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quarta-feira, 1 de abril de 2020

Desbravando o Pantanal sul matogrossense, parte 3/6

Após o almoço maravilhoso na Jungle Lodge, pegamos o carro que nos levaria de volta ao ponto de encontro na rodovia, de onde saem todos carros para as fazendas da região, Bonito e Campo Grande. Chegamos lá e ficamos aguardando chegarem as vans vindas de Bonito e Campo grande que traziam os turistas que se dirigiam ao Pantanal de Corumbá. Enquanto esperávamos, minha amiga Helena já ia conversando com o motorista de nossa segunda parada, que acabou se revelando o próprio dono da fazenda Santa Clara, a qual iríamos nos rumar.

Chegaram os turistas e cada um se dirigiu ao carro respectivo à fazenda que iriam visitar, e fomos nós também para o nosso. Ainda estava fazendo muito frio, e eu enrolado na minha toalha tentando escapar do vento forte e cortante que soprava. Esta fazenda fica um pouco mais para dentro da estrada parque do que a Jungle Lodge onde estávamos até aquela manhã.

Entrada da fazenda

Chegamos, enfim, à fazenda e fomos fazer o check-in para descobrir como funciona, os horários e o quarto onde iríamos ficar.  Nos instalamos e pegamos o roteiro, que incluía um passeio naquela noite e uma trilha em floresta pela manhã. O dono da fazenda, vendo meu sofrimento, me emprestou uma jaqueta dele. Ficamos então conversando com ele por algum tempo e depois começamos a conversar com os outros hóspedes. Tinha gente de vários países: França, Bélgica, Portugal... Até da Bósnia tinha uma mulher (que era, literalmente, uma Bósnia!!! Que mulher chata!!!!!). Ficamos todos no restaurante, pois havia um fogão queimando lenha e não estava tão frio ali. Também tinha chá, café e bolachas.

Bela recepção

Na fila do check-in

No restaurante, já apropriadamente agasalhado

A janta estava, como de costume, deliciosa. Nosso primeiro passeio seria uma cavalgada noturna (se não me engano) que começaria às 20h, porém começou a chover neste horário, e como já estava frio, o guia conversou com o grupo que resolveu não fazer o passeio, infelizmente. Ficamos então conversando ali mesmo até que, um a um, todos foram para o quarto fugir do frio e do cansaço da viagem, e fui também.

No dia seguinte, acordamos cedo para o café da manhã e para o nosso primeiro, e último, passeio. O café da manhã estava gostoso, não delicioso, porém, o pior de tudo, foi descobrir um pouco tarde, que o suco era artificial, daqueles de pozinho!!!!! Fiquei indignado (nem tanto por mim, pois eu não paguei pra estar lá, mas pelos turistas) por estar numa fazenda turística no Pantanal, cercado de vegetação, árvores frutíferas, diárias caras, pra beber suco de pó!!!!! Mais tarde, conversando com o dono novamente, ele nos disse que é difícil ficar comprando e levando frutas até a fazenda por estar longe da cidade... Desculpa muito da esfarrapada se querem saber. Mas ok.

Terminamos de comer e nos preparamos para o passeio. Nos reunimos no local apontado pelo guia para nossa saída de carro até a floresta onde a trilha aconteceria. No caminho, passamos pelo rio Abobral, que leva este nome pelo seu tom alaranjado quando recebe a luz do sol diretamente em suas águas. Passamos também por uma comitiva pantaneira, onde os peões levavam seus bois para outro lugar. A maior expectativa nestes passeios, sempre é avistar animais; pra mim, o principal é a onça; para os europeus, para minha surpresa, é o tamanduá Bandeira. Este animal causava êxtase em quase todos os europeus que eu conheci e era o ponto alto da viagem. Infelizmente, os únicos animais que encontramos, foram alguns quatis (que também são agradáveis) e um grupo de perus! Não esperava encontrar perus no Pantanal, mas lá estavam eles.

Rio Abobral

Ponte sobre o mesmo rio

Um dos quatis avistados, o único que consegui capturar

Perus!!!!

Um dos peões da comitiva

Chegamos na floresta que tinha características particulares: ela era formada, basicamente, por palmeiras baixas (chamadas de bacuri) e bem espaçadas umas das outras. A trilha foi bem sem-graça, pois não vimos nenhum animal, exceto um outro grupo de quatis (muito por culpa do próprio grupo de turistas que não parava de falar e fazer barulho). Em determinado momento, o guia parou ao lado de um bacuri e começou a falar sobre as particularidades da árvore e de seu fruto, que serve de alimento para araras e cotias, principalmente. Dentro do fruto, tem água bem salobra, que não agrada a todos, mas que não achei nada demais. Esta água também servia de colírio para os habitantes mais antigos da região. O fruto é como se fosse um coco em miniatura ovalada: duro e com água dentro, porém cresce em cachos, como as bananas. O guia também mostrou como se dá o crescimento do fruto, abrindo um cacho em crescimento.

Trilha na floresta

Cacho novo do bacuri aberto pelo guia

Após andarmos en círculo por aproximadamente uma hora, voltamos ao carro para regressamos à fazenda. Estava chegando a hora do almoço e, consequentemente, nossa hora de ir embora. No horário que restava antes de comermos, fomos conhecer a outra parte da hospedagem, que eles chamam de "hostel": se resume a um barracão com umas quarenta camas uma ao lado da outra, 20 de cada lado, todo aberto com janelas (com tela para evitar a entrada de mosquitos); eu imagino o frio que deveria estar fazendo ali durante a noite, principalmente porque este barracão está na beira do rio Abobral. Também tem algumas redes embaixo do galpão, mas não estavam sendo muito utilizadas, imagino porquê... O almoço foi muito gostoso, apesar do suco de pó novamente, só que desta vez eu estava avisado e não peguei. Comemos e fomos arrumar as coisas para passarmos pelo mesmo ritual: voltar ao ponto de encontro para pegarmos outro carro para nossa terceira e última parada, mas isso fica para o próximo post. Para encerrar este post, deixo as fotos da parte do "hostel" e digo que, de todas as vezes que visitei o Pantanal, esta foi a pior: passeio sem graça, suco de pó, pouco contato com a natureza na área em comum e dos apartamentos; fora o passeio cancelado, apesar de, na hora, fazer sentido. Não acho que valha a pena visitar esta fazenda, mas o Pantanal, com certeza, vale!


Restaurante do hostel, barracão acima. Na foto, um francês e um português que estava hospedados por lá

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