Sol iluminando o Pantanal, espantando o frio
Viemos conversando bastante na volta e combinando o que fazer nos dias livres que eles ainda teriam na capital sul-matogrossense, antes de irem embora. Marcamos de fazer um city tour, tomar banho numa cachoeira próxima da cidade (provando que tem sim coisas pra fazer em Campo Grande) e tomar um tereré no hostel à noite. Mas a viagem ainda nos reservava uma surpresa. Num dado momento, passando por um dos vários campos abertos existentes pelo caminho, o nosso motorista avistou uma criatura solitária caçando comida e perguntou se gostaríamos que parasse o carro para aproximarmo-nos, e a resposta foi positiva. Lá estava um belo Tamanduá Bandeira, animal que eu já falei, em um post passado, que desperta excitação nos europeus, e não foi diferente desta vez. A minha amiga Helena ficou no carro junto do motorista, enquanto eu, junto com os poloneses, fui atrás do comedor de formiga, que é literalmente o nome dele em inglês - Anteater. Era um terreno um pouco acidentado, não exatamente plano, e eu estava de chinelo, o que dificultava um pouco minha locomoção, mas fomos mesmo assim. O casal um pouco atrás, nos aproximávamos passo a passo. Minha vontade era de chegar perto o suficiente para, quem sabe, passar a mão nele. Como não sabia se iria conseguir, fui tirando algumas fotos pelo caminho. Consegui chegar até uma distância de 3 ou 5 metros, quando ele percebeu minha presença, ou pelo olfato (afinal ele é metade nariz) ou pela audição; seja como for, ele parou de caçar e levantou a cabeça, como quem presta atenção, fazendo com que eu parasse ao mesmo tempo, pois não queria assustá-lo. Um fato importante é que eles são praticamente cegos, então não tenho certeza se ele me viu, apesar de se voltar para mim. Ficou alguns segundos parado, até que baixou a cabeça e deu uma acelerada no sentido contrário ao meu, como quem mostra que não quer papo e que está ciente da presença, e foi embora.
Foto tirada pelo meu amigo polonês com sua super ultra mega hiper blaster camera
O mais perto que cheguei dele
Quando ele se virou e partiu, resolvemos fazer o mesmo e voltar ao carro, que estava a uma certa distância, uns 80 ou 100m. Quando chegamos no carro, a minha amiga me falou que achou que eu iria morrer, e eu perguntei, rindo, o que ela queria dizer com isso: ela me contou, então, sobre o risco que eu corri sem saber. Aparentemente, o Tamanduá Bandeira é um animal extremamente perigoso, que, quando se sente ameaçado, fica em pé com as patas dianteiras abertas; patas estas que possuem garras grandes e afiadas, e quando atacado, "abraça" o predador, fincando suas garras em suas costas. É daí que vem o termo "morrer abraçado", pois ele consegue matar uma onça desta forma. Depois deste choque de realidade de um garoto urbano que não fazia ideia do risco que corria, retomamos nossa viagem de volta.
Chegamos em CG sem maiores sustos, com exceção do já relatado acima. O casal foi para o hotel onde estavam com reserva feita e nós voltamos para o hostel, depois de combinarmos como seria o dia seguinte. O plano (ai, os planos...) era nos encontrarmos de manhã para conhecerem a parte central da cidade, um pouco de sua história, irmos ao mercadão onde eles queriam comprar algumas coisas, almoçarmos e irmos à tarde tomar banho de cachoeira e vermos o pôr do sol no Morro do Ernesto. Combinamos com um motorista para nos acompanhar durante o dia nos passeios e deixamos tudo preparado.
No dia seguinte, o motorista passou no hostel e me pegou para irmos ao hotel deles começarmos nossa turistada pela cidade. Nossa primeira parada foi o camelô e em seguida o mercadão, que fica atrás do camelô. Compraram algumas especiarias regionais e brasileiras para levar para a Polônia, como café, erva pra tereré, alguns presentinhos e outras coisas que não me lembro agora. Provaram pastel com caldo de cana, como bons brasileiros. Andamos mais um pouco por ali e fomos para a cachoeira Ceuzinho.
A aproximadamente 17km do centro, são 3 cachoeiras, se não me engano, pois não fomos em todas. Pelo que me disseram, a terceira tem uns 15m de altura, mas paramos na segunda. A primeira é a mais lotada e, consequentemente e infelizmente, a mais suja. Muitas pessoas vão até lá para fazer churrasco, beber e usar drogas. Eu e o meu amigo Bozydar cortamos nosso pé dentro do rio, por causa de vidro ou lata jogados. Porém, isso não impediu que nos refrescássemos e nos divertíssemos, principalmente na segunda cachoeira, que tem menos gente e a queda dágua acontece na pedra, permitindo ficar sentado recebendo massagem da água que cai sem parar. Também descemos escorregando, pois do lado esquerdo da queda, a pedra tem desnível em direção ao leito do rio e curtimos nosso "toboágua natural".
Segunda queda, com o "escorregador" do lado esquerdo
Uma das minhas descidas "radicais"
No final da tarde, pegamos o carro novamente e fomos em direção ao morro do Ernesto, que dizem possuir o por do sol mais bonito da cidade, a mais ou menos 5km dali, porém, chegamos lá e estava fechado. Descobrimos, da pior forma, que a entrada só é permitida aos finais de semana, e tivemos de voltar para trás (ai, os planos...). O que tínhamos a fazer então era voltar para o hostel para nossa roda de tereré e bate papo, e foi o que fizemos. No dia seguinte eles já iriam embora logo cedo, então nos despedimos após terem me feito o convite de visitá-los na Polônia. Quem sabe um dia, não?
Que aventura legal .
ResponderExcluirDepois que deu tudo certo, sim. Hahaha
ExcluirSempre bom compartilhar histórias! Viajar e viajar por palavras é a forma inspiradora de despertar no leitor, a vontade de ir. Parabéns pelos relatos!
ResponderExcluirObrigado Susi.
ExcluirVisite o meu blog, Lucas!
ResponderExcluirwww.clicandoeconversando.blogspot.com.br