O post de hoje vai ser feito todo de memória, sem relato escrito no caderninho.
O ano de 2020, aliás, foi horrível para todo mundo. Como falei no post anterior, voltei para o MT e passei algumas dificuldades financeiras nos primeiros meses, que se agravaram pela pandemia de Covid-19, que fez com que a escola fechasse as portas por um mês e meio, me deixando um mês e meio sem receber salário. Em algum dia do mês de abril, resolvi que, já que era pra ficar isolado, seria melhor ficar isolado em uma cachoeira. Decidi, então, ir conhecer a Cachoeira do Lucas e ficar uns dias acampado lá. Ela fica na cidade vizinha, Poxoréu, mas também possui acesso por Primavera do Leste, seguindo a estrada que leva a Barra do Garças e virando ao sul após 19km. Preparei comidas, carreguei a barraca na Frankenstina e parti. Saí de manhã, por volta das 8h, para um percurso de 52km. Tudo estava indo bem nos primeiros 25km, mais ou menos, até que tudo começou a dar errado. Fiquei uma hora rodando em meio a lavouras, com o GPS não encontrando o caminho certo, até que cheguei a uma casa e pedi direções. A mulher que lá estava, me disse que eu deveria ter virado à direita numa mangueira - mal sabia ela que eu não fazia a menor ideia de como era uma mangueira e nem placa tinha - e que ainda faltavam uns 30km, aproximadamente. Quando cheguei na tal mangueira, sentei para almoçar, pois já era quase 13h. Ali, resolvi voltar, pois não iria conseguir aproveitar direito por já estar um pouco tarde e faltar muita coisa ainda para chegar. Eu sabia, também, que havia um trecho de muita areia, que iria atrasar ainda mais. Comecei, então, minha volta para casa. Tentei visitar um balneário que tinha no caminho, mas estava fechado pela quarentena. Se isso já não era fracasso suficiente, quando eu já tinha voltado para o asfalto e pedalado uns 10km, furou o pneu e eu não tinha levado nenhuma câmara reserva, pois pensei que, se em dois anos viajando, só tinha furado duas vezes, não seria agora que iria furar. Pois bem, furou. Empurrei a bike até o primeiro lugar que encontrei - que foi uns 2km pra frente - e liguei para o dono da escola pedindo ajuda. Ele me resgatou com seu carro, que cabia a Frankenstina, e me levou de volta para casa. Remendei a câmara furada e fui até uma bicicletaria comprar outra, para deixar a remendada de reserva, pois eu iria de novo em 2 dias.
Um pedaço de Pantanal no meio do Cerrado. Um alagado na beira da estrada. Um pouco antes deste lugar, tinha um carro parado na beira da estrada, com alguns índios fazendo não sei o quê, que me cumprimentaram quando passei. Devolvi o cumprimento, mas não parei de pedalar
Na minha segunda tentativa de ir à cachoeira, saí mais cedo, já sabendo uma parte do caminho - pelo menos até certo ponto eu não iria me perder -, com câmara reserva e mais comida. Em resumo, mais preparado. Após 5km pedalados, o pneu, que estava com a câmara nova, que havia acabado de comprar e colocar, começou a murchar. Parei, enchi e segui. Um minuto depois, murchou de novo. Não tinha furo algum. Estava vazando pelo bico!!! Troquei pela reserva e continuei. 2km depois, o pneu furou. Ali eu me enchi e voltei pra casa. Com o pneu furado e tudo. Pedalava, murchava, parava, enchia, pedalava, murchava, parava, enchia, pedalava... Ali eu decidi que só iria conhecer a cachoeira se alguém me levasse de carro. Tanto porque conhecia o caminho, como porque a probabilidade de acontecer alguma coisa era menor, bem como o tempo de deslocamento e esforço também seriam menores.
Um dos motivos que me levou a parar em Primavera do Leste, foi a Lagoa Encantada, ou Lagoa Azul, ou Lagoa Mágica, sei lá o nome. É uma lagoa que fica a 33km da cidade, no território de uma fazenda agrícola, ao lado do Rio das Mortes, com uma ligação a ele, inclusive, porém, mantendo sua água cristalina. É uma lagoa que ficou relativamente conhecida algum tempo atrás e me foi indicada mais de uma vez. Porém, nunca a visitei. Não achava, e ainda não acho, que o valor de R$100,00 (na época) era justo para visitar o local, sendo que o valor era para apenas isso: visitar o local. Não tem nenhuma infraestrutura, não tem guia, não tem nenhum outro "benefício" que justifique cobrar este valor. Algum tempo depois, fiquei sabendo que existiam outras lagoas mais baratas, ou até gratuitas - contanto que se conhecesse o dono -, mas, infelizmente, também não as conheci. Por serem menos conhecidas, não há placas de indicação de caminho e poucas pessoas sabiam da existência delas e, quem sabia, não sabia - ou não queria - explicar, sem contar as que não são abertas para visitação. Uma delas, a Lagoa da Lua, até tem um pouco de turismo, mas muito pouco mesmo. Leva esse nome, pois dizem ser perfeita para ir em noite de lua cheia, mas, infelizmente, também não a visitei. Fiquei sabendo também de um cachoeira pequena, mas, assim como as lagoas, é pouco conhecida e ninguém soube me explicar como chegar. Além de ser distante aproximadamente 70km.
Pra terminar o post, deixo algumas fotos que tirei da kitnet onde morava.
Não é só calor que tem no Mato Grosso. Mas isso não quer dizer que tenha feito frio pesado. Neste dia, a temperatura estava por volta dos 12º
Esta não foi tirada da kitnet, mas foi no mesmo dia, a caminho do trabalho
Periquito-rei (Eupsittula aurea. Obrigado wikiaves.com.br) se alimentando de uma deliciosa acerola
No mesmo momento que tirei a foto do Periquito-rei, o céu me encantou
Pardal (Passer domesticus. Obrigado wikiaves.com.br) no telhado da kitnet
Fim de tarde no cerrado
Minha primeira lua cheia com uma câmera capaz de capturá-la
Azar pouco é bobagem em Teacher....
ResponderExcluirVocê deu um título muito melhor do que o meu ao post. hahahaha
ExcluirNão sei se foi resiliência ou teimosia mas sem dúvida bastante determinado nesse passeio heim 👏🏼👏🏼👏🏼😎 parece que quanto mais a gente le esse blog mais da pra ouvir sua voz narrando a história, acho massa. #franquestinaguerreira
ResponderExcluirUm pouco dos dois, talvez.
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