Saída marcada para 7:30 da manhã, lá estava eu, com câmera subaquática emprestada e empolgação. Não só porque iria tomar banho de cachoeira, mas também porque haviam me falado e mostrado coisas sobre uma das cachoeiras, o Buraco do Macaco - vou falar mais pra frente - e também porque seria a primeira vez em minha vida que faria rapel (consegui cortesia pro rapel também, yay!!!).
A viagem foi tranquila, estrada boa mesmo após sairmos do asfalto. Chegamos no receptivo do atrativo e recebi uma plaquinha indicando o grupo que eu iria fazer parte junto da orientação para o local de treinamento do rapel. Uma plataforma de uns 8 ou 10m de altura onde foram passados os procedimentos para chegar na hora já sabendo o que fazer e poder apreciar melhor a descida.
Entrada do atrativo
Após o treinamento, pude aproveitar o tempo restante para a saída comendo o delicioso café da manhã servido no restaurante. Mini chipas, queijo, manteiga e requeijão feitos na fazenda com leite tirado do gado próprio, leite (óbvio), bolo, pão caseiro, pão de queijo... Tudo feito lá e tudo maravilhoso.
Depois de abastecer o bucho, fomos chamados pelo guia. Nos dirigimos ao início da trilha de camionete onde o guia passou as instruções e informações, como de costume. Iniciamos indo todos até a plataforma do rapel, onde tínhamos uma vista espetacular do vale do Rio Salobra, onde os rios das nascentes que formam as cachoeiras deságuam. Como só eu e mais uma pessoa do grupo iríamos fazer o rapel, o restante do grupo se dirigiu até a escada para iniciar a descida dos 886 degraus, se não me engano. São quase 900, sei que é degrau pra caramba!!!
Visão do vale da plataforma de rapel
Enquanto eles desciam pela escada, eu e o meu companheiro descíamos pela corda do maior rapel de plataforma do Brasil. São 90m de descida livre. Quando estávamos prontos para descer, com todo o equipamento posto em pé sobre a portinhola por onde iríamos descer, que estava fechada até então, estava tudo tranquilo. Quando o guia abriu a portinhola que eu olhei pra baixo e vi o abismo, senti um frio na barriga súbito, com um misto de empolgação e medo (mais medo do que empolgação). Porém, quando "sentei" na cadeirinha (as cordas formam meio que um apoio para sentar), que a minha visão se dava pra frente e eu via todo o vale e o derredor, o medo foi embora e eu simplesmente apreciei a descida que durou cerca de 8 minutos.
Eu e meu companheiro de descida
Quando chegamos ao final da descida, ainda havia metade da escada para descer. O grupo já havia passado por ali, então fomos ao seu encontro. Paramos em um dos vários pontos de descanso/mirante onde o grupo estava. A escada pode tanto ser subida quanto descida. Quando tem gente agendada para fazer o rapel, o grupo desce a escada. Quando não tem ninguém agendado pro rapel, apenas pra trilha, depende da sorte de começar o passeio descendo ou subindo quase 900 degraus, sendo que a subida é após 5h de caminhada... As duas vezes que fiz o passeio eu dei sorte e desci a escada. Porém, na segunda, não teve rapel, foi a escada toda mesmo. Neste ponto de descanso, o guia tirou a foto "clichê", mas divertida, e eu entrei na brincadeira.
Vista de baixo da plataforma de rapel com a cachoeira à esquerda
Foto clichê do passeio
Quando o grupo começa o passeio descendo a escada, a primeira cachoeira é logo a que dá nome ao passeio e à fazenda: a Boca da onça. Maior cachoeira do estado do Mato Grosso do Sul com 152m de queda, se não estiver enganado. Mas acho que é isso mesmo. Apesar de parecer ser artificial, é bonita e tem um poço, que também parece artificial, bem gostoso pra banho.
A cachoeira Boca da Onça. Em tempo de seca da pra ver melhor a formação que lembra uma cara de onça atrás da cachoeira
Tomando banho no poço
Dali, voltamos pra trilha e seguimos para mais uma parada para banho, desta vez numa prainha no rio Salobra. Água bem verde, quase esmeralda, geladinha para refrescar da caminhada e com uma profundidade razoável para aproveitar e nadar mais solto, com uma visão da cachoeira Boca da Onça de outro ângulo.
