(Relato escrito em 08/09/2020): Quinta, 03/09. Acordei cedo, com os pássaros, e não falo isso reclamando. Fiquei enrolando, como de costume, comi meus pasteis e comecei a arrumar minhas coisas para ir embora. Só fui sair às 8h08, mesmo sabendo que iria encarar um longo areião até chegar ao asfalto, onde eu ainda iria ter 65km pela frente. Acabei gastando 1h só no areião.
A viagem foi até tranquila, apenas um ou outro ponto de subida mais forte que não aguentei e desci para empurrar. Haviam me recomendado parar em Jarudore, mas não fui. Faltando cerca de 5km para chegar, parei num restaurante para pegar água gelada e segui. Cheguei na cidade às 13h19. Tirando a 1h que perdi na areia, fiz em 4 horas e 11 minutos os 65km. Bom tempo para quem ainda está fora de forma.
Parei no primeiro restaurante que vi, para almoçar. Dali, fui caçar um lugar para ficar. Eu queria dormir numa cama, depois de duas semanas dormindo em barraca. Pesquisei alguns hotéis, mas a diária mais barata que encontrei foi R$80,00. Muito caro. Fui até o corpo de bombeiros, que era próximo ao restaurante, e o oficial responsável não estava lá naquele momento. Fiquei esperando algum tempo, enquanto respondia ao questionário dos outros membros do batalhão. Eu acho engraçado, são sempre as mesmas perguntas e já tenho as respostas prontas. Quando ele chegou, conversei com ele e ele foi verificar se era possível. Ao retornar, me disse que, por conta do coronavírus e do fato de eles estarem sempre atendendo e tratando de pacientes infectados, não estavam recebendo ninguém que não fosse do batalhão, pelo risco de eles transmitirem, a mim, o vírus. Eu já imaginava algo assim, mas não deixo de tentar. Os bombeiros me falaram da polícia ambiental, onde eu poderia tentar. Fui lá, mas estava tudo fechado, meio estranho e era grande, parecia um clube. Não sei se fui ao lugar certo, mas nem tentei. O jeito era buscar o albergue da prefeitura ou pagar os R$80,00 do hotel.
Eu sempre pedalo ouvindo música no fone de ouvido, porém meu fone havia estragado perto da cidade, então estava sem ouvir nada. Indo em direção ao centro, um cara gritou, do outro lado da rua com um sorriso no rosto: "Aí sim, hein?!". Na mesma hora, eu parei e perguntei se ele sabia de algum lugar para ficar hospedado. Que saudade de quando o Couchsurfing era gratuito... Ele estava entrando no carro e eu na ciclovia, no meio da avenida. Ele veio até mim e puxou um pouco de assunto sobre mim e perguntou quantos dias eu ia precisar. Falei 3 dias e ele disse que ia ver o que podia fazer. Tirou uma foto minha e mandou para alguns amigos. Anotou meu número e disse que entraria em contato comigo depois das 17h, quando ele me diria quem ele é. Devido ao suspense, eu fiquei achando que ele era o prefeito da cidade, ou algum vereador, ou algo assim.
Já eram quase 20h e nada do cara dizer se tinha conseguido ou não. Já tava me decidindo a ir a um hotel, quando ele mandou mensagem com o endereço da casa dele, dizendo que chegaria as 20h30 e que eu fosse para lá neste horário. Fiquei enrolando um pouco e fui para lá as 20h. Como eu não conhecia a cidade, achei melhor ir antes. Parti sem pressa alguma. Acertei todo o caminho e cheguei lá às 20h10, bem quando ele chegou também, mas disse que estava saindo e que voltaria logo. Então, fiquei sentado na calçada esperando e ele realmente logo chegou. Pude, enfim, tirar a bermuda de ciclismo e tomar um banho. Conversamos um pouco e eu fiz a pergunta que estava louco pra fazer: "Quem é você?". Só que ele não respondeu, ele queria me "entrevistar" primeiro e eu precisei esperar mais para saber quem era ele. Quando, finalmente, ele me disse seu nome, falou para eu olhar no facebook. Afinal, ele foi ciclista profissional e tem, dentre outras coisas, um projeto de incentivar o uso de bicicleta como esporte, lazer e também como meio de transporte urbano, através da Liga Rondonopolitana de ciclismo, que ele mesmo fundou. O famoso, pelo menos na cidade, "Junião da bike". Depois de um papo, comida e algumas fatias de bolo que sobraram da festa de aniversario dele alguns dias antes, fomos dormir. E eu pude deitar em uma cama de casal só para mim. Que delicia!
Na sexta, 04, tirei o dia para descansar. Saí apenas para comer. No sábado, 05, levei a Frankenstina para fazer um check up, pois o Junior me falou de vários lugares bonitos e eu ia num deles no domingo. Além disso, eu tinha pedalado bastante em terra e areia e precisava dar uma limpada dentro das peças. À noite, fomos ao mercado, onde comprei comida para levar, pois iria acampar, e o Junior comprou as coisas para fazer o churrasco de comemoração dos aniversários dele e de mais duas pessoas, amigas dele. No final do dia, me convidou para ficar no churrasco e ir passear na segunda. Como não tinha pressa, aceitei o convite. Domingo chegou e o churrasco não rolou. Mas, pelo menos, lavei roupa e fui ao parque das bicicletas. São 3 cachoeiras pequenas, mas tinha MUITA gente e quase não aproveitei. Me irrita ter muita gente fazendo barulho, ouvindo musica, fumando, fazendo churrasco dentro do rio, jogando lixo, sujando, poluindo, não respeitando a natureza... Fiquei pouco tempo e voltei. Nem cheguei a tirar fotos, pelo tanto de gente que tinha.
847km pedalados entre cidades.
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