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domingo, 15 de março de 2020

Desbravando o Pantanal sul-matogrossense, parte 1/6

Em primeiro lugar, gostaria de dizer que não desbravei nada!!! Visitei apenas fazendas turísticas do Pantanal Sul nas cidades de Miranda e Corumbá e conheci também - mais para frente - a cidade de Coxim, que também faz parte do Pantanal, mas em outra região, a Nhecolândia, que fica no leste pantaneiro. O título "Desbravando o Pantanal" é puramente sensacionalista a procura de likes.

A primeira vez que fui ao Pantanal, foi enquanto ainda morava em Bonito. Fiz o pedido para a gerente ainda no mês de Maio para pegar folga no dia 19/07 e viajar, mantendo uma "tradição" que se iniciou em 2014 de estar viajando todos os anos nesta data. Como eu falei anteriormente, num dos primeiros posts do blog, viajar está no meu dna desde sempre. Eu não tinha muito tempo para viajar, pois no dia seguinte iria trabalhar, então estava pensando para onde iria, quando ela, a gerente, sugeriu que eu fosse conhecer o Pantanal em alguma fazenda que oferece day-use (passaporte para um dia), fazendo um bate-e-volta. Seria difícil, possivelmente, conseguir uma cortesia pois esta data está quase que exatamente no meio da alta temporada de meio de ano, época em que a região lota de europeus por ser verão e época de férias no velho continente, porém, com o pedido da própria gerente, a cortesia foi liberada e estava tudo certo para minha primeira ida ao Pantanal, na Fazenda San Francisco.

Por estar localizada a 160km de Bonito, a saída foi marcada para 05h. A viagem foi tranquila. Estrada boa, apesar de ser apenas uma faixa indo e uma voltando. Fizemos uma pequena parada para tomar café da manhã em um posto de gasolina na entrada da cidade de Miranda, onde a fazenda está. 15 ou 20 minutos depois, voltamos para a estrada. Chegamos na fazenda por volta das 7:30 e fomos fazer o "check-in" para sabermos em qual grupo estaríamos inclusos. Enquanto aguardava a saída para o passeio, passei algum tempo andando pelo receptivo para conhecer o local. Por volta das 8:15, meu grupo foi chamado e me encaminhei para o ponto de encontro marcado pelo guia. O primeiro passeio, pela manhã, seria um safári em carro aberto terminando com uma pequena trilha e volta em safári novamente. A Fazenda São Francisco não vive apenas de turismo, como 99% das fazendas turísticas no Pantanal. Lá também tem gado, porém acredito que seja apenas para uso na própria fazenda e plantação de arroz, esta sim grande atividade para venda. Para chegarmos ao local de início da trilha, passamos por toda a extensão do "arrozal", onde vimos vários pássaros, inclusive alguns Tuiuius (ave símbolo do Pantanal por ser a maior, podendo chegar a quase 2m de altura), alguns veados-pantaneiros e muitas capivaras. Infelizmente não tenho fotos em qualidade aceitável desta parte do passeio, porém não teve muita coisa de interessante ou emocionante. Vi poucos animais e paisagens atraentes. Só o que vi foram campos de plantação de arroz e bombas que retiram água do rio que passa na propriedade para irrigar os campos. Eu não dou sorte para ver grandes animais!

Após voltarmos ao receptivo, estava na hora de dar um mergulho na piscina enquanto aguardava o horário do almoço. Não estava tão quente, afinal estávamos em julho, mas foi legal para passar o tempo. Na hora do almoço, aquela comida de fazenda deliciosa, com sobremesa não menos agradável. Após o almoço, procurei uma rede para descansar, mas já estavam ocupadas. Depois de algum tempo alguém levantou e pude ir deitar um pouco, mas logo fui chamado para a segunda parte do passeio.

Pegamos o carro novamente, porém fomos no sentido contrário ao que fomos pela manhã. Partimos em direção ao Corixo São Domingos para uma volta de Chalana. Para quem não sabe, "corixo" é um braço de rio ou ligação de um rio maior com uma lagoa ou rio intermitente (rio que aparece apenas em época de cheia/chuvas). Preciso dizer que esta segunda parte foi bem mais interessante do que a primeira. Lógico que eu gosto de água e isso influencia muito, mesmo não tendo sido possível dar um mergulho devido à presença de cobras, piranhas, jacarés e outros animaizinhos pouco amigáveis, mas realmente foi mais interessante; além de ter entrado numa chalana pela primeira vez, mesmo tendo sido uma chalana "turística", havia muito mais pássaros em quantidade e variedade, a vegetação era preservada (não era um desmatado para plantio) e também tivemos oportunidade de pescar piranhas esportivamente. Tinha tanta gente, que eu não consegui pegar nada. Mas eu sou um péssimo pescador, então não acredito que mudaria muita coisa se tivesse pouca gente... Na volta, após a pescaria, o guia do barco "pescou" alguns gaviões e jacarés. Ficou muito claro que os animais já estão acostumados a receber comida grátis, principalmente quando um jacaré veio nadando em direção da chalana quando ainda estávamos a uns 500m de distância dele. Isso é algo que os turistas adoram, mas pode ser prejudicial aos animais que param de caçar para receber comida "na boca". Abaixo seguem dois vídeos de gaviões "caçando" peixes oferecidos pelo guia. O primeiro eu não consegui pegar o gavião capturando o peixe, mas fica o registro mesmo assim.




Ao voltarmos para o receptivo, foi servido um caldo de piranha feito na fazenda. Não sou muito fã de sopas e/ou caldos, mas estava gostoso e provei. É preciso viver as experiências desta vida.

A Fazenda San Francisco é um local que me pareceu muito "fake" (não verdadeiro, não original, muito produzido e montado). Para quem estiver em Bonito e quer apenas dizer que conheceu o Pantanal, este é o local ideal: é a fazenda mais próxima de Bonito e possui o day-use, onde você vai de manhã e volta no final da tarde. Com certeza a data que eu fui influenciou no meu ânimo e pode ter influenciado também nas minhas impressões, mas me faltou um pouco a imprevisibilidade da selva, da mata, do Pantanal, além de ter muito pouca mata virgem. Foi minha primeira ida ao Pantanal, mas ainda não sentia que havia conhecido esta região maravilhosa. Ainda iria conhecer.

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