Hoje vou dar uma pausa na série falando sobre Bonito e região, para falar sobre alguns momentos e acontecimentos extra-passeios de quando morei em Bonito. Estava dando uma lida no meu diário de viagens, e achei um relato do dia 18/05/18. Após este relato do dia 18, contarei sobre outros acontecimentos.
"Dois meses que consegui um emprego. Estou morando com um colega da agência, fiz vários passeios, não tenho pressa, preocupações, entreguei a casa que morava em SP e não pago mais aluguel. Tô mais leve... Mas continuo sozinho. Dois dias atrás enviei mensagens para várias pessoas do meu passado (amigos e amigas). De alguns não tive resposta; de outros, a conversa morreu em minutos; algumas duraram mais tempo, algumas horas; apenas com uma pessoa a conversa continuou no dia seguinte, mas já morreu também. E a solidão volta a dar as caras. Isso tudo me mostrou que eu não tinha futuro e agora nem passado tenho mais. Sou um vácuo atemporal. Só me resta tentar aproveitar ao máximo o presente. 'Felicidade só é real quando compartilhada."
Nas primeiras semanas dividindo a casa, até o segundo mês talvez, a convivência era boa. Dormíamos no mesmo quarto (em camas separadas), as nossas coisas ficavam ali e havia respeito, até uma série de eventos acontecerem que mudaram as coisas. No mês de abril, ambos estávamos de atestado por conjuntivite e eu corri para ir a SP entregar a casa. Ele me ligou dizendo que "achou" um dinheiro meu e pediu R$50 emprestado. Eu disse que tudo bem. Um dia, após eu já ter voltado, recebemos a visita da família dele. Irmão, cunhada, mãe e sobrinhos vieram. Fizemos churrasco, conversamos, nos divertimos. Para receber os visitantes, o quarto "da bagunça" foi arrumado. Dois dias após eles terem ido embora, notei que havia R$70 meus faltando. Conversei com ele e ele disse que não sabia de nada. A partir daí, ele "se mudou" para o outro quarto. O problema foi que ele trancava o quarto dele, mas eu não podia trancar o meu pois o guarda roupas ficava lá e as coisas dele estavam lá. Meu problema é que eu confio demais nas pessoas e aceitei esta situação, até o dia em que "sumiram" R$350. Fui conversar com ele "de homem pra homem", e ele atuou muito bem demonstrando chateação, preocupação e dizendo que não sabia de nada, novamente. Eu sabia que ele estava com dificuldades financeiras pois havia batido o carro dirigindo bêbado (e depois fiquei sabendo que até cocaína ele havia cheirado). Exatamente no dia seguinte que meu dinheiro sumiu, ele chegou com várias sacolas de mercado e lojas de eletrônicos, dizendo que pegou dinheiro emprestado com sua mãe. A partir daí, comecei a trancar meu quarto. Não passou nem um dia que tranquei o quarto, ele veio reclamar que as coisas dele ficaram trancadas. Eu falei, então, que deveríamos trocar de quarto e ele concordou. Demorou uma semana pra isso acontecer. Quando finalmente trocamos, foi como se nada tivesse mudado, pois eu notei, por várias vezes, que ele estava entrando no meu quarto. Havia feito chave reserva. Ele estava bebendo e usando drogas constantemente e alucinadamente. Inclusive na agência. Em finais de semana, quando não havia ninguém da gerência presente, ele ia no bar da frente tomar cachaça durante o expediente. Em um destes domingos que estávamos no mesmo horário, ele já estava bêbado e tomando cachaça dentro da agência na caneca de agência inclusive. Foi aí que ele veio me mostrar que estava bebendo e derrubou cachaça na minha camiseta, me deixando com cheiro de pinga o resto do dia. Soma-se a isso o fato de que eu descobri que ele mentiu pra mim o valor do aluguel, e eu estava pagando praticamente sozinho. Minha raiva por ele só aumentava a cada dia. Ele foi um dos maiores motivos de eu ter ido embora de Bonito.
Hoje eu não tenho mais contato com ele. A última notícia que tive, foi que ele fugiu de Bonito após ter roubado o cofre de uma agência.
Dá raiva de ser enganado e roubado mas dá dó de um infeliz desse tipo.
ResponderExcluirE saiba que vc faz parte de meu passado, meu presente e sempre será contado em meu futuro. Você é muito importante para mim. Te amo