Mas a cidade de Corguinho se tornou importante para minha história. Porém, foi uma curta passagem e a história continuou. As partes entre parênteses são comentários de hoje sobre o que escrevi na época.
23/12/18: Consegui, finalmente, completar um trecho no pedal. Saí às 7h30 de Corguinho e cheguei às 13h em Rio Negro. Os primeiros 25 ou 30km foram tranquilos, com exceção de um ônibus que passou muito perto e deu uma desestabilizada (normalmente, os veículos respeitam as bicicletas na estrada e desviam quando podem. Porém, nesta estrada em que eu estava, era apenas uma faixa indo e uma voltando e sem acostamento, o que me fez pedalar no limite da estrada, em cima da faixa lateral [NA MÃO CORRETA, nunca andem na contra mão] o tempo todo. Eu estava num trecho de subida onde, no final, tinha uma parede de pedra. Quando o ônibus passou, o vácuo balançou a bicicleta e o vento que voltou da parede me empurrou para a estrada de volta. Até hoje, foi o momento mais tenso em que eu quase perdi o controle da Frankenstina), mas, graças à cesta que ganhei, usei as duas cordas para prender a mochila da frente e consegui segurar o guidão (antes da cesta, eu usava uma corda elástica de 3m para prender a mochila de trás e uma de 1,5m para prender a da frente, mas nenhuma das duas ficava estável o suficiente).
Depois destes 30km, comecei a sentir as pernas pesando. No caminho, fiz algumas paradas para fotos da serra. Faltando 18km, já com 4h de pedal, cheguei a um restaurante onde abasteci minha água gelada. O pouco que eu tinha já estava quente. Parti novamente, mas, em 3 ocasiões de subida, não aguentei e desci para empurrar. Algum tempo depois, cheguei à uma vilazinha e parei num bar para descansar. Tomei uma cerveja (literalmente uma) e conversei por uma hora com o pessoal que lá estava. Ainda ganhei um salgadinho de bacon, a pururuca. Me despedi e parti para os 5km finais. 1km depois, começou a chover. Mais 1km e a chuva parou. Mas aliviou e muito! Última subida para entrar na cidade e consegui vencê-la em cima da Frankenstina (até este momento, eu ainda não a chamava assim. Tentava pensar em algum nome inspirado no Beto do livro: "Fé Latina", que chamava a bike dele de princesa. Eu pensei, por algum tempo, em preciosa, mas achei que seria muito parecido e muita cópia).
Fotos que tirei da serra
Cheguei!!! (54km em 4h30, descontando a uma hora que fiquei conversando com o pessoal no bar. Pra primeira vez, tava bom). Domingo, 2 dias para o Natal, passado do meio dia, numa cidade com mais ou menos 5mil habitantes... Tudo fechado! Só um posto de gasolina e uma lanchonete estavam abertos. Sentei na lanchonete onde virei (literalmente) um isotônico (sem merchan!!!) e fui comer minha marmita de ontem, que já estava com cheiro e gosto ruim. Completei com 1l de suco de laranja. Fiquei algumas horas ali, pensando se iria ao rio ou se procuraria hospedagem. Na maior parte do tempo que fiquei ali, foi conversando com o Márcio (amigo que fiz na cidade). Resolvi, então, tentar hospedagem e fui à igreja da cidade ver se conseguia. Fiquei 2h30 batendo e nada do padre. Pelo menos, tinham duas crianças brincando, na praça ao lado, que logo me incluíram na brincadeira, "atirando" em mim e "me matando" toda vez que eu levantava.
Na hora da missa, o padre (Arlei) apareceu e conversei rapidamente com ele, que pediu para que eu esperasse a missa acabar. Após o final, ele apenas me convidou para entrar, me mostrou onde ficava o banheiro para que eu tomasse banho, o quarto onde eu iria dormir e ainda me pagou uma pizza e um suco (eu achei que ele iria querer conversar antes, fazer algumas perguntas... Eu amo o interior). Ele foi visitar alguma família da igreja para participar da ceia de natal. Quando ele voltou, ficamos conversando por algum tempo. Contei parte da minha história e fui dormir, exausto do pedal.
84km pedalados entre cidades.
Quanta história linda... Li todos os posts... Abração
ResponderExcluirObrigado!! Só não sei quem é você! Hahahaha.
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