A água cai em pedra, então não tem profundidade, mas é impossível chegar nela pela força da água

Local onde ele pretende fazer a ponte

A pedra no meio do rio

O outro braço do rio, do outro lado da pedra. Neste lugar, deu pra sentar e tomar uma deliciosa massagem da água

O caminho do rio do outro lado da cachoeira, com sua mata virgem preservada, como deve ser!

Vegetação crescendo em cima da pedra

Já de volta à parte aberta aos turistas, um pouco mais para a frente da prainha. Neste trecho, é possível brincar descendo o rio com uma boia ou sem nada, como eu desci várias vezes

Principal queda do balneário, mas não sei seu nome. É possível chegar até às quedas do lado esquerdo, mas é bem difícil, tanto chegar como, principalmente, voltar, pois é necessário escalar uma pedra alta

Queda do lado direito das quedas principais. Não é muito alta, mas dá para entrar atrás da queda e ficar relaxando "escondido" 

Conversamos bastante sobre passado, presente e futuro na andança e no almoço que ele fez e me convidou a participar. Fez vários planos pra mim, aqui na cidade, com futebol, e até me arranjou um lugar para ficar: a casa da sua sogra. Em troca, eu o ajudo no balneário, enquanto o projeto do futebol não sai. Voltei para a igreja para tomar banho e saí para a casa da sogra dele, para conhecê-la e conhecer o lugar onde iria ficar, que ele quer transformar em um hostel.

Uma senhora super simpática. Conversamos por pouco tempo, pois eles estavam indo para Campo Grande, onde moram, para a ceia de natal da família. Encontrei o Márcio, que havia conhecido ontem, e ficamos conversando na rua por quase 3 horas. Nesse tempo, presenciamos um acidente. Uma moto descia a avenida e bateu na frente de um carro que não respeitou a placa de "pare". O motoqueiro voou por cima do carro, mas, aparentemente, só teve alguns arranhões e machucou um pouco a perna. A moto teve apenas um retrovisor e uma parte do para-lama quebrados e o carro teve a sua dianteira completamente destruída. Espantoso!!!

Voltei para a igreja, esquentei as fatias de pizza que sobraram e fui pro quarto. Umas 22h, o padre bateu à porta e me chamou. Havia me trazido uma marmita com ceia de natal, que trouxe da casa de alguém, e uma sacola com várias frutas. Acabei nem comendo, pois estava sem fome. Guardei na geladeira quando o padre saiu de novo. Comi só uma laranja deliciosa. Almoço garantido.

25/12/18: Acordei com a mesma música tocada nos auto-falantes da igreja, chamando o povo para a missa. Já era a 4ª vez, em 3 dias que eu ouvia ("e o seu nooooooome era JesUUUUUUUUUUUs de Nazarééééééé"). Fui tomar café e comi o pão de forma todo quebrado que comprei em Rochedo uns 5 dias atrás, mais uma maçã da sacola de frutas. Arrumei minhas coisas para " me mudar", pois o padre viajou e tive de sair da igreja. Fui para a nova casa depois de me despedir e agradecer ao padre Arlei. Chegando na casa, procurei no lugar onde a chave deveria estar e não a achei. Uma hora depois, consegui falar com o dono do balneário, que me disse que eles tinham levado a chave. Eu estava com a Frankenstina cheia e pesada demais para andar 3km (eles estavam no balneário), em uma estrada de terra ruim com subidas e descidas (na verdade, eu tava era com preguiça. Já andei umas 10x a mais do que isso em outros momentos, em estradas tão ruins quanto). Comecei a procurar um lugar que estivesse aberto para deixar minhas coisas e ir buscar a chave. Achei uma padaria, mas já estava fechando. Eram 10h da manhã. Achei, depois, uma loja de roupas, que também estava fechando. Fui, então, à lanchonete que sempre ia para usar o wifi. Eram 10h50 e me disseram que fechariam meio dia. Deixei as coisas lá e corri pro balneário. Cheguei lá e o dono me falou que estava indo pra cidade comprar almoço. Se eu soubesse, nem teria ido! Falei que tava tudo fechado, só tinha um mercado aberto. Fomos, peguei minhas coisas, deixamos na casa e compramos as coisas pro almoço. Miojo e sardinha. Delícia!!! (A marmita do padre ficou para a janta).

Hoje, tinham 110 pessoas no balneário, contando crianças, que deveriam ser por volta de 25. Na volta, ainda tudo fechado, menos o mercado. Comprei calabresa e pão para a janta. Na última facada na calabresa, cortei o dedo meio fundo e meus band-aids tinham ficado na necessaire, que eu esqueci na igreja, junto da minha toalha de viajante (essa toalha, eu ganhei do casal de poloneses que conheci no Pantanal. É uma toalha que tem um "compartimento" nela mesma, que você dobra ela de uma forma que consegue guardar ela dentro dela mesma, dentro desse compartimento e carregá-la como se fosse uma bolsinha). O jeito agora, é deixar aberto mesmo, jogando água boricada, ocasionalmente, e ir dormir com os carrapatos. Achei um na minha perna, que não sei se veio do mato, do cachorro ou se já estava na cama.

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