O ponto do rio para banho
Visitantes enfeitaram minha mochila na parada da prainha
Seguimos então a trilha a caminho das cachoeiras seguintes. Não lembro o nome de todas, até porque apenas 3 cachoeiras possuem paradas para banho, as outras 4 são apenas para contemplação, mas a seguinte só não é a melhor porque tinha a Buraco do Macaco ainda mais pra frente. A Poço da Lontra é uma cachoeira pequena, com aproximadamente 3m de queda, se é que chega a tudo isso, mas tem um poço sensacional para tomar banho. Começa bem rasinho até que chega a ter uns 4m de profundidade e o poço se estende até uma reentrancia após a queda. Lugar bom para mergulhar, saltar das pedras e tomar uma massagem. Só não é 100% graças aos peixes pequenos, tipo lambari, que ficam beliscando nossa pele. Principalmente a mim, que tenho muitas pintas e eles acham que é comida.
Poço da lontra
Não seguindo a ordem exata das cachoeiras, deixarei a Buraco do Macaco pro final. As seguintes cachoeiras são apenas para contemplação. Seja por preservação das trufas calcarias (que eu explico o que são aqui: https://pedaladordehistorias.blogspot.com/2019/09/serie-atrativos-de-bonito-e-regiao.html?m=0 ), seja por medidas de segurança dos visitantes.
Duas das cachoeiras para contemplação que não me lembro os nomes.
Para chegar, enfim, à Buraco do Macaco, é preciso encarar outra escada, porém desta vez com aproximadamente 200 degraus "apenas". Chegando na Buraco do Macaco, a cereja do bolo, primeiro nos dirigimos a uma visão de cima da cachoeira. Podemos ver o rio descendo até chegar ao buraco. Mas afinal, o que é a Buraco do Macaco??? Ela é uma cachoeira que cai dentro de uma gruta, com uma abertura circular no topo. De cima, onde estávamos, podíamos ver tanto o rio, quanto dentro da caverna. Uma visão linda que só iria melhorar.
Vista de cima da cachoeira
Depois de ficarmos ali algum tempo, aguçando a expectativa e esperando o grupo anterior sair, nos dirigimos até a entrada da caverna, que se dá pelo leito do rio. Foi colocada uma corda guia presa dentro da caverna e esticada até o deck para auxiliar a entrada de quem não tem tanta destreza na água. A abertura é um vão de mais ou menos 1m de altura até o nível da água (lembrando que nesta época havia chovido bastante e os rios estavam bem cheios) com um teto rochoso que se estende por uns 2m até chegarmos ao "salão redondo" da caverna, com o buraco circunférico no teto e a água caindo sem parar ali dentro. É, definitivamente, o ponto alto do passeio e, graças a este lugar exclusivamente, que é, na minha opinião, o melhor passeio de cachoeiras da região de Bonito. A sensação é de estar em outro mundo. Dentro da caverna a profundidade é de uns 3 ou 4m. Apenas nas paredes que é possível se apoiar nas pedras e somente em um ponto que dá pra sentar nas pedras e em outro que dá para ficar em pé. Fora isso, não dá pé em lugar nenhum. Mas isso não impede que seja espetacular e nem de tomar uma massagem da cachoeira, que cai no meio da gruta.
Entrada da caverna
Que lugar!!!
Infelizmente, o guia pediu que saíssemos dali e fossemos embora. Eu poderia morar ali naquela caverna facilmente. O consolo foi que um almoço de fazenda nos esperava e, após 5h de caminhada e muita braçada e mergulho (tem um ponto de apoio com uma lanchonete com coisas pra comer e/ou beber) a fome era grande, e o almoço é incluso no passeio, bem como o café da manhã que mencionei no começo. Devorei aquela comida maravilhosa e parti pra sobremesa. Depois disso, relaxei nas cadeiras esperando a hora de partir. Não aproveitei a piscina com água (canalizada) de nascente nem o redario que tem no receptivo, mas não fizeram falta nenhuma. Já estava bom demais para um dia só. Agora eu só queria dormir.
Maravilhoso
ResponderExcluirLucas meu querido! Quanta saudade eu sinto de você. a Nally esta chegando em novembro e perguntou por ti.
ResponderExcluirTamojunto na escolha da @bocadaonça #melhorpasseiodebonito.Volteaquihomem....kkkk