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quinta-feira, 16 de maio de 2024

Voltando a Rondonópolis e indo embora

(Continuação do relato escrito em 14/09/2020). Sexta, 14. Parei no posto novamente para comer minha marmita e, como eu suspeitava, não estava boa. Na mesma hora, eu vi outro cicloviajante pedindo marmita e fiz o mesmo. Já comecei a conversar com ele, enquanto esperava pela comida. Um "piá" curitibano, pregador da palavra de Deus, amante das mulheres, profeta da cannabis, vendedor de artesanato de pedras e cristais e que viaja numa bicicleta infantil (tudo isso em palavras dele). Se acham que eu sou corajoso, imaginem ele! Ele estava indo a MG pegar mais pedras para fazer seu artesanato. Ficamos conversando mais algum tempo, até que ele foi embora, pois iria a uma bicicletaria comprar pneus novos com o dinheiro que ganhou de um caminhoneiro. Eu ainda fiquei ali por, mais ou menos, uma hora, na preguiça e no wi-fi, esperando o sol baixar um pouco mais.

Novamente, eu tinha deixado algumas coisas na casa do Junior, mas não achei que seria legal eu dormir lá de novo, já tinha ficado muito tempo lá, então fui ver se achava algum hotel mais barato. O primeiro que vi era R$70,00, o café da manhã era só pão e bolacha e ainda estava sem vagas, para meu benefício. A mulher me indicou outros dois ali perto. Em um, era R$40,00, mas o café da manhã era só café, literalmente. No outro, era R$45,00, com café legal, tendo bolo, suco, fruta, pão, torrada, dois recheios quentes e dois frios para colocar no pão, mas não tinha o quarto de R$45,00, somente de R$60,00 e R$70,00. O de R$45,00 era com banheiro fora, enquanto os outros dois eram suítes, sendo o mais barato com ventilador e o mais caro com ar-condicionado. Como não tinha do mais barato, ele fez a suíte com ventilador por R$50,00 e foi ali mesmo que fiquei. Porém, na hora de ir ao quarto, ele não estava limpo. Então, o dono me colocou num com ar-condicionado. Bom, né? Nem tanto assim... O ar estava quebrado. Mas, tudo bem! Minha rinite não permite mesmo usar o ar.

De noite, fui buscar minhas coisas na casa do Junior e ele já tava falando como se eu fosse dormir lá. Aí eu falei que não ia e ele ficou surpreso. Fomos comer um espetinho e conversar. Ele me explicou o caminho certo para chegar à cachoeira, mas disse que eu era muito corajoso de entrar ali sozinho, pois o motivo do local ter virado reserva, é justamente por causa das onças, para elas viverem lá, protegidas. No final, não vi nenhuma. Nem cachoeira. Ele disse também que sempre tem grupo de ciclistas indo lá, mas ninguém vai sozinho. Depois de comermos, nos despedimos e voltei ao hotel.

(Relato escrito em 18/09/2020) Na terça, 15, tirei o dia para descansar. Falei com o dono do hotel que iria ficar mais uma noite e ele pediu pra eu mudar para o quarto com ventilador pelo preço que ele tinha falado, que foi até melhor, pois era ventilador de teto e não faz tanto mal à minha rinite. A única coisa que fez mal, foi a porta do banheiro, que está meio gasta na parte de baixo. Eu bati o pé à noite e a madeira pegou entre os dedos, fazendo um corte entre o menor e o do lado - porque os dedos dos pés não tem nome igual aos das mãos? -, mas só saiu um pouco de sangue e doeu muito. Na parte da tarde, andei um pouco ali por perto. Fui ao "shopping", que, na verdade, é um "camelódromo", ou lugar dos camelôs. Procurei uma capa para meu celular, mas ele é velho e ninguém liga mais para ele, com exceção das empresas de telemarketing e presidiários de São Paulo. Ali ao lado, tem um parque grande, às margens do Rio Vermelho. O parque estava meio fechado, meio aberto e deserto, exceto por alguns homens que lá dormiam, o pessoal da limpeza e uma mulher que pescava, enquanto seu filho brincava. Eu deveria ter levado a câmera.

Quarta, 16. Teve uma pessoa em Rondonópolis, que me indicou ir ao distrito São Lourenço de Fátima (Ou Fátima de São Lourenço, ouvi as duas formas), antes de Juscimeira, dizendo haver cachoeiras bonitas por lá. Como fazer um desvio nunca foi um problema para mim, resolvi ir. Saí do hotel por volta das 9h. Quando era 10h30, mais ou menos, eu tinha pedalado apenas 10km e parei num posto de gasolina na beira da estrada. Estava pensando em dormir ali e ir embora no dia seguinte. Tinha uma lavanderia nos fundos do posto e eu já estava no meu último shorts limpo. Deixei as roupas lá e fui tomar um banho, mas a água estava super quente por causa do sol. Fiquei usando o wi-fi até a fome estar grande. Depois do almoço, descansei mais um pouco e resolvi pegar minhas roupas, que já estavam secas, graças ao sol do MT, e ir embora. Saí do posto às 15h50 para os 30km finais. Como eu imaginei, não tinha muitas subidas grandes ou longas e consegui chegar no começo da noite, às 18h. É um distrito bem pequeno, pessoal vive de pesca e de trabalho nas fazendas. Perguntei para um pessoal, no único comércio que vi ainda aberto, onde daria para acampar e me falaram de uma pousada nas margens do Rio São Lourenço. A dona do local me disse que lá não tem área de camping, mas que eu poderia armar a barraca em algum lugar na grama, contanto que desarmasse de manhã e iria me cobrar apenas uma taxa de R$15,00, com café da manhã incluso!!! Aceitei, comi, tomei um banho e já fui deitar pouco antes das 20h, que o cansaço era grande.

Continua no próximo post.

892km pedalados entre cidades.

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